O artigo aborda sobre a estratégia da distração, bem como fornece dicas para evitar ser vítima desse controle social.
A distração é uma estratégia antiga adotada com intensidade no meio político ou militar. Na pior das hipóteses, ela pode se tornar uma forma de governar, especialmente quando o governante é mau gestor e pretende evitar que crises, irregularidades graves, corrupção ou problemas sociais sejam pautas diárias da população, a ponto de desestabilizar quem está e apoia o governo.
Essa estratégia também é conhecida como política do pão e circo, política do caos ou cortina de fumaças. E no mundo político, um exemplo clássico vem do Imperador Romano Otávio Augusto, o qual criou políticas para fazer o povo esquecer das desigualdades sociais, distribuindo cereais, pão, bem como realizando grandes eventos (lutas, jogos, desfile de bandas, teatro, palhaços, apresentação de artistas, etc). Enquanto a população se divertia com 175 feriados/ano, também havia a distribuição de alimentos de forma mensal, conhecido como Pórtico de Minucius.
A “vantagem” para o Imperador é que a curto prazo a população era controlada e ainda dava apoio, especialmente os mais pobres. A desvantagem é que ela não tem sustentabilidade, deixa o Estado endividado, enquanto que os problemas se avolumam. No entanto, quando a escassez de recursos ficava muito crítica, a estratégia da distração não surtia efeito, os embelecos eram revelados, resultando em revoltas populares e a queda dos governantes.
Já no mundo militar, ao consultar a Arte da Guerra de Sun Tzu, ou 36 Estratégias dos Chineses <https://amzn.to/3DEddHf>, o leitor conhece diversas formas de distrair, a fim de enganar, obter vantagens, dissimular, atacar ou se defender de um oponente.
No Brasil, desde a vinda de Cabral, a política da distração tem sido usada para enriquecer poucos, não dando espaço para a população pensar criticamente. E abaixo há distrações que enfeitiçam tanto os pobres quanto os ricos, em detrimento do bem maior, o coletivo:
1) Coronelismo e Clientelismo com o toma lá, dá, cá
É a troca de favores privilegiando uma determinada minoria, praticada entre quem detém o capital, o poder e quem vota. Nestas modalidades, o real interesse entre essas partes não é o bem-estar do coletivo, nem tão pouco o apoio a um projeto com visão de longo prazo, focado na solução dos principais problemas da comunidade/sociedade, mas é garantir a eleição e tirar o máximo de proveito do Estado, com nomeações, celebração de contratos, obtenção de privilégios, de bens materiais, além de garantias de blindagem ou proteção quando as irregularidades são descobertas.
De um lado há o pobre que troca seu voto, sendo distraído com festas, “apoio” cultural/religioso/esportivo, uniforme de time de futebol, caixa de cerveja, rancho, bíblias, dinheiro, emprego, etc. E do outro, gente com renda média ou alta que se deixa escravizar pela ganância, fazendo de tudo para eleger ou reeleger um político em troca de obras, serviços, cargos, proteção ou outros benefícios.
2) Esmolas, jogos e novelas que não emancipam os pobres
O maior exemplo da estratégia do pão e circo pode ser visto na evolução das formas como os políticos criam usinas de fazer votos, a partir de programas que não atacam as causas principais da pobreza, pelo contrário, geram estatísticas que camuflam a dura realidade e ainda mantém o cidadão dependente do Estado. Um olhar nas últimas três décadas revelam as seguintes estratégias distrativas: distribuição de Cestas Básicas, Tickets de Leite, Bolsa Escola, Auxílio Gás, Cartão-Alimentação, depois Bolsa Família e agora o Auxílio Brasil.
Vale lembrar que antes de presidir, o Lula criticava a compra de votos por meio das cestas básicas e tickets de leite <https://bit.ly/3J9TPmv>, mas quando eleito, recebeu milhares de votos praticando a mesma coisa, via Bolsa Família, mascarando os índices da pobreza e aumentando os gastos, saltando de R$ 0,6 bi em 2003 para R$ 26,9 bi em 2015 <https://bit.ly/3j3rOCL>. Igualmente fez o Mito, antes de ser eleito, era crítico do Bolsa Família <https://bit.ly/3qZqpS4>, chamando a iniciativa de voto de cabresto, mas no poder, manteve o programa e depois mudou o nome para Auxílio Brasil. Assim, recomenda-se a leitura do ensaio do Dr. Sidney Soares <https://bit.ly/3NRHmYo> sobre a continuidade da política do pão e circo no Brasil envolvendo o Bolsa Família, o Futebol e as Novelas.
3) Fake news e Negacionismo
O maior acesso da população à internet, aos aparelhos eletrônicos e as redes sociais permitiu que distrações em massa fossem disparadas para enganar milhares no menor espaço de tempo, são as famosas fake news, acompanhadas do negacionismo, ambas fortemente usadas durantes as eleições e como forma de governar. Por exemplo, nas eleições de 2014, o PT/MDB e aliados elegeram Dilma com forte uso de disparo de fake news contra os principais opositores, valendo lembrar os ataques que Marina sofreu com informações que se mostraram falsas depois do pleito. E ao longo da gestão de Lula/Dilma/Temer, a população testemunhou pão e circo com Bolsa Família, Copa das Copas e Olimpíadas do RJ, bem como shows de negacionismo diante das revelações/provas envolvendo o mensalão, o petrolão e as pedaladas fiscais.
Nas eleições de 2018, quem tirou vantagem das fake news foi Bolsonaro e sua tropa, além de forjar a facada, essa turma tem trabalhado junto com ex-assessor de Trump, Steven Bannon, para chegar e se manter no poder, utilizando-se de uma milícia digital <https://bit.ly/3DHsEhO> que presta apoio orquestrado ao presidente, disparando centenas de notícias falsas ou distorcidas, a fim de distrair, auferir lucros <https://bit.ly/36XECIf e https://bit.ly/3j3JvlA>, aprovar boiadas <https://bit.ly/3uZ2h2P>, esconder as interferências nos órgãos de controle, as irregularidades, a corrupção ou inúmeros fatos desfavoráveis ao governo.
Para ser mais preciso, desde que assumiu o governo, em 1188 dias, o presidente Bolsonaro já emitiu 5.159 declarações falsas ou distorcidas <https://bit.ly/3d7mieL e https://bit.ly/2GNdH4n>. E durante a pandemia, entre jan/2020 e dez/2021 o Mito disseminou cerca de 2.238 notícias falsas ou distorcidas sobre a Covid-19 <https://bit.ly/3aJvaWx>, sendo que neste vídeo <https://youtu.be/Go9mwLTcfX4> há uma retrospectiva contendo distrações usadas para disseminar a Covid-19 e que levaram para o cemitério milhares de brasileiros.
Finalmente, para não ser vítima de distrações recomenda-se: a) aguçar o senso crítico, não acreditar em tudo que te repassam, falam ou prometem; b) cobre transparência e avalie com atenção as ofertas, o conteúdo, as fontes, o autor e a data; c) duvide quando a informação mexe com sua emoção, fé, analise se ela tem perfil conservador ou alarmante, pois a distração explora assuntos polêmicos, porém sem muita serventia para enfrentar os graves problemas da população; d) duvide mais ainda se a proposta de ganho fácil parece tentadora, pesquise se é legal, se está amparada em fontes oficiais, e antes de aceitar, peça conselhos de pessoas honestas, experientes; e) não bajule, desconfie sempre dos políticos e partidos, especialmente quando há histórico de má conduta, irregularidades ou corrupção; f) seja sábio(a) não perca tempo com distrações inúteis.