Nesse quadro lamentável de radicalismo, negacionismo, intolerância, é preciso que a maioria silenciosa, ordeira e sem ódios no coração, defina o que acredita com honestidade intelectual, isenção ideológica ou política, a saber:
1 – Quanto à CPI, o bom senso diz que não resta dúvida de que o presidente foi negligente em relação a vacinas. Boa parte de seu negacionismo tem provas robustas, em depoimentos e em vídeos de suas declarações. Baixíssimo risco de engano. Sem intenção de errar, apenas consequência de sua insegurança.
2 – A CPI se perde pelo obsessivo objetivo de incriminar apenas o presidente, relutando em apurar os casos gritantes de corrupção nos estados e municípios, que precisam e deviam ser apurados. E falar em corrupção com aqueles inquisidores seria cómico se não fosse trágico.
3 – No combate à pandemia, fundamental para a retomada da economia, vacinar seria a palavra de ordem, com um esforço maior do governo na obtenção imediata de vacinas. A demora custa vidas. Nem se fala mais na tentativa de abrir, com liberdade, para o setor privado, como ocorre, com sucesso, em alguns países asiáticos. O Rio mesmo sofreu semana passada sem vacinas.
4 – Falta uma palavra sólida de que, sem reformas para valer, a economia, quando muito, vai recuperar o que perdeu, sem acrescentar produtividade, qualidade e tecnologia que a competição internacional pede. Reformar não é emendar. E a volta do emprego será parcimoniosa. Cabe ao Congresso votar, independente de eventuais declarações infelizes do Presidente.
5 – O desgaste dos três poderes fica cada vez mais evidente por se dedicarem mais à politicagem e a idiossincrasias do que a objetivos voltados para o Interesse público.
6, – É inegável que o governo possui ilhas de competência nos ministros Tarcísio Freitas, Teresa Cristina, de desempenho mediano, Marcelo Queiroga e Paulo Guedes, embora o último desgastado pelo esvaziamento de sua equipe, descrente do cumprimento do estabelecido quanto às privatizações e à diminuição do estado.
7 – A repulsa da sociedade em relação ao judiciário se justifica por um elenco de erros de difícil entendimento. Desde o recuo na questão da segunda instância, visivelmente para atender ao ex-presidente Lula, a liberações como a do poderoso traficante que fugou no dia seguinte, além da intervenção em outros poderes da República, em que é exemplo o infeliz deputado preso, quando deveria ser julgado pela Câmara pelo seu lamentável comportamento. Fora os salários e a instalações em todo país, incompatíveis com os recursos públicos disponíveis. O TJ-RJ, por exemplo, se parece com os mais luxuosos complexos de prédios de Miami. E o de Brasília, mais ainda. A impunidade aos prevaricadores com bons advogados voltou. Bolsonaro não devia é ter tirado Moro de onde estava e Moro nunca deveria ter se deixado levar pela vaidade ou ambição e renunciar a uma bela carreira.
São constatações. Fatos, e não “fake”.
O passionalíssimo neste embate fere a vontade do povo, que na verdade não está satisfeito com o Presidente nem com seus opositores.