O artigo detalha dois Programas da NEDO que podem ser úteis para governos, empresas, universidades ou instituições de pesquisa, interessados em desenvolver projetos conjuntos de P&D com o que há de melhor em tecnologias limpas e inovadoras do Japão, incluindo as relacionadas com a neutralização do carbono até 2050.
A New Energy and Industrial Technology Development Organization (NEDO) está ligada ao Ministério de Economia, Comércio e Indústria (METI) do Governo japonês, e funciona como uma aceleradora de inovações, servindo de elo entre o Governo, as Indústrias, Universidades e Institutos de pesquisas públicos. Entre os programas que poderiam ser úteis para o Brasil, Amazonas e Manaus, estão:
1º) Programa de P&D para Promover Tecnologias Inovadoras de Energia Limpa por meio de Colaboração Internacional
Período: 2020 a 2025 e orçamento de 2022 está na ordem de US$ 7 milhões. Este programa <https://bit.ly/3EwBVeP> apoia institutos de pesquisa e universidades japonesas que conduzem projetos internacionais conjuntos de P&D com instituições membros do G20 e de outros países. Empresas privadas também podem participar desde que estejam juntas com as universidades e instituições de pesquisa.
O esquema básico envolve chamada pública no Japão por parte da NEDO, submissão de propostas por parte das organizações japonesas e caso o projeto seja aprovado, assinatura de contrato de pesquisa conjunta com as organizações estrangeiras que são parceiras do projeto.
De 2020 até 2021 já foram selecionados cerca de 13 projetos, inseridos em sete temas, alguns dos quais cito abaixo:
Tema 1: Desenvolvimento de tecnologias inovadoras que contribuam para a industrialização da reciclagem do Carbono, tais como separação de CO2 a baixo custo, bem como captura e produção de materiais úteis.
Projeto 1: Reciclagem de CO2 emitido pela aviação. Organizações: Universidade de Toyama, Japan Coal Frontier Organization e a Universidade de Chulalongkorn (Tailândia)
Projeto 2: Captura e Uso do Carbono para Carbono Circular em Siderurgia. Organizações: Sekisui Chemical, Universidade de Tóquio, Universidade de Oviedo (Espanha) e ArcelorMittal Innovación, Investigación e Inversión S.L.
Tema 2: Desenvolvimento de tecnologias inovadoras que contribuam para a promoção e expansão significativa da utilização do Hidrogênio na Sociedade.
Projeto 3: Tecnologia de fornecimento de hidrogênio em alta pressão e pureza por meio de um compressor químico usando ácido fórmico. Organizações: AIST, Delft University of Technology (Holanda), Institute of Chemistry and Materials Science (França), Korea Advanced Institute of Science and Technology (Coreia do Sul), King Abdullah University of Science and Technology (Arábia Saudita) e Queen Mary University of London (Reino Unido)
Tema 3: Desenvolvimento de tecnologias de células fotovoltaicas elementares que simultaneamente alcancem maior eficiência e durabilidade, bem como baixo custo.
Projeto 4: Células solares de baixo custo e alta durabilidade. Organizações: AIST, Universidade de Oxford (Reino Unido) e CEA-LITEN (França).
2º) Programa para Projetos de Demonstração Internacional
Este dissemina tecnologias avançadas do Japão que possam contribuir para o meio ambiente, segurança, eficiência econômica e energética por meio da demonstração delas no exterior. Os projetos podem atuar em 12 campos, alguns dos quais são: 1) Tecnologias para transformar energia excedente; 2) Tecnologias de hidrogênio de baixo custo, tanto para a manufatura, transporte, armazenamento, quanto para utilização; 3) Reciclagem de CO2; 4) Fabricação sustentável de biocombustíveis ou combustíveis sintéticos; 5) Tecnologias relacionadas com Cidades Inteligentes, tais como IA, Big Data; 6) Tecnologias que contribuam para a descarbonização; 7) Tecnologias de eficiência energética, aproveitando a IoT, IA em residências, comércios e empresas, etc.
Este programa vem desde 1993 e até 2021, cerca de 96 projetos foram concluídos, dos quais cito seis deles:
P1: Equipamento para controlar umidade do carvão (93-96) na China, envolvendo a Nippon Steel Co. e Chongqing Steel Co., Ltd. e o Ministério da Indústria Metalúrgica da China;
P2: Modelo de economia de energia para Fábrica de Fertilizantes no Mianmar (2000-2002), envolvendo a Chiyoda Corporation, Fábrica de Fertilizante e Ministério de Energia do Mianmar;
P3: Modelo para economizar energia em fábricas de cerveja no Vietnã (2003-2005), envolvendo a Mayekawa Seisakusho Co., duas cervejarias, uma em Hanoi e outra em Thanh Hua, bem como o Ministério da Indústria e o Ministério de Recursos Naturais e do Meio Ambiente;
P4: Projeto de comunidade inteligente na cidade de Málaga, entre 2011 e 2015, envolvendo a Mitsubishi e a Hitachi, bem como a Endesa, a Telefônica e a Sadiel.
P5: Projeto de comunidade inteligente em Lion, França, entre 2011 e 2016, envolvendo a Toshiba Co., a Prefeitura de Lion e a comunidade da Grande Lion.
P5: Projeto de comunidade inteligente em Manchester, Reino Unido, entre 2014 e 2016, envolvendo a Hitachi, Daikin, o Banco Mizuho, a Housing Co., e dois departamentos da Região de Grande Manchester. Este é um projeto interessante, e neste link http://bit.ly/3Xgrd3m há acesso a um relatório elaborado pela NEDO, contendo o objetivo do projeto, o papel de cada parceiro, bem como as etapas e resultados da validação do projeto que permitiu reduzir custos e melhorar o sistema de aquecimento de 550 residências situadas em 3 locais de Manchester.
P6: Compartilhamento de baterias portáteis de armazenamento como Recurso de Energia Distribuída, implementado na Indonésia, entre 2018 e 2021, pela Honda, Panasonic, Panafic Consultants Co., HPP Energy, Astra Otoparts e Ministério da Indústria da Indonésia.
Para 2022, o orçamento deste Programa é de US$ 46 Milhões, sendo que os projetos e as fases para participar estão disponíveis em https://bit.ly/3hHzMUA.
As fases envolvem: chamada pública, análise do estudo básico para ver se atende aos requerimentos da demonstração (Mercado e Políticas sobre Energia, Ambiente do Negócio, elementos da demonstração etc.), análise da viabilidade do estudo (facilidade da demonstração, plano de demonstração, plano de negócios, discussão com governos e parceiros locais), Demonstração, Follow-Up e Disseminação das boas Práticas.
Ao analisar a lista de projetos apoiados, não há implementação no Brasil, o que é lamentável, uma vez que 1) o Brasil e o Japão têm uma longa história de intercâmbio; 2) abrigamos uma enorme comunidade japonesa fora do Japão; 3) aqui temos várias organizações nipônicas; 4) temos recursos naturais e energéticos, os quais poderiam ser otimizados para ajudar a descarbonizar o planeta; 5) temos pesquisadores e profissionais competentes.
Finalmente, precisamos que os administradores públicos e privados dialoguem mais para captar recursos internacionais, visando solucionar problemas comuns, e a NEDO é uma organização chave que precisamos olhar com carinho.