23 de novembro de 2024

      Mulheres do Amazonas: A luta continua

Nosso estado e nossa região, devem sua denominação às lendárias guerreiras amazonas. Na verdade, eram as icamiabas, índias guerreiras que enfrentaram e assustaram os invasores espanhóis por sua valentia e habilidade. Para alguns estudiosos, uma lenda, mas para outros elas realmente existiram e, ao invés de cavalos, manejavam seus arcos e flexa em cima de canoas. Não importa tanto se fato ou se mitologia, mas sim que nosso grande Amazonas e nossa grande região, ficaram conhecidos no mundo pela coragem insubmissa de mulheres guerreiras. Esta é uma característica expressiva das mulheres da Amazônia, como em outros lugares do país e do planeta: Lutam brava e generosamente, ainda que nem sempre consigam as vitórias almejadas.  Nesse sentido, penso que nós homens devemos ser solidários.

Acredito que é importante lembrar as lutas passadas e contemporâneas por equidade de gênero. Em Manaus, por exemplo, como comprovam os dados do Censo do IBGE, há diversos bairros da Zona Leste e Norte, cuja maioria das famílias é sustentada por mulheres, tendo muitos homens desprezado seus deveres paternos. No interior do estado, especialmente nas pequenas cidades e comunidades ribeirinhas, os indicadores de saúde das mulheres está longe de acompanhar os avanços alcançados na capital e no restante do país. Isto representa muito sofrimento e alto índice de mortalidade de mulheres por câncer, principalmente o de colo de útero, estando nosso estado com o segundo pior indicador de letalidade por essa moléstia, segundo os dados do Ministério da Saúde.

Considere-se ainda que nosso país se encontra no 94.o lugar de igualdade entre homens e mulheres, de acordo com o ranking do Fórum Econômico Mundial de 2022. No Brasil, as mulheres recebem, em média, segundo dados do IBGE, 75% dos vencimentos dos homens e ocupam diminuto espaço de poder nos altos escalões do Judiciário, do Parlamento e das próprias empresas, principalmente as de médio e grande porte. Para piorar esta lamentável situação, a violência contra elas é imensa. Dados da OMS- Organização Mundial de Saúde – situam o Brasil como quinto país do mundo em feminicídios. E há registros de que a violência sexual já atingiu cerca de 10% das brasileiras!

 Por essas e outras graves injustiças, nesta Semana da Mulher não nos cabe apenas reconhecer e agradecer por tudo que elas já fizeram e fazem por todos nós, a começar de nossas mães, esposas, irmãs e filhas… Mas também ajudar a dar visibilidade e apoio – sempre-  à sua luta por justiça e equidade.

Mulheres do Amazonas, meu reconhecimento e gratidão. E contem com meu apoio sincero nas lutas por igualdade de direitos e enfrentamento da violência de gênero.

Luiz Castro

Advogado, professor e consultor

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