Os senhores de roma – memórias do imperador Augusto

Em: 9 de janeiro de 2025

A história de Roma antiga sempre inspirou a cultura ocidental, a ponto de a matéria de saída do curso de Advocacia se traduzir no direito Romano, ciência estudada por este signatário quando cursou aquela faculdade. Sucede, o assunto na figura de Augusto fundador do Império Romano e seu primeiro imperador foi objeto de um livro escrito por Allan Massie, nascido em Singapura em 1938, tendo passado a infância e a juventude na Escócia, e mais tarde estudou história no Trinity Collrge, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. “Mestre do romance histórico do passado distante,” como definiu Gore Vidal, Massie é autor de mais de 25 obras de ficção, com destaque para a série dedicada a importantes personagens do Império Romano. É o caso presente.
Augusto governou durante 41 anos, de 27 a.C. até sua morte em 14 d.C., e deu início à Pax Romana, um longo período de relativa paz conquistado pela força das armas, tendo sido o imperador que mais tempo reinou sobre Roma e, segundo o historiador Suetônio, sua trajetória pode ser condensada na célebre frase que teria pronunciado em seu leito de morte “Encontrei uma Roma de tijolos e deixo uma Roma de mármore”.
Entre os diversos livros de não ficção de Massie, incluem-se perfis de cidades como Glasgow, Aberdeen e Edinburgo. Membro da Royal Society of Literature e Comendador da Ordem do Império Britânico, Massie também é jornalista e crítico literário, e recria o imperador na velhice, escrevendo regularmente para vários jormais escoceses.
Parte dos registros das memórias de Augusto, foram descobertos na restauração de um mosteiro na sua própria trajetória. Assim, por meio de uma narrativa literária perpicaz, Massie converte a obra em uma autobiografia, fazendo surgir, das páginas da história e da ficção, um homem astuto, implacável, mas também generoso e digno de admiração.
Augusto abrange duas fases de períodos diferentes da vida do imperador e que também estão presentes nas memórias originais. A primeira parte traz um imperador confiante, vigoroso e dono de triunfos. Na segunda, a atmosfera sofre uma transformação radical. São memórias introspectivas de um homem sobre a própria existência e feitos, nas quais analisa o sentido da vida e demonstra temor pela segurança do império que construiu. Disse a certa altura “Como é repleta de ilusões a nossa jornada sobre a Terra! É como se caminhássemos por uma trilha cortada no meio de uma floresta sombria. Porque permanecemos na trilha e conseguimos avançar, temos a impressão de que controlamos o nosso destino.”
Sucede, nada nos últimos tempos despertou tanto interesse e causou tanta especulação quanto a descoberta, no Mosteiro de São Cirilo e São Metódio, na Macedônia, em 1984, da até então autobiografia perdida ou também conhecida como Memórias do Imperador Augusto. Acreditava-se que o livro, mencionado por Suetônio e por outros escritores da Antiguidade, estivesse irremediavelmente perdido para todo o sempre, sendo que a cópia, parece ter sido feita possivelmente por algum dignitário franco, sendo que certamente as circunstâncias da descoberta comprovam esta teoria porque a cópia foi escrita no latim original e não em uma tradução em grego, como seria de se esperar.
Um rápido exame da cópia do manuscrito já dissipa qualquer dúvida sobre a sua autenticidade. É obviamente da autoria do Imperador Augusto e, como tal, uma contribuição impar para o conhecimento da Antiguidade.
A reputaçao internacional do mestre é tamanha que ninguém pode questionar sua autoridade. Pode-se, pois, quedar-se descansado, visto que estas são realmente as Memórias de Augusto, traduzidas para o inglês pelo novelista e historiador Allan Massie, autor de um primoroso, apesar de derivativo, estudo sobre os Césares.
Alguns estranharam a escolha de um novelista para fazer a tradução, mas a decisão, entretanto, foi baseada na natureza das próprias Memórias, que apresentam muitos diálogos, cenas dramáticas e apresentação comovente dos personagens, ou picante demais, cheias de gírias modernas. Deve-se reconhecer essas críticas, mas em defesa do tradutor deve-se dizer que o latim do próprio Augusto é cheio de expressões nunca antes encontradas na literatura clássica e que o estililo das Memórias vai do extremamente coloquial a trechos de uma beleza serena e formal.
As memórias compreendem dois livros escritos em diferentes períodos da vida de Augusto. Juntos, eles apresentam uma cronologia razoavelmente coerente, visto que o segundo livro começa aproximadamente onde o primeiro termina, sendo que o primeiro é autoconfiante, exuberante, uma história de triunfos. O segundo é muito mais sombrio. Contudo, deve-se reconhecer que é a segunda parte das Memórias, onde o imperador, preocupado, reflete sobre o curso da sua vida, que procura descobrir o seu sentido e tentar organizar uma filosofia própria mais atraente em sua intensidade. Sabemos, por meio de Suetônio , que em seu leito de morte Augusto perguntou: Como representei meu papel nesta comédia da vidfa?
Uma observação final: as datas apresentadas nesta introdução e no texto obedecem ao sistema atual. Isto é pouco acadêmico, Augusto, naturalmente, datava os acontrcimentos a.u.c. (ab urbe condita):a partir da fundação da cidade), Allan Massie, no entanto, solicitou que empregássemos o sistema a.C e d.C. argumentando futilmente que todos entendessem este sistema que parece menos distante”.

É advogado (OAB/AM 436). Cursou Direito, Comunicação Social (Jornalismo), Contabilidade, Oratória, Articulista. Contato:@boscojackmonthadvogados.com.br.

Bosco Jackmonth

* É advogado de empresas (OAB/AM 436). Contato: [email protected]
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