Hoje é dia das Crianças e também o dia Nacional da Leitura, razão pela qual o artigo apresenta uma reflexão sobre hábito da leitura prazerosa e a importância dela para preparar nossas crianças e jovens para a sociedade do conhecimento.
A leitura é a porta que nos conduz ao conhecimento e este meio pode ser aberto para informar, estudar, ou se divertir pela leitura prazerosa. E o hábito da leitura é um grande aliado para o cérebro e a saúde mental <https://bit.ly/3CF4JAJ>, melhor ainda quando a atitude ocorre de forma espontânea, independente, voluntária, lúdica ou recreativa.
Neste sentido, o artigo <https://bit.ly/3VcFKMr> do Departamento para Educação do Governo do Reino Unido, apresenta algumas evidências sobre este tipo de leitura, as quais deveriam estar na pauta dos debates entre os candidatos durante as eleições, ou embasar a formulação de políticas ou projetos educacionais, tais como:
1) um estudo publicado por Clark e Douglas (2011) aponta relação positiva entre frequência de leitura, prazer de leitura e melhor desempenho dos jovens <https://bit.ly/3EweP8m>;
2) O prazer de ler tem sido relatado como mais importante para o sucesso educacional das crianças do que o status socioeconômico de sua família (OCDE, 2002);
3) Ler por prazer está associado à proficiência em leitura. E o PISA descobriu uma diferença crucial entre os alunos que se saem bem e os ruins na avaliação da leitura <https://bit.ly/3fWJVM0>. Segundo eles, estudantes com melhor desempenho são os que leem diariamente por prazer e não pelo tempo que eles passam lendo. Em média, os alunos que leem diariamente por prazer obtêm o equivalente a um ano e meio de escolaridade melhor do que aqueles que não o fazem (OCDE, 2011);
4) Há uma relação positiva entre atitudes positivas em relação à leitura e a boa pontuação nas avaliações de leitura (Twist et al, 2007);
5) A leitura regular de Estórias ou Romances em ambientes fora da escola está associada ao desempenho mais alto dos alunos nas avaliações de leitura (Pirls, 2006; PISA, 2009);
6) Evidências sugerem que ler por prazer é uma atividade que tem consequências emocionais e sociais (Clark e Rumbold, 2006);
7) Benefícios de ler por prazer incluem melhor compreensão do texto e da gramática, desenvolvimento de atitude positiva para a leitura, gostar de ler com o avanço da idade, aumento do conhecimento, etc (Clark e Rumbold, 2006);
8) Ter acesso a recursos e ter livros próprios impacta no desempenho escolar das crianças. E há relação positiva entre o número estimado de livros em casa e o desempenho das crianças (Clark, 2011);
9) E as crianças que têm livros próprios gostam de ler mais e o fazem com mais frequência (Clark e Poulton, 2011);
10) Um fator importante para desenvolver uma leitura prazerosa chama-se escolha, pois escolha e interesse estão altamente relacionados (Schraw et al, 1998; Clark e Phythian-Sence, 2008);
11) Os pais e o ambiente doméstico são essenciais para o ensino precoce da leitura e para a promoção do gosto pela leitura. E as crianças são mais propensas a continuar como leitores em lares onde os livros e a leitura são valorizados (Clark e Rumbold, 2006);
12) Ler por prazer é fortemente influenciado pelas relações entre professores e crianças e crianças e famílias (Cremin et al, 2009);
13) Há relação entre o uso da biblioteca e a leitura por prazer. Os jovens que usam sua biblioteca pública são quase duas vezes mais propensos a ler fora da sala de aula todos os dias (Clark e Hawkins, 2011);
14) Outros benefícios da leitura prazerosa são: a) ampliação do vocabulário; b) compreensão do texto e da gramática; c) maior autoconfiança; d) melhor entendimento de outras culturas; e) estimula participação comunitária; f) desenvolve visão mais ampla sobre a natureza humana e o processo de tomada de decisão.
Diria que outro grande benefício da leitura prazerosa é o desenvolvimento da habilidade para interpretar não apenas texto, mas também o contexto da vida diária, ajudando o(a) leitor(a) a ter uma visão mais crítica do mundo e a solucionar problemas diários. Neste sentido, recomenda-se a leitura deste artigo científico <https://bit.ly/3ExJWAr> publicado por Sikora et al (2019) na Revista Social Science Research, o qual aborda sobre como livros na adolescência aperfeiçoam a alfabetização, o numeramento e as habilidades para solucionar problemas tecnológicos ligados às Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) em 31 sociedades investigadas.
E quando analisamos os países com melhor desempenho em leitura, observamos pelo PISA de 2018, que entre 77 países, os dez melhores foram a China (555 pontos), Cingapura (549), Macau (525), HK (524), Estônia (523), Canadá (520), Finlândia (520), Irlanda (518), Coreia do Sul (514) e Polônia (512). Neste ranking, o Brasil ficou na 57a posição, estagnado desde 2008, valendo lembrar que nessa avaliação, nosso país teve desempenho muito abaixo das nações desenvolvidas ou da média de países da OCDE, considerados referências na qualidade de educação.
Para avaliações em nível nacional, recomenda-se a leitura dos seguintes relatórios:
R1) Indicador de Alfabetismo Funcional <https://alfabetismofuncional.org.br/>, o qual revelou que 3 de cada 10 brasileiros são analfabetos funcionais, 38 milhões de brasileiros, entre 15 e 64 anos, têm limitação para ler, interpretar textos, identificar ironias, e fazer operações matemáticas para resolver problemas diários.
Essa triste realidade é um terreno fértil para partidos e políticos oportunistas, se elegerem e se reelegem explorando a memória curta, as mazelas e ignorância de parcela da nossa população, especialmente por meio de memes, imagens manipuladas, fake news e negacionismo, disseminados em plataformas sociais, ambiente propício para obter apoio considerável de eleitores vulneráveis à desinformação <https://bbc.in/3RK78OR>;
2) Retratos da Leitura no Brasil, cuja 5a edição foi publicada em 2020 <http://plataforma.prolivro.org.br/retratos.php>, avaliou o comportamento do leitor brasileiro e trouxe informações interessantes sobre as bibliotecas.
Há mais de 2500 anos Pitágoras nos ensinou que é preciso educar nossas crianças para não puni-las quando se tornarem adultas. Como cidadão ou cidadã preocupado(a) com o futuro de nossas gerações, em vez de armas, deveríamos estimular, defender e cobrar por mais investimentos em leitura, em educação, pois são os principais meios para emancipar uma criança, um adolescente, um jovem, um adulto.