A situação de grande parte das paradas de ônibus de Manaus tornou-se uma das maiores preocupações atuais dos usuários de transporte público da cidade. Mesmo passando por grandes avenidas, como na avenida Grande Circular ou na avenida Cosme Ferreira, o sucateamento dos pontos de embarque e desembarque é nítido.
Alvos constantes de ataques de vândalos, esses lugares são pichados, depredados, deteriorado, deixando de oferecer conforto aos milhares de usuários de ônibus. Infelizmente, os pontos tornam-se inutilizáveis e não protegem os manauaras do sol e da chuva repentina.
Mas, a ação de vândalos não é a única razão para o abandono desses pontos. Parte das paradas de ônibus não recebem manutenção constante, aumentando o número de reclamações por parte da população. Entre bancos quebrados, luzes queimadas e sem cobertura, os manauaras arriscam-se diariamente, pois esta é a única opção que resta.
No ano de 2019, o vereador Hiram Nicolau teve um projeto de lei sancionado pelo prefeito da época, que tinha como finalidade receber a colaboração direta de pessoas físicas ou jurídicas na implantação, melhoria e conservação de ponto de ônibus na capital.
O projeto denominado “Adote um Ponto de Ônibus” foi criado para melhorar a estrutura desses lugares, ao mesmo tempo em que beneficia os milhares de usuários do transporte coletivo. Uma ideia parecida já era implantada em praças, mas os pontos de embarque e desembarque passaram a ser beneficiados também.
Ainda que a ideia seja interessante, a população paga impostos, que não são poucos, e mesmo assim, o sistema básico não funciona como deveria. A falta da funcionalidade das paradas de ônibus coloca a população em perigo, pois a ausência de iluminação incentiva a realização de assaltos a mão armada.
Recentemente, a atual gestão do executivo municipal passou a implantar uma nova decisão para os motoristas e usuários do transporte coletivo. A partir das 22h, a população poderá embarcar e desembarcar fora da parada de ônibus, desde que seja em um lugar iluminado.
Não é possível atestar a eficácia do novo modelo, já que faz pouco tempo que a decisão passou a valer, mas é essencial nos perguntarmos sobre o porquê que essa medida foi adotada na capital. Não precisamos pensar muito, basta olhar as condições atuais dos pontos de ônibus. Falta iluminação, falta banco, falta proteção solar e de chuva.
O IMMU (Instituto Municipal de Mobilidade Urbana) realizou, neste ano, ações de manutenção em abrigos de paradas de ônibus em Manaus, investindo na recuperação estrutural e também na implantação de placas de identificação. Segundo o órgão, desde 2022 até março deste ano, cerca de 28 abrigos foram requalificados pelo órgão.
Outro problema encontrado é a falta de padronização nas paradas de ônibus em Manaus. Enquanto em um lado da cidade temos uma parada com ar-condicionado no bairro Ponta Negra, onde foram gastos R$ 207 mil, por outro lado, as paradas de ônibus do bairro Distrito Industrial permanecem no modelo “casca de ovo”. Sem manutenção, esses abrigos continuam funcionando normalmente.
As paradas de ônibus mantidas pela prefeitura contrastam com o ponto de ônibus construído por uma faculdade particular localizada na avenida Constantino Nery. Equipada com iluminação, bancos e sistema de ventilação, o valor investido na obra foi menor que o que foi gasto pela gestão que construiu a parada sofisticada na Ponta Negra.
Para melhorar o sistema de transporte como um todo, é preciso readequar o que é prioridade ou não, neste momento. Precisamos reestruturar a funcionalidade das paradas que são utilizadas diariamente, antes de investir na criação de novas. Montar um cronograma focado na recuperação de abrigos de pontos de ônibus, partindo das áreas com maior movimentação, principalmente em grandes avenidas, para depois atingir paradas de bairros, é essencial devido à atual situação.
Outro ponto importante é padronização dos pontos de ônibus, pois em alguns lugares, há somente uma placa avisando os motoristas e passageiros sobre a parada, colocando os usuários em situação de risco. As paradas de ônibus são problemas antigos que persistem com o passar dos anos, e até o momento, não houve grandes avanços para resolver a situação.
*é deputado federal pelo Amazonas, eleito pela 2ª vez