Essa é minha terceira reflexão sobre a visita que fiz ao Ipaam atendendo convite do presidente do órgão, Juliano Valente. Estive acompanhado durante toda a visita pelo amigo Guilherme Pessoa, superintendente do Mapa/SFA/AM, gestor que tem meu total respeito pela sua competência e ética. No JC da semana passada tem os comentários da “segunda reflexão”. Agora faço a “terceira reflexão”, com foco na BR-319. No momento da visita, tínhamos apenas 32 focos de calor (no meu site www.thomazrural.com.br tem as imagens. Algumas reflexões sobre imagens da BR-319, sobre a novela de décadas do asfaltamento do trecho do meio que isola todos os amazonenses que não têm recursos financeiros para pagar passagem de avião para conhecer o Brasil e o mundo, inclusive os habitantes dos municípios beneficiados com a ponte sobre o rio Negro que chegam rápido à Manaus, mas sair daqui de carro para conhecer o Brasil a tarefa é bem complicada.
- No dia da visita tinham 32 focos de incêndio no Amazonas. É bom lembrar esse número, pois quando falam em Amazônia falam em 70 mil, 80 mil e por aí vai;
- É lógico que sei que aqui tem desmatamento ilegal, sou contra, mas é preciso separar Amazônia de Amazonas. Temos que cobrar, separadamente, os números do Amazonas, porque alguns aproveitam a semelhança dos nomes e jogam tudo em nossa conta, em nosso Estado;
- O Brasil e o mundo não sabem diferenciar o Amazonas da Amazônia. E nossos interlocutores, muitos nem amazonenses são, não tem interesse em esclarecer, e quando tocam no Bolsa Floresta (miséria) de apenas R$ 50/mês tem apenas, acredito eu, a intenção de captar recursos financeiros. Parece que o governo estadual aumentou para R$ 100 depois de 14 anos. Eu acabaria com esse programa enquanto não tivesse valor digno pelos serviços ambientais prestados pelo nosso caboclo. Se nós não valorizamos o que faz nosso caboclo, não vai ser os demais estados brasileiros, nem a Alemanha, Noruega, França e demais países que irão valorizar;
- Identifiquei na imagem do satélite que está no meio blog Thomaz Rural (link acima), com destaques com linhas amarelas em paralelo, o que seria o trecho do meio da BR 319, o da novela da licença para asfaltamento;
- Observem os focos em vermelho no sul do Amazonas que são facilmente identificados por satélites (tinham 32 ativos no dia da visita);
- Entre a constatação da queimada ilegal e a chegada da multa ou visita física, a burocracia e a falta de estrutura levam em torno de 20 dias, tempo suficiente para quem tá no ilegal continuar desmatando ainda mais. Não pode ser assim!
- Segundo técnicos do IPAAM, que eu concordo, se o trecho do meio tivesse asfaltado chegariam bem mais rápido ao foco identificado pelo satélite evitando maiores desmates ilegais;
- Sem esse asfaltamento, os técnicos usam outros meios, com longas viagens de barco e de avião saindo de Manaus (sede do Ipaam e da sala de monitoramento) para outro estado ou município;
- Então, concordando com os técnicos do IPAAM, sem o trecho do meio asfaltado o desmatamento ilegal tende a ser maior pela tempestividade da chegada até o local;
- As ONGs do Observatório da BR-319 se ainda não foram, em conjunto, deveriam ir lá no IPAAM conversar com os técnicos do órgão, da sala de monitoramento;
- Idem os órgãos de controle, os membros do CEDRS, CONEPA, CEAPO, CEMAAM, parlamentares (todos);
- Não podemos mais ficar isolados, não podemos admitir que só quem tem dinheiro possa conhecer o Brasil através da GOL, AZUL, LATAM etc O acesso via terrestre tem que ser resolvido com o asfaltamento da BR-319;
- O isolamento, as condições precaríssimas da estrada atolaram carretas e atrasaram a chegada de oxigênio em Manaus. A justiça tá julgando de quem foi a culpa, e se teve culpado, mas a estrada deve ser asfaltada urgentemente;
- De Miami até Orlando você vai de avião, carro e agora no final do ano já vai de trem bala. E muitos que travam a BR 319 vão fazer selfie no trem bala;
- Vi em nota do Observatório da BR 319 que a recente licença não poderia ser concedida porque não cumpriu isso ou aquilo. Um dos itens é a falta de consulta a povos e comunidades tradicionais que ficam ao longo da BR. Repito, não voto na polarização, mas todos nós sabemos que nessas ONGs tem muitos petistas (nada contra, conheço alguns bons), mas não dá para esquecer que tiveram 15 anos de governo do PT e por que não fizeram essa consulta pública? Não resolveram a questão ambiental da BR porque não quiseram, tempo teve;
- Já tem satélite suficiente para identificar ilícitos, e em alguns países satélites muito melhores do que tem o IPAAAM (acredito), então….
a) nenhum novo recurso financeiro deve ir para ONGs, deve ir direto para o IPAAM para ampliar ainda mais a tecnologia para agilidade no licenciamento ambiental (ainda vou falar sobre a licença ambiental em outra postagem) porque para identificar ilícitos já tem tecnologia suficiente;
b) nenhum novo recurso financeiro de Alemanha, Noruega, França, Estados Unidos deve ir direto para ONGs, mas, além do item 1 acima, para os órgãos que operam políticas e programas que gerem renda ao caboclo que preservou a floresta
04.10.2022
Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal aposentado, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: [email protected]