Quem nunca ouviu um trabalhador encher a boca e falar: “aquele meu gerente é um chefe muito duro”, ou então: “meu coordenador é um verdadeiro líder, gente boa”. As duas assertivas são diariamente expostas tanto na iniciativa privada quanto no serviço público, e refletem a cultura que foi construída ao longo dos anos nas relações funcionais-hierárquicas.
A diferença reside na postura do superior frente ao seu subordinado. Se a atitude foi de cobrar um dever definido na legislação ou nas normas e condutas internas da entidade, será sempre considerado “chefe”. Mas, se a postura foi da concessão de um direito também previsto formalmente ou apenas o uso do bom senso, será considerado “líder”. Na prática, quando este líder cobra do colaborador um único dever, passa automaticamente ao status de “chefe”.
Essa dicotomia chefia x liderança vem ocorrendo há décadas porque foi consolidada equivocadamente no sentido de que o chefe trabalha apenas com o manual dos deveres do seu subordinado debaixo do braço; enquanto que o líder apenas com o dos direitos. Neste diapasão, nenhum dos dois serve para o alcance das metas, estando à entidade certamente no caminho do insucesso.
O bom gestor, seja ele chefe, líder ou qualquer nomenclatura que se dê, é aquele que busca junto à sua equipe os resultados pretendidos pela organização, respeitando os seus colaboradores com a garantia dos direitos que estes possuem, mas também cobrando, na forma devida, o cumprimento das tarefas.
É evidente que atualmente a política de Gestão de Pessoas – outrora denominada Recursos Humanos/RH, e basicamente limitada aos aspectos burocráticos – busca um perfil específico àqueles que terão a missão de comandar uma equipe: mais do que virtudes profissionais, capacidade técnica, eles devem possuir princípios básicos que devem estar inerentes a qualquer ser humano: ética, idoneidade, integridade e respeito ao próximo.
O alto grau de profissionalismo da gestão deve se ater na busca incessante para a qualificação e o verdadeiro comprometimento daqueles que são os responsáveis diretos para o alcance dos resultados. As entidades privadas e públicas não devem permitir nos seus quadros colaboradores que só reivindicam direitos, negligenciando costumeiramente com suas obrigações.
Aliás, as boas relações funcionais-hierárquicas devem nortear qualquer organização, pois os excessos de maus gestores e/ou o descumprimento de deveres pelos subordinados deverão obrigatoriamente passar pelos órgãos de controle interno (Compliance/Gestão de Pessoas, na iniciativa privada, ou nas Corregedorias, no serviço público), punindo o infrator, após o devido processo legal, corrigindo rumos e preservando a harmonia funcional.