Aristóteles Drummond
O Brasil com tantos problemas a resolver, o mundo vivendo um momento complicado e o presidente Lula dedicando tempo e esforços para uma presença internacional que não nos pode dar ganhos, e sim provocar problemas com importantes parceiros e tradicionais aliados.
A posição brasileira com viés de esquerda anda na contramão de nossos aliados históricos nas duas guerras, com a tentativa de uma presença que fracassou e gerou mal-estar. EUA e União Europeia estão com a Ucrania e Israel, e o Brasil, no mínimo, deveria adotar uma postura distante, uma vez que nada envolve diretamente o interesse nacional. No mais, tanto a Ucrânia como Israel foram e são vítimas de agressões.
Agora o protagonismo se volta para os BRICS, que se transformam em importante polo de oposição aos EUA e à União Europeia. A presença do Irã no grupo, saudada com entusiasmo pelo Brasil, choca a comunidade israelita brasileira. O mal-estar vem a se juntar às reiteradas declarações de condenação à reação israelense em território palestino, sem uma palavra pela libertação dos reféns e um cessar-fogo definitivo e fiscalizado pela ONU. Mas essa proposta o Brasil não fez nem fará.
O ano se inicia com a tentativa do uso do comércio entre os países membros do BRICS de outra moeda que não o dólar. Estes países representam, mais ou menos, um quarto do comércio mundial e certamente abalaria a moeda e a imensa dívida pública americana. Claro que os EUA reagirão, certamente com apoio na União Europeia. O que o Brasil pode ganhar com isso?
A reunião dos líderes mundiais prevista para novembro próximo, no Rio de Janeiro, já começa com especulações de que “Putin será bem-vindo” quando o líder russo sofre restrições por decisão de tribunal internacional. Uma provocação em cima da outra.
O ano já não será fácil na economia e na política. Este tipo de postura certamente não é bem vista por eventuais investidores. Muito menos FMI, Banco Mundial e outros organismos internacionais.
Foi-se o tempo em que as linhas de nossa política externa eram ditadas pelos ensinamentos do Barão do Rio Branco, que nos permitiu exibir ao mundo um time de excelência com Oswaldo Aranha, Vasco Leitão da Cunha, Mário Gibson, Negrão de Lima, Magalhães Pinto e outros. Até recentemente, o Itamaraty reunia uma seleção de diplomatas como Frank Thompson Flores, Pio Corrêa, Felipe Seixas Corrêa, Antônio Corrêa do Lago, Marcos Azambuja, Roberto Campos, Alberto da Costa e Silva, que ajudaram a formar diplomatas relevantes, hoje marginalizados.
Esta questão vai gerar problemas e constrangimentos. Quem viver verá!