Ela ainda não completara trinta anos, mas tinha uma aparência triste, cansada. Chegou ao quarto, andando devagarzinho, e aproximou-se do berço do filho. Olhou para aquele corpo tão pequeno e tão limitado. Suspirou, sentindo uma dor muito grande em sua alma. O menino completara oito anos, mas tinha o tamanho de uma criança de três. Com lágrimas, que eram verdadeiras pérolas, a rolar pela face, perguntava a si mesma: Por que meu filho não representa o meu sonho? Não fala, não anda, nem mesmo pode se sentar, não ouve e mal enxerga vultos. O menino se mexeu, gemendo. Ela afastou os lençóis bordados, suspendeu-o nos braços e o colocou de encontro ao próprio coração. Quanto amor naquele gesto! Quanta ternura no beijo que lhe depositou na face pequenina. O carinho materno, em manifestação sublime, envolvia a ambos, unindo-os num amplexo de imensa luz. Devagarzinho, ela sentiu acalmar o coração. Sentou-se e elevou os pensamentos aos mundos de Luz, recebendo os eflúvios fortalecedores do Astral Superior. Sentiu-se renovada para completar sua tarefa junto àquele espírito que recebera como filho. Com o coração aliviado pelo novo rumo dos pensamentos, sentiu envolver-se em serenidade e confiança. Então, prometeu a si mesma que quanto mais o pequeno precisasse, mais ela se doaria para tornar os seus dias cheios de amor e paciência. Quando uma criança portadora de necessidades especiais reencarna, esse lar passa a ser centro de atenções espirituais. Um farol imenso ilumina o lar e os familiares, expandindo-se, alcançando os corações sensíveis e amorosos. E todos os que se prontificarem a auxiliar, de alguma forma e em algum momento, estarão também envolvidos e refletindo essa luz. Aqueles que elevarem os pensamentos irradiando amparo e assistência ao necessitado, seus familiares e cuidadores, estarão em sintonia com os ensinamentos racionalistas cristãos. Portanto, sempre que vemos dificuldades e nos dispomos a ajudar, espalhando fraternidade, nos tornamos agentes das Forças Superiores que age, no mundo, através das pessoas de boa vontade.
Jamil Merched Chaar.