Dentro de um enfoque sistêmico, os impactos da exclusão da diversidade são negativos para as organizações. Em primeiro lugar, o ambiente organizacional se torna limitado às concepções de determinados segmentos predominantes e isto empobrece a capacidade de identificar problemas, propor soluções, promover interações criativas, comprometendo inclusive a qualidade do planejamento estratégico. Em segundo lugar, o desenvolvimento de novos produtos para o mercado se torna mais restrita e pode ocasionar perda de atratividade da clientela oriunda de segmentos importantes, citando como exemplo, as mulheres e os afrodescendentes, que representam a maioria da população, mas quase sempre estão sub representados nos espaços de poder, como nos escalões decisórios da maioria das organizações. Em terceiro lugar, as organizações que não promovem a inclusão da diversidade correm sérios riscos de prejuízos de sua imagem pública e de sua própria credibilidade, o que pode prejudicar as estratégias de marketing para competividade no mercado. Finalmente, ao agirem com sentido de excludência no processo de admissão e de progressão interna de pessoal, as organizações perdem talentos valiosos, pessoas com capacidades especiais e grande potencial evolutivo, que poderão ser atraídas por outras organizações, inclusive aquelas com as quais compete diretamente.
Na Educação Pública, ações afirmativas tem se mostrado eficientes para ampliar a inclusão de segmentos importantes da sociedade, como afrodescendentes, pessoas com deficiência e cidadãos oriundos de famílias de menor renda. Nas empresas de comunicação, especialmente na televisão, as principais emissoras evoluíram com o ingresso, a permanência e a valorização de mais mulheres, mais afrodescendentes e das pessoas com diferentes orientações sexuais. Neste contexto, isto expressa, além do respeito, um estímulo valioso para pessoas talentosas de modo geral, independente de orientação sexual, religião, credo filosófico, ideologia, cultura, idade, local de moradia e etnia. Trata-se de bons exemplos de promoção da inclusão da diversidade, um oriundo do setor público e outro do setor privado.
Estratégias importantes para evitar a exclusão sedimentada de pessoas com identidades próprias devem se iniciar no processo de seleção de recursos humanos, que devem priorizar o ingresso de indivíduos talentosos, com tendências positivas de inteligência emocional e comprometimento profissional, sem discriminações contra a diversidade. Ao reverso, as organizações precisam promover a inclusão de pessoas que compõe o universo da diversidade de onde atuam.
Além disso, a própria cultura organizacional deve expressar com clareza valores éticos de inclusão e de repúdio a quaisquer formas de preconceito e de exclusão. Nessa direção, é importante promover estes valores nos relacionamentos internos e na aprendizagem organizacional, verificando sistemicamente se estão sendo devidamente praticados. Workshops, palestras, atividades de integração de esporte, cultura e lazer podem auxiliar neste processo. Na análise de admissão, permanência e ascensão profissional dos colaboradores, é possível observar a diversidade de pessoas que ingressaram, permaneceram e ocupam funções de liderança. Assim, as lideranças podem promover avaliações qualitativas da inclusão da diversidade nas organizações. Estas avaliações podem ser feitas com suporte de pesquisas internas, feedbacks e outros instrumentos de gestão e de planejamento estratégico. Por fim, pesquisas externas podem aferir os efeitos da inclusão interna da diversidade, sem esquecer da própria estratégia de marketing para o mercado e da medição dos resultados das vendas associados aos diversos segmentos do público consumidor.
Nesse sentido, é necessário incrementar a inclusão social nas organizações públicas e privadas, enfrentando e superando os preconceitos que ainda estão enraizados na sociedade brasileira e, por consequência, nas organizações, de modo explícito ou disfarçado. É certo que a Educação tem um papel importante neste processo, mas cada um de nós pode e deve ajudar a combater a discriminação e a promover uma cultura de respeito à diversidade.