O OUTRO ASSÉDIO

Em: 11 de julho de 2022

Já estamos cansados de ouvir histórias de assédio sexual em empresas, escolas e até em residências. O assédio é sempre algo não consensual praticado por quem tem algum poder de pressão sobre a vítima. Ou um superior hierárquico, ou um professor ou padrasto. Em número muito menor, em com menos intimidação, também é praticado por mulheres.

Hoje não falaremos deste assédio, mas de outro que acontece pela mídia. O assédio via telefone, num dos inúmeros aplicativos que são usados por quase todos os usuários. Não se trata de algum conhecido que oferece serviços ou produtos à venda. Trata-se de empresas que, de alguma forma não legal, se apossam dos nossos dados e nos bombardeiam com um sem número de ofertas das mais diversas.  Encabeçando a lista, estão as empresas que oferecem aplicativos ou serviços de internet. Mas não são as únicas. Bancos que oferecem dinheiro, outras que oferecem curas milagrosas, cursos de todo o tipo, alertas de toda a ordem, ofertas milionárias e a lista vai longe. 

As pessoas com mais de 60 anos foram ensinadas que o telefone é uma ferramenta para só ser usada para coisas importantes. Ligações interurbanas eram muito caras para serem desperdiçadas com conversa fiada.  Antes do advento do celular com mensagens escritas não havia outra maneira. Claro que havia trotes inocentes, mas nada parecido com o que está acontecendo hoje. O celular se tornou uma ferramenta de trabalho para honestos e não honestos. No entanto, a maioria quase absoluta, dispensariam esses “comunicados importantes” sem sentirem falta. Difícil se torna distinguir entre as mensagens que tem algum valor e as inócuas. É claro que se você der atenção pode envenenar seu celular com algum vírus que lhe trará grandes incômodos. 

Com muito gosto, os usuários apoiariam alguma medida de controle. Isso, considerando-se que os amigos chatos, que lhe enviam “novidades” que você já milhares de vezes, também parassem. Por outro lado, o celular é uma ferramenta que democratizou opiniões e palpites dos mais diversos. A bem da verdade, se quisermos ter uma vida privada, com todos os requisitos que o nome sugere, jamais deveríamos ter um conta no WhatsApp, FaceBook, Instragran, Twitter e outras. Assim como você conquista o direito de opinar, também lhe é retirado o direito à privacidade. Infelizmente, a liberdade de expressão e liberdade de pensamento, tão propaladas nos últimos tempos, trazem em seu bojo a perda do anonimato.

Não existe uma fórmula para fugirmos do assédio virtual. Denunciar tentativa de golpe, normalmente não surtem efeito, porque se perdem no emaranhado dos “esconderijos” que os golpistas aprenderam a usar. Tal qual os malfeitores físicos, os virtuais também camuflam seus endereços. Criam um cordel onde uma descoberta leva a outra e, por fim, se perde num nevoeiro que as autoridades ainda não conseguiram iluminar. Embora usem nomes de empresas respeitáveis ou até de órgãos do governo, trata-se de pilantras à caça de incautos. Os idosos, repito, que tratam os meios de comunicação com seriedade e por serem novos neste mister, não entendem que são pessoas fictícias que buscam acesso aos dados e, consequentemente, ao seu bolso.

Como poderemos usar as comunicações modernas sem sermos vítimas de assédio ou de golpes? Vários são os paliativos, mas não existe uma fórmula.  Em todo o caso, não deixa de ser assédio, porque não é consensual. (Luiz Lauschner)

Luiz Lauschner

é empresário
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