O que será do Amazonas? Tudo travado!

Em: 4 de dezembro de 2024

A situação crítica do Amazonas revela um paradoxo cruel: um estado com riqueza natural incomensurável enfrenta níveis crescentes de miséria, desemprego e degradação social. Essa realidade está diretamente ligada a travas históricas, como o não asfaltamento da BR-319 e a subutilização de recursos estratégicos, incluindo gás, potássio e petróleo. Essas riquezas poderiam impulsionar o desenvolvimento econômico da região, gerar empregos e reduzir desigualdades. No entanto, persistimos em um modelo que condena a população do interior à dependência de atividades como o narcotráfico e a prostituição, que infelizmente se tornaram alternativas para muitos no interior. A ausência de políticas de ordenamento territorial, como a inexistência de um Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) no Amazonas, é um sintoma do descaso com a gestão ambiental e econômica. O estado permanece refém de uma visão limitada que atende, em grande parte, aos interesses de países poluidores, cujas populações desfrutam de qualidade de vida em saúde, transporte e segurança às custas de travas no nosso desenvolvimento. Essa falta de planejamento reforça o “gol contra” de alguns brasileiros que, sob a justificativa de preservação, perpetuam a pobreza de milhões. O Ministério Público Federal (MPF-AM), em decisões recentes, tem imposto barreiras a projetos de infraestrutura e desenvolvimento alegando ausência de consulta prévia às comunidades indígenas e tradicionais. Se esse é o problema, fica evidente a falha histórica na gestão pública ambiental, historicamente influenciada por ONGs, como a FAS e IDESAM, que atuaram e atuam na SEMA por mais de uma década. Tais decisões não podem ser tomadas sem considerar o impacto social, como a fome que atinge 65,6% da população do estado. Essa negligência é um reflexo do afastamento entre os gestores públicos e as necessidades reais do povo amazonense. O silêncio do Executivo, Legislativo estadual e parte dos órgãos de controle, ao longo das últimas décadas, agrava essa situação. Desde 2003, não houve avanços significativos para destravar o estado. Projetos essenciais permanecem parados, enquanto a miséria avança. Em 2018, cerca de 50% da população do Amazonas vivia em pobreza. Hoje, esse índice chegou a alarmantes 65,6%. É inaceitável que um estado tão rico viva essa realidade. Por outro lado, vozes como a do senador Plínio Valério mostram a importância de trazer essa discussão para o centro do debate. É preciso repensar as políticas públicas, estabelecer um ZEE para o Amazonas, e destravar projetos de infraestrutura como a BR-319. O desenvolvimento sustentável, que respeite o meio ambiente e as populações locais, é possível e urgente. Somente com a união dos setores público, privado e da sociedade civil conseguiremos transformar essa realidade e oferecer uma vida digna ao povo do Amazonas. Rever as decisões que travam o estado é mais do que uma necessidade econômica; é um compromisso ético e social com milhões de amazonenses. É hora de despertar e exigir mudanças concretas que atendam às reais demandas da população.

03.12.2024
Thomaz Meirelles, administrador, servidor público federal, especialista na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: [email protected] ou [email protected]

Thomaz Meirelles

Servidor público federal aposentado, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: [email protected]
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