7 de setembro de 2024

Meio ambiente: uma questão de verdade e de amor

O negacionismo sempre existiu na trajetória da Humanidade. Um dos exemplos notáveis que aprendemos nas aulas de História é o de Galileu Galilei, que comprovou cientificamente que a Terra gira em torno do Sol e não o contrário, como até então se acreditava. Uma descoberta científica que ninguém contesta nos dias atuais, mas que na época, sob acusação de charlatanismo e de heresia, quase custou a vida do sábio, que precisou se retratar de algo que sabia ser verdade, para não ser condenado à morte numa fogueira.

Há inúmeros outros casos famosos de negacionismo, o fenômento de negar uma verdade por conta de um pressuposto dogmático, ideológico, moral ou religioso. E que possui uma relação intrínseca com o fanatismo, que coloca crenças pré existentes acima das evidências, do bom senso e da própria verdade. No caso, lembro do ensinamento de Ariano Suassuna: “o fanatismo e a inteligência nunca moram na mesma casa”. Dessa forma, é simples deduzir que negacionistas fanáticos são também ignorantes.

Mas esta ignorância, no caso do meio ambiente, cobra um alto preço das pessoas e outros seres vivos que habitam no planeta Terra, principalmente por conta das mudanças climáticas, cada vez mais exacerbadas pela enorme emissão na atmosfera terrestre, de gases de efeito estufa, carbono e metano. Este processo, que influencia o aquecimento global, é responsável pelo aumento do número e da intensidade dos chamados “eventos extremos”, como secas, enchentes, tempestades, tornados e outros episódios em que a chamada “mão dos homens” tem sido responsável pelas respostas duras com que a Natureza reage às agressões.

A tragédia que ocorreu no Rio Grande do Sul, a mais ampla calamidade socioambiental ocorrida na História do Brasil, demonstra o quanto o negacionismo é usado como instrumento auxiliar daqueles que se posicionam contra as medidas de proteção ambiental. No entanto, nem sempre os agressores da Natureza são negacionistas, muitas vezes são egoístas, que preferem os lucros imediatos, sem ter a preocupação com as consequências de ações mal-planejadas e/ou mal-executada, no médio e no longo prazo. Imprevidentes.

Sem o fanatismo reverso de buscar a intocabilidade do meio ambiente, o que além de impossível não é condizente com a sobrevivência da espécie humana, precisamos de fato uma mudança profunda, afirmativa de novos modelos de gestão da economia, com a ciência, com a ética e a política se associando como fatores de transformação comportamental em todas as nações do mundo, principalmente nas maiores potências econômicas e demográficas. Dentre elas, o Brasil.

O Brasil e a Amazônia, o país e a região que representa a maior porção do território nacional, podem ser referências globais de mudanças voltadas para a sustentabilidade. Temos sim a probabilidade de alcançar o patamar de uma verdadeira “potência verde”, investindo intensivamente em tecnologias voltadas para a sustentabilidade e adotando os devidos cuidados para produzir e consumir alimentos e outro bens, sem provocar a destruição dos recursos naturais.

Podemos escolher a solidariedade com nossos filhos, netos e outros descendentes ou prosseguir na direção de desastres ambientais que inviabilizem as vidas e os sonhos de dezenas de milhões de pessoas. Se buscarmos o sentido de amor que Jesus nos ensina, vamos conseguir prevenir e evitar o pior. Caso contrário, se continuarmos contaminados pela ignorância do fanatismo negacionista e pela ganância do lucro a qualquer preço, o futuro da Humanidade deverá ser calamitoso.

O que você escolhe? Eu prefiro acreditar no lado bom das pessoas. Na sua capacidade de amar hoje para nos proteger hoje e também às gerações futuras.

Luiz Castro

Advogado, professor e consultor

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