Faltando quatro dias para as eleições, nenhum dos sete candidatos à Prefeitura Municipal de Manaus (PMM) apresentou Proposta de Governo Sólida para enfrentar os cinco principais problemas ambientais da cidade. Apesar da gravidade do tema, a maioria das propostas foi Insuficiente, com apenas um candidato alcançando nota Mediana.
No último artigo (https://tinyurl.com/yc4rw52w), iniciou-se a avaliação das propostas de governo dos candidatos à PMM, com foco em propostas para enfrentar os cinco principais problemas ambientais da cidade: o aumento da poluição dos igarapés e rios (78%), o acúmulo de lixo nas ruas (61%), arborização urbana insuficiente (49%), aumento da poluição do ar, incluindo mau cheiro (40%), e o aumento do congestionamento no trânsito (40%). A análise comparou as propostas com 40 quesitos, que representam as práticas adotadas pelos gestores das melhores cidades inteligentes e/ou sustentáveis do mundo, como Amsterdã, Cingapura, Nova Iorque, Londres dentre outras (da Silva JG, 2023; https://doi.org/10.7717/peerj-cs.1694).
Foi feita uma análise imparcial e objetiva, dando uma nota de 0 a 4 para as propostas dos candidatos que estivessem próximas a cada um dos 40 quesitos, onde 0 indica “Inexistente”, 1 significa “Ruim, superficial ou sem credibilidade”, 2 “Regular, sem capacidade de gerar grandes mudanças”, 3 “Bom, com potencial de gerar mudanças significativas” e 4 representa “Excelente, com potencial de revolucionar positivamente a cidade”. Depois, calculou-se a Pontuação Final (PF) pela soma dos de todos os pontos, classificando cada proposta de Governo em um dos três grupos: Grupo 1: Proposta Insuficiente com PF menor ou igual a 80 pontos (usando nota 2 x 40 quesitos). Plano de governo para o Meio Ambiente é praticamente inexistente ou ineficaz para gerar mudanças significativas na cidade de Manaus. Grupo 2: Proposta Mediana com PF entre 81 (2 x 40+1) e 120 pontos (3×40). Embora existam elementos que podem trazer melhorias, eles são insuficientes para promover transformações significativas a longo prazo. Grupo 3: Proposta de Governo sólida com PF entre 121 (3×40+1) e 160 pontos (4×40). Há ações robustas, detalhadas que demonstram grande potencial para revolucionar positivamente a cidade em termos ambientais.
Para a análise geral foram criados os seguintes indicadores: Número de páginas da proposta de Governo (NPPG), Número de páginas dedicadas com propostas para o Meio Ambiente (NPPMA), Número de quesitos sem nenhuma proposta feita pelo candidato (NQSNP), Número de quesitos com propostas consideradas “Ruins”, superficiais ou sem credibilidade (NQPRu), Número de quesitos cujas propostas foram consideradas “Regular”, sem capacidade de gerar grandes mudanças (NQPRe), Número de quesitos cujas propostas foram consideradas “Excelente”, com potencial de revolucionar positivamente a cidade (NQPE), Pontuação Final (0 a 160 pontos) e Classificação da Proposta de Governo (Insuficiente, Mediana, Sólida).
Para cada Proposta de Governo baixada do TSE, foi gerada uma planilha com estatísticas, classificação e parecer técnico, disponível em (https://www.jgsilva.org/publications), opção “Avaliação dos Candidatos à PMM para o MA”. Os Quesitos com notas 0 a 2 foram destacados em vermelho, para fins de melhorias.
E os resultados são desanimadores:
R1) Nenhuma Proposta de Governo atendeu a quase um terço (13;32,5%) dos Quesitos: Q2) Cada problema ambiental tem suas causas principais claramente diagnosticadas; Q4) O diagnóstico incluiu consultas públicas para captar as percepções da população; Q9) O programa propõe incentivos para reduzir o uso de embalagens plásticas; Q10) Há estímulos para adotar embalagens ecológicas, biodegradáveis; Q15) O programa menciona a implementação de lixeiras inteligentes; Q17) Há metas para aumentar o número de novas árvores na cidade; Q20) A proposta inclui investimentos para melhorar o viveiro municipal de Manaus; Q26) O programa promove o uso de veículos elétricos; Q27) Há incentivos para estimular projetos de biogás; Q28) Há propostas para estimular estudos que viabilizem a adoção de Hidrogênio Verde; Q33) Há incentivos para o trabalho remoto; Q39) Há estratégias para disseminar as boas práticas ambientais para a sociedade; Q40) Há plano para prestar contas periodicamente e celebrar os resultados com a população envolvida.
