Os veículos elétricos (VE) são considerados tecnologias chaves para ajudar a descarbonizar o transporte rodoviário, setor responsável por 16% das emissões de CO2 em nível global. Então quais países estão sendo modelos em desenvolver, produzir e estimular a sua população a migrar para veículos elétricos?
De acordo com o Banco de Dados da EV Volumes <http://bit.ly/3ZjsCWD>, enquanto as vendas globais de veículos leves caíram 0,5%, a venda global de veículos elétricos continuou forte, com recorde de 10,522 milhões de BEVs (Veículo Elétrico a Bateria; 73% das vendas) e PHEVs (Veículo Híbrido Plugável; 27% das vendas) entregues em 2022, um aumento de 55% quando comparado com 2021.
O destaque é a China, que sozinha abocanhou 59% das vendas globais de VEs, cuja base de manufatura entregou cerca de 6,7 milhões de unidades, dos quais, 580 mil foram exportados, maioria (407 mil) por marcas ocidentais, tais como Tesla, Volvo, BMW, etc.
E uma análise feita com foco em longo prazo, pela Visual Capitalist <http://bit.ly/3lKe3xw>, compreendendo o período de dez anos, entre 2011 e 2021, traz alguns resultados interessantes, a saber:
Primeiro) em 2011 cerca de 55 mil VEs foram vendidos no mundo, dez anos depois, já eram 6,8 milhões, mostrando assim um crescimento exponencial nos últimos dez anos. E países com visão de futuro, que saíram na frente, estão ganhando muito dinheiro com esse tipo de investimento.
Segundo) entre 2011 e 2015, as vendas globais de VEs cresceram anualmente a uma taxa média de 89%, com um terço delas ocorrendo apenas nos EUA. Para se ter ideia, em 2014, EUA era o maior mercado deste tipo de veículo, seguido pela China, Holanda, Noruega e França. No entanto, em 2015, a situação mudou, já que as vendas de VEs na China alcançaram um extraordinário aumento de 238% quando comparado a 2014, lançando este país para o topo até os dias atuais.
Terceiro) em 2021, os dez países que mais venderam VEs foram a China (3,5 Milhões; 51,7%), Alemanha (695.657; 10,2%), EUA (631.152; 9,3%), Reino Unido (326.990; 4,8%), França (322.043; 4,7%), Noruega (153.699; 2,3%), Itália (141.615; 2.1%), Suécia (138.771; 2%), Coreia do Sul (119.402; 1.8%) e Holanda (97.282; 1.4%).
No entanto, para encontrar os países mais amigáveis aos VEs, não seria recomendável utilizar o volume de vendas por país, pois países mais populosos como China e EUA tenderiam a dominar, por conta do seu tamanho populacional, enquanto o mais correto seria utilizar o indicador número de carros elétricos para cada 1000 habitantes registrados em determinado ano.
Neste sentido, pode-se recorrer a um levantamento publicado no site alemão Statista que lista os dez países com mais VEs per capita no ano de 2020, são eles:
1º) Noruega
Em 2020, havia 81 VEs para cada 1000 habitantes nesta nação. E o relatório Global EV Outlook 2020 <https://bit.ly/3m2fV2x> apontou que em 2019 a Noruega ficou em primeiro lugar com 55,9% (market share), saltando para 74,8% em 2020 <https://bit.ly/3xJTam8>. Para fins de comparação, em 2019, o Brasil representou apenas 0,1% do market share dos VEs. Em termos de market share para baterias para VEs, em 2019, a Noruega tinha 42.4%, enquanto no Brasil este índice era nulo, demonstrando assim o tamanho do atraso que estamos quando comparado com a nação que mais conseguiu dar acesso a sua população aos VEs.
Sobre os motivos pelos quais a Noruega está na frente, esse foi um processo gradual que teve início em 1989 quando o grupo A-há e a ONG Bellona uniram forças para promover os veículos elétricos naquela nação, a partir daí, o Governo Federal da Noruega lançou uma série de políticas, subsídios, eliminação de impostos e programas para estimular a população a adquirir e usar VEs.
Por exemplo, em 2016, a Noruega se comprometeu a até 2025, ter todos os carros novos vendidos sendo apenas de emissão zero, sejam eles movidos plenamente a eletricidade ou a hidrogênio. E eles já estão quase lá, pois em 2022, 80% da venda de carros novos eram VEs.
Assim, a Noruega passa a ser um país interessante para ser estudado pelas autoridades e empresários que pensam em investir no setor, e para saber mais sobre as políticas e programas adotados, basta ler o artigo sobre o assunto que já foi publicado no JC-AM no dia 23 de agosto de 2021 <http://bit.ly/40JHSgJ>.
2º) Islândia
Em 2020, havia 37 VEs para cada 1000 habitantes nesta nação.
Parte do sucesso da Islândia pode ser entendida ao ler o Plano de Ação Climática 2018-2030, lançado pelo Primeiro-Ministro em 10/09/18 <https://bit.ly/3DqQSw9>, que visa impulsionar os esforços em reduzir as emissões, a fim de cumprir as metas do Acordo de Paris em 2030 e alcançar a ambiciosa meta de tornar a Islândia neutra em carbono até 2040.
Ao todo, o plano tem 34 medidas públicas classificadas em três grandes grupos, cujos detalhes já foram explicados em artigo publicado no JCAM no final de agosto de 2021 <http://bit.ly/3z7F6Gl>.
Bem, os demais oito países considerados amigáveis aos VEs são: 3º) Suécia (20.6 VE/1000hab), 4º) Holanda (10.7 VE/1000hab), 5º) Alemanha (8.5 VE/1000hab), 6º) Reino Unido (6.7 VE/1000hab), 7º) França (6.5 VE/1000hab), 8º) EUA (5.2 VE/1000hab), 9º) China (3 VE/1000hab) e 10º) Coreia do Sul (2.9 VE/1000hab). E o que há de comum na maioria deles?
Resposta1: Um plano, estratégia, roteiro ou programa de longo prazo alinhado com os objetivos e metas acertadas no Acordo de Paris em 2015.
Resposta2: Um arcabouço de medidas e estímulos governamentais para estimular a indústria a desenvolver novos VEs, bem como regulamentar, preparar gradualmente a infraestrutura, treinar os trabalhadores para então estimular a população a ter seu VE.
Finalmente, Noruega, Islândia, Suécia, Holanda e Alemanha são os países mais amigáveis aos VEs e nestes links <https://bit.ly/3FSCUoY; http://bit.ly/42Cx7hQ e http://bit.ly/3nsASWV> há políticas que estão sendo utilizadas por vários países para promover os VEs, bem como a abandonar a venda de veículos movidos à gasolina. Oxalá, um dia, possamos ter governantes e políticos sérios em nosso país, com visão para implantá-las, especialmente no transporte público, já que nossa população sofre diariamente com problemas graves de mobilidade, com veículos velhos, poluentes, barulhentos, alguns até repintados se passando por novos.