16 de setembro de 2024

  Os desastres climáticos e suas consequências

Nilson Pimentel (*)Os últimos acontecimentos não têm sido fáceis para a sociedade amazonense, tanto na área social, ambiental, político e econômico, e para o Brasil, que ainda bem que não se perdeu o direito à liberdade de expressão, nem a liberdade em mídias digitais que eles querem controlar, pois as transformações e mudanças estão em ritmo acelerados, realmente não é um país para amadores! Salve o Dia internacional do Meio Ambiente!!! Nesse dia icônico mundialmente “festejado”, a Amazônia mereceria atenção especial por parte do governo brasileiro, mas não foi o que aconteceu, haja vista outros desastres ambientais em curto prazo os quais atingirão esse bioma, porém nada aconteceu mais uma vez!!! Entretanto, a sociedade amazonense acredita que o Rio Grande do Sul e sua população de gaúchos merecem todas as atenções, voluntariados e auxílios materiais, empatias e ações do governo federal para reconstrução deste importante Estado da Federação do Brasil. Essa tragédia ambiental que ocorreu no Rio Grande do Sul, exceto as acusações criminosas sobre aberturas de comportas, volta às discussões sobre o que cidades como Porto Alegre e demais cidades litorâneas e aquelas às margens de grandes rios  podem fazer para combater desastres ambientais como essa ocorrência. Deixando de lado discussões sobre inépcias de governos, principalmente o federal, alguns especialistas defendem que algumas das medidas sugeridas defendem o uso da natureza para evitar novas inundações e enxurradas das águas são capazes de causar danos e perdas de vidas, tais como, aquelas que vão desde a restauração de áreas verdes até mudanças no desenho urbano para que ele seja compatível com a paisagem natural de cada cidade. As ideias naturais ganham força no contexto das ocorrências das mudanças climáticas, por poder tornar o espaço urbano mais sujeito às intempéries da natureza. Os economistas-pesquisadores do CEA (Clube de Economia da Amazônia) lembram que as ditas soluções baseadas na natureza são o conjunto de medidas que visam a “proteger, restaurar e manejar sustentavelmente ecossistemas modificados e naturais”, de acordo com a Organização União Internacional para a Conservação da Natureza em 2016. Assim, tratam essas ações que buscam responder grandes desafios como mudanças climáticas, enchentes, severas secas, a escassez de água e o aumento das temperaturas, dentre outras. Essas tais soluções são consideradas alternativas às chamadas “soluções tradicionais” (também conhecidas como “infraestrutura cinza”, ou seja, obras de concreto). Aqui em Manaus, os poderes responsáveis pela cidade-estado Manaus, ainda não fazem nada para “salvar” os ex-belos igarapés que entrecortam a capital, e ainda concorrem para poluir o último manancial da cidade, que é a bacia hidrográfica do Tarumã-Açú. O pessoal do CEA identificou algumas soluções apontadas: RESTAURAÇÃO DE ÁREAS VERDES – A restauração de paisagens e florestas no entorno de mananciais  recupera áreas degradadas e traz a natureza de volta para perto dos corpos d’água. A medida busca reabilitar a capacidade da vegetação em reter sedimentos, melhorar a infiltração da água no solo, reduzir a velocidade da água e contribuir para a drenagem; RENATURALIZAÇÃO DE RIOS E CÓRREGOS – A recuperação ou renaturalização de rios busca aproximá-los ao máximo de suas características originais (como seu curso e traçado original), dentro das possibilidades locais. A medida ajuda a melhorar a qualidade da água e diminui o impacto de chuvas intensas, um dos motivos pelos quais as cidades estão sujeitas a inundações é a canalização de rios, que correm geralmente em linha reta, em ritmo mais rápido que o do seu curso original; PARQUES LINEARES – Parques lineares são extensões de vegetação que podem ser associadas a projetos de infraestrutura, tendo várias funções, como evitar erosão e assoreamento de rios, conter inundações ou conectar fragmentos de vegetação na malha urbana, assim, podem também oferecer vias de transporte para ciclistas e pedestres, assim como áreas de lazer; JARDINS FILTRANTES – Vários ecossistemas naturais têm capacidade de purificar a água por meio de filtragem e retenção de contaminantes, como