Por Juarez Baldoino da Costa(*)
Independentemente das causas, o que a imprensa vem noticiando é que as estruturas de monitoramento, proteção ou defesa da Amazônia brasileira colapsaram, ao fim de um processo que vem se intensificando e consolidando há mais de 40 anos.
No início, e sem entrar no mérito dos inegáveis benefícios econômicos e sociais, a forma de ocupação foi uma opção, e depois saiu do controle.
Ao deixar de lado a narrativa política que normalmente procura amenizar a realidade, e passar a tratar da análise dos fatos, se identifica que o que vigora na região é uma estrutura em grande medida à margem da lei em relação às ocupações e uso dos territórios.
A quantidade de desmate e de queimadas são indicativos técnicos insofismáveis, e não há narrativa que possa contornar este quadro.
O tamanho da região sempre foi e continua sendo o principal motivo, senão o único, da dificuldade história de sua gestão, onde todo esforço canalizado se rarefaz. A extensa área amazônica é o que mais facilita sua exploração irregular, sem cercas, sem sentinelas e sem câmeras.
Outra das consequências de seu tamanho é a impossibilidade, até agora, de compatibilizar políticas federais alinhadas entre si para os 9 estados e seus 750 municípios; é o caos natural de uma democracia.
O excesso de queimadas, mesmo que em parte originário do clima de calor intenso, inclusive pelos tais “efeitos climáticos”, ocorre nas áreas de bordas de estradas e de campos; a floresta quando não tocada não oferece material para combustão.
O Brasil não dispõe ou não disponibiliza recursos suficientes para executar o que declara e deseja para a Amazônia, e mesmo que dispusesse, não há tecnologia que consiga debelar incêndios, nem também no Canadá ou na Califórnia.
Nos incêndios de 2022 na Amazônia, Israel enviou ajuda através de uma tecnologia de produtos químicos, cujo alcance foi restrito em se tratando das condições do território.
Mesmo com esta tecnologia Israel não conseguiu controlar os incêndios perto de Jerusalém em agosto de 2021.
Como não há tecnologia e os recursos são escassos, para a Amazônia só restaria evitar acumulo de material combustível monitorando e controlando campos e desmates, mas são ações até então consideradas impraticáveis. Sem a base para combustão não haveria como sustentar incêndios.
Este é o quadro que demonstra o colapso florestal da Amazônia em sua parte ocupada e que ainda não tem horizonte de solução.
Quando a chuva é a única solução, o futuro é uma incógnita.
(*) Amazonólogo, MSc em Sociedade e Cultura da Amazônia – UFAM, Economista, Contabilista, Professor de Pós-Graduação e Consultor de empresas especializado em ZFM.