R2) Nenhuma Proposta de Governo Sólida! Maioria (86%) foi Insuficiente e apenas a Proposta do candidato Amom foi classificada como Mediana (81 pontos):
7º lugar) Gilberto Vasconcelos (16-PSTU): a pior! PF=8 pontos (5%), NPPG=15 páginas, NPPMA= 0,3 (2%) página dedicada ao MA, NQSNP=35 (88%) quesitos sem propostas, NQPRu=2(5%), NQPRe=3(8%), NQPB e NQPE=0; 6º lugar) Marcelo Ramos (13-PT): a segunda pior! PF=9 pontos (6%), NPPG=7 páginas, NPPME = 0,25 (3,4%) página dedicada ao ME, NQSNP=34 (85%) quesitos sem propostas, NQPRu e NQPRe=3(8%), NQPB e NQPE=0; 5º lugar) Wilker Barreto (33=Mobiliza): a terceira pior! PF=11 pontos (7%), NPPG=17 páginas, NPPME = 1 (6%) página dedicada ao ME, NQSNP=35 (88%) quesitos sem propostas, NQPRu=0, NQPRe=4(10%), NQPB=1(3%) e NQPE=0; 4º lugar) Roberto Cidade (44-União): a quarta pior! PF=16 pontos (10%), NPPG=7 páginas, NPPME = 0,5 (7,1%) página dedicada ao ME, NQSNP=32 (80%) quesitos sem propostas, NQPRu=1(3%), NQPRe=6(15%), NQPB=1(3%) e NQPE=0; 3º lugar) David Almeida (70-Avante): a quinta pior! PF=24 pontos (15%), NPPG=71 páginas, NPPME = 1 (1,4%) página dedicada ao ME; NQSNP=29 (73%) quesitos sem propostas, NQPRu=2(5%), NQPRe=5(13%), NQPB=4(10%) e NQPE=0; 2º lugar) Capitão Alberto Neto (22-PL): a sexta pior! PF=26 pontos (16%), NPPG=73 páginas, NPPME = 1 (1,4%) página para o ME, NQSNP=28 (70%) quesitos sem propostas, NQPRu=2(5%), NQPRe=6(15%), NQPB=4(10%) e NQPE=0.
1º lugar) Amom Mandel (23-Cidadania): proposta considerada Mediana com PF=81 pontos (51%). Apesar de estar no limite esquerdo da faixa Mediana e necessitar de melhorias, a proposta foi a única a apresentar conteúdo metodológico decente, embasado em Planejamento Estratégico e Gestão por Objetivos, incluindo alguns diagnósticos, objetivos e indicadores de desempenho. Destacou-se também por apresentar a equipe técnica com 35 profissionais, sendo 37% doutores, além de glossário e referências. NPPG=645 páginas, NPPME=84 (13%) páginas dedicadas ao ME, NQSNP=13 (33%) quesitos sem propostas, NQPRu=1(3%), NQPRe=6(15%), NQPB=12(30%) e NQPE=8(20%).
A análise revela a ausência de propostas sólidas para enfrentar os 5 principais problemas ambientais da cidade. O baixo desenvolvimento sustentável de Manaus, conforme o IDSC (https://tinyurl.com/mtux69ps), é resultado de deficiências históricas no planejamento urbano, na governança pública, na gestão de resíduos, na infraestrutura verde, nos incentivos sustentáveis e na participação pública. Baseado nos resultados, recomenda-se o voto em Amom, desde que ele aprimore sua proposta, incorporando os quesitos ausentes e melhorando os demais, a partir da diversificação de sua equipe técnica, incluindo profissionais experientes da Arquitetura, Engenharia e de outras áreas relevantes. Para eleições futuras, sugere-se que o TSE crie um modelo padronizado de Plano de Governo, exigindo diagnósticos claros, objetivos, metas e indicadores concretos, evitando a repetição de propostas superficiais ou ineficazes que não contribuem para tornar Manaus referência em desenvolvimento sustentável.