brejos e manguezais, pois os alagados construídos (ou wetlands) podem tratar água contaminada por poluição antes que chegue aos corpos de igarapés e rios; JARDINS DE CHUVA – Jardins de chuva são estruturas normalmente formadas por depressões no solo, preferencialmente recobertas por vegetação e quando há chuvas, eles acomodam o excesso de água, retardando sua entrada no sistema de drenagem urbana;  TELHADOS VERDES – Telhados verdes são coberturas formadas por vegetação instaladas em edificações, eles contribuem para reduzir as áreas impermeáveis das cidades e diminuir tanto a quantidade e como velocidade do escoamento superficial; CIDADES-ESPONJA – Cidade-esponja é um conceito de cidade capaz de lidar com o excesso de águas da chuva, usando diferentes tipos de soluções baseadas na natureza, associadas ou não à drenagem convencional que podem também adotar técnicas de construção consideradas sustentáveis e novas regulamentação do uso do solo. Todas essas soluções baseadas na natureza podem ter várias vantagens em relação à “infraestrutura cinza” ou tradicional, elas ajudam a conservar a biodiversidade, elas melhoram os chamados serviços ecossistêmicos (como sequestro de carbono, beleza estética e controle de ilhas de calor), todas essas soluções apontam as específicas ações para combater as inundações e tendem a aumentar a permeabilidade do solo (em contraposição ao concreto, que favorece o acúmulo de água), por exemplo.  Ressalte-se que o pessoal do CEA, lembra que o meio ambiente é nossa casa, desde o ar que respiramos até a água que bebemos e a comida que comemos, dependemos da natureza para o nosso dia a dia e para a estabilidade da economia de qualquer país do mundo. Em 2023, o Brasil ficou em quarto lugar na lista de países que tiveram as maiores perdas econômicas associadas a eventos climáticos extremos, que em geral podem ser associados às mudanças climáticas, porém ao todo, 93% dos municípios brasileiros registraram episódios de calamidade pública e só com reconstrução de habitações destruídas já foram gastos mais de US$ 5 bilhões nos últimos dez anos, fora esse desastre climático do Rio Grande do Sul que  os desastres ambientais não são as únicas fontes de prejuízos econômicos relacionados à falta de proteção do meio ambiente. Vale destacar que estudos avaliam que a renda das pessoas também pode diminuir 19% globalmente, como consequência das mudanças climáticas, e no Brasil deve ser um dos países mais afetados em 2024. Além ainda da intensificação das emergências sanitárias e riscos à saúde, como no caso da pandemia da Covid-19 ou no aumento de casos de dengue que atualmente afeta o Brasil, que causam enormes prejuízos financeiros e são potencializados pelas mudanças do clima. Ressalte-se que com 100% da economia sendo dependente da natureza, mundialmente, é preciso direcionar o fluxo de capitais para fortalecer políticas públicas para impulsionar o desenvolvimento econômico sustentável em atividades produtivas que ajudem a proteger e recuperar a natureza, como a sociobioeconomia, as agroflorestas ou o poderoso agrobusiness em geral possa regenerar a economia mundial. Se pode recomendar que com todas essas opções de ações a serem adotadas por responsáveis pelo pode público, será possível eliminar, ou pelo menos reduzir/minimizar, impactos ambientais em cadeias de produção, na vida de cidadãos, no agrobusiness em geral, na diversificação agrícola e o direcionamento da produção para áreas já abertas sem risco ambientais aparentes e monitorados, freando o desmatamento e protegendo a qualidade do solo e com gestão responsável das águas. Por outro lado, sem embargo de conotações ideológicas, como pregoa a ministra do meio ambiente (o contrário) sobre a recuperação da Br-319  – instrumento fundamental ao desenvolvimento econômico regional do estado do Amazonas. (*) Economista, Engenheiro, Administrador, Mestre em Economia, Doutor em Economia, Pesquisador Sênior, Consultor Empresarial e Professor Universitário: [email protected]

Nilson Pimentel

Economista, Engenheiro, Administrador, Mestre em Economia, Doutor em Economia, Pesquisador, Consultor Empresarial e Professor Universitário: [email protected]

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