Perfeição absoluta não existe nem pode existir, visto serem imperfeitos todos os seres que lutam neste mundo para atingir certo grau de espiritualidade. O espírito é parcela da grande força universal em evolução contínua. No processo evolutivo, passa de encarnação em encarnação por inúmeras experiências, pois a vida é uma rotina de lutas. Já disse alguém que a humanidade é como o mar: vai e volta. Com rapidez, alguns seres acumulam fortunas colossais, galgam posições sociais. E com mais rapidez descem delas. Ao subir, uma corrente de amigos os acompanha, todos solicítos e cheios de curvatura vertebrais, como no poema Os meus amigos,de Camilo Castelo Branco. Quando o autor ficou cego, apenas um amigo apareceu para estender–lhe a mão, amparando e suavizando sua desventura. Como a História registra, tal ocorre com governantes, com homens e mulheres de valor, com qualquer um. Como atores e atrizes, representam seus papéis no grande teatro da vida, e todos passam. O ser humano está sujeito às leis evolutivas, leis comuns e naturais que tudo regem no universo. Assim sendo, deve trabalhar em prol da perfeição, mas certo de que ela é relativa, nunca absoluta. No dia em que abandonar o rumo tomado até aqui, e se resolver a indagar, raciocinar, meditar, não se julgará mais uma perfeição. Vai abstrair-se da matéria, percebendo, então, que algo imaterial o anima — o espírito. Vai querer aperfeiçoar-se o mais possível, espiritualizar-se, convencido, porém, de que perfeição absoluta, neste mundo, ninguém conseguirá atingir “.
Jamil Merched Chaar.