Pesquisar
Close this search box.

Pesadelo chamado Pasadena

Em 2015 escrevi este artigo para um jornal local, antes de conhecer os desmembramentos que haveriam de ser expostos ao Brasil inteiro e ao mundo. Nesse momento, mais de sete anos depois, quando a quadrilha se reorganiza para dar novo rombo (com o aval de parte da população) na empresa , que dizem ser dos brasileiros, acredito que o artigo se revelou premonitório. Eis o artigo original.

PESADELO CHAMADO PASADENA

A Petrobras era avaliada no mercado em 380 bilhões de reais quando fez um mau negócio no valor de 2,5 bilhões comprando uma refinaria em Pasadena, no EUA.  Para nos situarmos, seria o mesmo se uma família, que tem um patrimônio de 380 mil reais comprasse um equipamento por R$2.500,00 e verificasse que ele não funciona. Mas, porque não cuidou na instalação, não pode devolvê-lo. Vender para outro? Só se for por R$ 150,00. Um equipamento caro de repente se transforma em um trombolho que ninguém quer e ninguém usa. Um mau negócio que gera um desconforto na família, mas não ameaça o patrimônio de trezentos e oitenta mil reais.

O que faria esse patrimônio despencar de 380 para 179 mil reais como, respeitadas as proporções, aconteceu com a Petrobras? A cerca deteriorou? Uma árvore caiu em cima da casa? Roubaram os móveis, eletrodomésticos e o carro? Foi uma desgraceira que se abateu sobre a família e todas as pragas vieram ao mesmo tempo? Ou foi o chefe da família que não zelou e autorizou os filhos a negociarem os bens da casa como bem entendessem?

Todas as empresas têm em seu histórico negócios bem feitos e outros não tão bons. Todas as empresas investem uma parcela do seu patrimônio em negócios de risco. No caso, a Petrobras arriscou meio por cento do seu valor de mercado num negócio. Revelou ser um péssimo negócio e perdeu. Isso seria suficiente para derrubar o valor dela para a metade? O Mercado Internacional de Avaliação de Patrimônio não é tão cruel assim. O que colocou petróleo no tobogã foi a avaliação da falta de seriedade na empresa.

Os gastos mal planejados de Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco já somam o equivalente a quinze vezes Pasadena. A sociedade com a PDVSA de Chávez e o posterior calote precisa ser explicado. Por que o governo Lula fez um acordo com a estatal Venezuelana se ela nunca entrou com dinheiro? Os quatro bilhões previstos inicialmente já ultrapassam os quarenta. A Comperj, no Rio de Janeiro deveria custar 14 e custará 70 bilhões de reais com um “pequeno” atraso de dez anos. Ainda existem os mal explicados negócios com as empresas de Eike Batista, os prejuízos na Bolívia… Começa a faltar caixa na gigante estatal que pisa no freio. Pisar no freio significa fechar o mercado de trabalho para jovens que passaram anos se especializando na área de petróleo e agora vão trabalhar como garçons ou camelôs.

Tudo na Petrobras é grande, gigantesco. O caso Pasadena – pequeno, ante o gigantismo da estatal – mostra apenas o descaso com que os negócios são tratados. Descasos que podem enriquecer alguns e empobrecer a muitos. Se o caso gerou propinas – e é isso que se pretende apurar – apenas dez por cento desse “pequeno negócio” significam duzentos e cinquenta milhões de reais, que é mais que 98% das pessoas no mundo consegue amealhar durante toda a sua vida. Um por cento na Comperj seriam setecentos milhões.

O que começa a ficar claro para os brasileiros é que o medo de se tornar público um pequeno mau negócio pretende manter sob a coberta muitas outras negociatas que fizeram com a querida Petrobras, orgulho de todos os brasileiros que pensavam ser seus proprietários, perdesse seu valor e sua credibilidade. O mais triste de tudo é que rebaixou a credibilidade que o Brasil, como um todo, havia reconquistado.(Luiz Lauschner)

Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

No data was found
Pesquisar