7 de setembro de 2024

MUDANÇAS SÃO NECESSÁRIAS

No período que muitos chamam de “ditadura militar”, falam sobre ele repetindo o que ouvem e que muitas vezes não corresponde à verdade. Sabe-se que a história é escrita pelos vencedores, que, no caso do Brasil, não ficou bem definido quem são.  O retorno de um militar afastado ao poder, em 2018, com uma maciça votação democrática, corrobora o que afirmamos.  João Batista de Oliveira Figueiredo, último mandatário nos 21 anos de governo militar, era avesso a falas. Nomeado pelo seu antecessor, não fez um único discurso antes da posse. Com frases, por vezes desastradas, outras vezes mais contundentes que do atual presidente, como por exemplo: “Eu vou fazer desse país uma democracia e quem for contra, eu prendo e arrebento.” Ao final do seu mandato, o jornalista Alexandre Garcia lhe perguntou qual o recado que tinha para o povo brasileiro. A resposta veio direta: “Me esqueçam”.

A bem da verdade, devemos dizer que a tomada do poder pelos militares contou com o apoio da população. Nomes de democratas famosos e ferrenhos como Paulo Brossard, Franco Montoro e muitos outros, num primeiro momento apoiaram. Os desmandos eram muito grandes e algo precisava ser feito. Porém, quando a caneta de Humberto de Alencar Castello Branco começou a cassar mandatos de políticos, muitos não aprovaram e mudaram suas posições. As cassações atingiram até o Amazonas, vitimando o líder Gilberto Mestrinho e outros.  O mal é que quando o gosto por medidas arbitrárias toma conta é muito difícil contê-las. Quem hoje apoia as arbitrariedades de alguns ministros do STF deve pensar nisso. Se deixar a corda solta, vai ser muito difícil recolhê-la depois. O que hoje atinge ao outro, pode atingir a mim, amanhã.

O governo militar foi administrado com seriedade, embora a centralização, a não oitiva da voz popular sempre são prejudiciais. Se no primeiro escalão houver seriedade, o mesmo não se estende ao segundo, terceiro e quarto, porque as comunicações ficam truncadas num regime autoritário. Contudo, com a imprensa livre, isso não acontece. Apesar de todo medo que havia, o Jornal Estado de São Paulo denunciou as mordomias do Ministro do Trabalho. Também houve o escândalo do subsídio do adubo, que ficou conhecido como “adubo papel”. Claro que nada era patrocinado por nenhum dos presidentes porque todos morreram com pouquíssimas posses.

O movimento para o fim do governo militar foi criando corpo e culminou na eleição de Tancredo Neves, tendo como vice José Sarney em 1985. Tancredo morreu antes de tomar posse e os governos Sarney e Collor foram tão desastrosos que alguns desejavam a volta dos militares. Foi Fernando Henrique Cardoso que mostrou que um governo democrático podia ser eficiente. 

Hoje o Brasil inteiro parece pedir a continuação do governo Bolsonaro. Os números da economia são bons. A confiança no Brasil está crescendo. Contudo, mesmo que a reeleição tenha seu apoio, sempre tenha presente que a alternância é positiva. Os militares caíram de maduro, O PT caiu de maduro já com sinais de putrefação. O poder nunca deve ser exercido por uma equipe por mais de dois mandatos. Veja o caso de FHC, governo que teve o mérito de estancar a inflação que se arrastava por três governos anteriores e deixou o governo sem receber os méritos que lhe são devidos. Deveria voltar? Mesmo que fosse jovem, não. 

Mais uma vez somos convocados às urnas para exercer nosso direito (que na nossa terra é obrigação) de votar em deputado, senador, governador e presidente. Os ditados populares costumam ser muito sábios. Vamos lembrar daquele que diz que “bananeira que já deu cacho só serve para adubo”? (Luiz Lauschner)

Luiz Lauschner

é empresário

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