A intenção dos gestores do setor primário sempre foi positiva ao procurar firmar parceria com BB, Basa e/ou Caixa para o crédito rural avançar no Amazonas, mas a questão da falta de agilidade no licenciamento ambiental com base no código florestal no Amazonas já vem de décadas. Sem falar na lentidão na regularização fundiária. Tenho visto que o Sistema Sepror, via Idam, e com o Banco da Amazônia, estão capacitando técnicos para elaborar projetos, mas sem contar com o licenciamento ambiental ágil tudo vai continuar na mesma, os avanços continuarão pontuais, mas a fome e o desemprego bem amplos.
No meu blog Thomaz Rural resgatei algumas fotos antigas onde mostram que o acontecido recentemente entre o Idam e BB não é coisa nova, já aconteceu em governos passados, e até na gestão anterior à atual, mas não anda. São os dados do crédito rural que estão no site do Banco Central do Brasil que confirmam o que venho alertando há décadas.
Em 2021, a participação do Amazonas foi de apenas 0,07% dos R$ 39 bilhões disponíveis para o agronegócio familiar. Isso vem desde 1999, nenhum presidente ou governador resolveu esse entrave. Temos o mesmo código florestal, mas nos outros Estados a coisa evoluiu no âmbito do Pronaf, aqui não.
Repito, nem os pronafs agroecológicos andam por aqui. Tá na cara que tem algo errado. Os agentes financeiros dizem claramente nas reuniões onde estão os gargalos, mas alguns gestores da área ambiental do Estado não insistem com o executivo para mudar essa realidade. Disse isso ao amigo governador Wilson Lima quando ainda estávamos na campanha. Wilson tem até dado ordem nessa direção para a área ambiental, mas não anda. Fiz e continuo fazendo minha parte em alertar. A planilha extraída do site do Banco Central (divulgada no meu blog Thomaz Rural) relata nossa dura realidade. Tecnologia só existe para identificar queimadas e multar (sei que é correto, mas e para agilizar quem tá correto, cadê a tecnologia?).
Já sugeri à Aleam que faça uma comitiva e visite os outros Estados. Aprender com eles…
Vejam nas fotos que estão no blog se tem alguém da área ambiental nesses momentos em que os gestores assinam parceria com os agentes financeiros (BB, Basa e Caixa) para acessar o crédito rural. Se tiver, me mostrem!
Outro detalhe! Vejam nas fotos da produção de grãos no sul do Amazonas, todas autorizadas pelo Ipaam (órgão vinculado à Sema, vide organograma), se você identifica alguém da gestão da área ambiental ao lado do governador quando ele visita os campos naturais e propícios para essa atividade. Fica a impressão que é algo errado que está acontecendo, que o governador está visitando. Isso não pode continuar! Ao lado do governador deveria estar todo os Sistemas Sepror e Sema na produção de grãos no sul do Estado, não somente na canoa durante a pesca do pirarucu manejado. Importar esse insumo (milho e soja) de outros Estados tem custado o fim das atividades de vários criadores rurais.
Sinceramente, com essa distância da área ambiental do setor produtivo primário penso que na próxima gestão o ideal seria criar uma união dessas secretarias porque não existe crescimento que não seja sustentável. E a fome no interior e na capital tem pressa, estamos perdendo para o tráfico de drogas, prostituição e por aí vai….
Será que a Alemanha, Noruega, França e afins vão deixar unir essas duas secretarias? Penso que não, é melhorar separado, afinal de contas eles estão “ganhando” esse jogo de goleada...97% preservado e 2 milhões passando fome, sem crédito de carbono, sem REDD+, sem concessões florestais. Apenas o imoral bolsa floresta de R$ 50 e R$ 100. Se nem a gente valoriza esse serviço ambiental, imagina o mundo. Mas é fácil entender o motivo dele ter sido criado há alguns anos atrás e com um valor de miséria, ou seja, para mostrar que está faltando dinheiro no Amazonas para manter a floresta em pé. Além disso, a área ambiental já enrolou o ZEE por mais quatro anos. Sempre é bom lembrar que o Ipaam está diretamente ligado à Sema, é só olhar o organograma. Não é verdade que ZEE (até 2021 era) e licenciamento ambiental não são responsabilidades da Sema, ou seja, pautas que o gestor da Secretaria de Meio Ambiente deve priorizar em função da necessidade do Estado criar alternativas ao modelo PIM/ZFM. Um dia isso muda…não sei quando! Quem passa fome espera dias melhores, bem melhores.