Como acontece todos os anos, depois de uma seca os rios da Amazônia voltam a encher e estas enchentes sempre provocam os desatinos e servem de bandeiras para os aproveitadores. Desta vez, porém, a enchente veio com a pujança dos recordes, disposta a derrotar todas as outras, superando a volúpia com que as águas enfrentam aqueles que dela dependem, direta ou indiretamente.
Os políticos não podem resolver os problemas causados pelas enchentes, principalmente quando elas vêm mais fortes, assim como não se preocupam em tomar as medidas necessárias para dirimir os problemas que certamente acontecerão daqui a um ano. Este ano temos cerca de 40,000 famílias desabrigadas ou mal abrigadas por conta deste nível mais alto da cota dos rios. A produção dos caboclos já está prejudicada naturalmente, além de sofrer com os problemas da navegação fluvial, que por conta do aumento do nível dos rios, tem o aumento das correntezas a provocar maior consumo de combustível dos barcos, que por consequência levam mais tempo para percorrer o mesmo caminho.
No entanto, quando parece que só se vislumbram desgraças nesta terra abençoada do Amazonas, recebemos pesquisa que mostra um AUMENTO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA DO AMAZONAS. O percentual de aumento na produção agrícola do nosso estado, FOI O SEGUNDO MAIOR DO PAÍS, perdendo apenas para o Rio Grande do Sul. Tanta gente nem mesmo sabia que tínhamos uma produção de grãos, como a Soja, o Milho, o Arroz e o Feijão, que puxam esta produção colocando nosso estado neste patamar.
Imagina se por estas plagas houvesse uma política pública voltada para um direcionamento de crescimento da produção do pequeno produtor destas áreas, aproveitando as características típicas da nossa região, como a existência da terra firme e várzea, que podem ser aproveitadas o ano inteiro em regime de rodízio, tornando a produção mais efetiva e mais barata. Este ano perdemos na produção do milho e do feijão, o que diminuiu nossa efetividade de resultados, mesmo assim ficando nosso estado em segundo lugar no Ranking nacional.
O Amazonas mais uma vez, com este resultado da área da produção agrícola, foi na contramão dos resultados nacionais, produzindo diferente do que os outros estados estavam apresentando. Infelizmente muitos insistem em não acreditar no potencial produtivo de nosso estado, principalmente os próprios amazonenses, o que torna mais difícil conseguir atingir patamares mais altos e audaciosos em termos econômicos e, por consequência, patamares de valores sociais.
O aproveitamento das várzeas, com uma produção realizada de maneira técnica e direcionada, além da modernização do nosso sistema de transporte fluvial, com investimentos adequados e decentes na área de infraestrutura portuária, certamente elevaria nosso estado a uma condição de produtor de primeira linha e deixaria os investidores potenciais com a antena ligada em nossa direção.
Precisamos urgentemente rever certos paradigmas, principalmente quando se tenta criar uma redoma burra em relação à nossa floresta, como se a mesma fosse intocável. Produzir sem destruir é uma realidade inquestionável e já provada por vários setores da economia do nosso país, o que mostra que a Amazônia não pode ser vista de maneira diferenciada. A defesa da Amazônia é um ato de inteligência, não impedindo que se faça uso da mesma para a produção de riquezas e a melhoria da condição de vida de seus moradores, sejam eles caboclos ou índios.