Tornar uma nação globalmente competitiva é crucial para melhorar a qualidade de vida, atrair investimentos, gerar empregos e fortalecer a imagem do país no cenário internacional. Este artigo destaca os dez países mais competitivos do mundo, analisa os governos brasileiros que influenciaram nossa competitividade, e identifica os principais obstáculos que têm levado o Brasil a perder diversas posições ao longo do tempo.
Há cerca de 36 anos, o IMD World Competitiveness Ranking <https://tinyurl.com/ymzhuyfp> foi criado e se tornou um relatório publicado anualmente pelo International Institute for Management Development e seus parceiros, para fornecer estatísticas e recomendações aos países, a fim de ajudá-los a otimizar suas competências e criar valor a longo prazo para as suas populações.
Todos os anos acompanho o desempenho do Brasil e de outros países. Este ano, o ranking avaliou 67 nações, atribuindo notas de 0 a 100 com base em 164 critérios de fontes estatísticas e 92 critérios de percepção, avaliados por 6.612 executivos ao redor do mundo. Os critérios são agrupados em quatro fatores: desempenho econômico, eficiência governamental, eficiência empresarial e infraestrutura. Mais detalhes sobre os critérios, indicadores e cálculo da pontuação e classificação estão disponíveis no site mencionado acima.
Segundo o relatório de 2024, as dez nações mais competitivas são: 1) Cingapura; 2) Suíça; 3) Dinamarca; 4) Irlanda; 5) HK; 6) Suécia; 7) Emirados Árabes Unidos; 8) Taiwan; 9) Holanda e 10) Noruega. Por outro lado, os dez menos competitivos são: 67) Venezuela; 66) Argentina; 65) Gana; 64) Nigéria; 63) Peru; 62) Brasil; 61) Mongólia; 60) África do Sul; 59) República Eslovaca e 58) Bulgária.
Ao estudar o desempenho do Brasil, observa-se que o país obteve uma pontuação geral de 42,47 pontos em uma escala de 0 a 100, resultando na 62ª posição entre os 67 países avaliados. Essa colocação representa uma queda de duas posições em relação a 2023 e é a pior desde o início da publicação deste estudo. Se for feita uma análise da média da posição geral do Brasil desde 1999, para ver em qual governo, nosso país teve o melhor e os piores desempenhos, chega-se ao seguinte resultado:
2º Governo de FHC: média igual a 37,25ª (34ª em 1999; 38ª em 2000; 40ª em 2001 e 37ª em 2002)
1o Governo de Lula: média igual a 43,50ª (44ª em 2003; 44 em 2004; 42ª em 2005 e 44ª em 2006)
2º Governo de Lula: média igual a 42,5ª (49ª em 2007; 43ª em 2008; 40ª em 2009; 38ª em 2010)
1º Governo de Dilma: média igual a 48,75ª (44ª em 2011; 46ª em 2012; 51ª em 2013 e 54ª em 2014)
2º Governo de Dilma/Temer: média igual 58,50ª (56ª em 2015; 57ª em 2016; 61ª em 2017; 60ª em 2018)
Governo Bolsonaro: média 57,75ª (59ª em 2019; 56ª em 2020; 57ª em 2021 e 59ª em 2022)
Dois primeiros anos do 3º Governo de Lula: média 61ª (60ª em 2023 e 62ª em 2024).
Então, baseado nestes resultados, pode-se inferir que o melhor desempenho médio do Brasil foi durante o 2º governo de FHC, com uma média de 37,25ª posição. Isso sugere que, durante esse período, o país foi mais competitivo em comparação aos demais períodos. A estabilidade econômica e as reformas implementadas nesse governo podem ter contribuído para esse resultado.
Por outro lado, observa-se que o declínio da competitividade começa no 1º ano de governo do Governo Lula (média 43,5ª posição), piorando no 1º Governo Dilma (média 48,75ª) e caindo ainda mais nos governos seguintes sem que o país conseguisse ter melhorias significativas: 2º Governo Dilma/Temer (média 58,5ª), Governo Bolsonaro (57,75ª) e pelo visto o 3º ano do Governo Lula tem tudo para conquistar o pior período para a competividade brasileira, já que a média dos dois primeiros anos ficou em 61ª.
Ao analisar os cinco piores desempenhos, observa-se que eles aconteceram em 2024 (62ª posição; 2º ano do 3º governo Lula), 2017 (61ª; 3º ano do governo Dilma/Temer), 2018 (60ª; 4º ano do governo Dilma/Temer), 2023 (60ª; 1º ano do 3º Governo Lula), 2019 e 2022 (59ª; 1º e 4º ano do governo Bolsonaro).
Retornando para o relatório de 2024, entre os quatro fatores, a melhor colocação foi o desempenho econômico que conquistou a 38ª posição, subindo 3 posições quando comparado com 2023 (41ª). A eficiência empresarial manteve-se estável, mas na vergonhosa 61ª posição, enquanto pioramos em relação a infraestrutura (58ª posição; era 55 em 2023), e ficamos quase na lanterna em relação a Eficiência Governamental (65ª posição; era 62ª em 2023).
Em outras palavras, os maiores gargalos do Brasil estão na Eficiência Governamental e na Infraestrutura. Em relação ao pior fator, Eficiência Governamental, levamos peia na: Estrutura Social (último lugar 67ª), subfator em que são analisados se a nossa justiça é administrada de maneira justa, as taxas de homicídios, se há baixo risco de instabilidade política, se a coesão social é alta, o grau de liberdade de imprensa etc. Além disso, ficamos na 66ª colocação (penúltimo) em Finanças Públicas, na 65ª colocação em legislação empresarial, na 62ª colocação em Estrutura Institucional subfator que contém indicadores relacionados ao Banco Central, a Eficiência do Governo tais como transparência, corrupção, propinas, burocracia, atendimento aos objetivos do desenvolvimento sustentável, estado de direito etc.
Por fim, o Brasil apresentou uma trajetória de declínio na competitividade global ao longo dos anos, com seu melhor desempenho durante o 2º governo de FHC e uma deterioração constante a partir do 1º governo de Dilma. Esse declínio pode ser atribuído a uma combinação de fatores que demandam uma gestão mais competente, especialmente na administração pública e na infraestrutura. Sem melhorias significativas nessas áreas, problemas graves e crônicos, resultantes da má gestão, corrupção e impunidade, continuarão a impactar negativamente a população e nossa competitividade, e o país terá dificuldades em sair da situação vergonhosa em que se encontra.