22 de novembro de 2024

Prevenção contra nova seca no Amazonas

O segundo semestre de 2023 foi marcado por uma intensa estiagem que atingiu todos os 62 municípios do Estado do Amazonas. Apesar de ser aguardada para a época, a seca foi tão severa que impactou diretamente vários setores da sociedade, apresentando desafios tanto para o poder público quanto para a própria população ribeirinha.

Pescadores, agricultores, professores, alunos, e até mesmo, profissionais da saúde tiveram dificuldades em transitar pelo fio d’água que restou, onde foi preciso adaptar-se a nova realidade que chegava naquele momento. Mas, um dos pontos que preocupava empresários e representantes públicos era a perda da economia local.

A Zona Franca de Manaus conta com aproximadamente 500 empresas concentradas em área delimitada pela legislação, com produtos de bens de consumo que abastecem o mercado nacional. Ela emprega cerca de 112,5 mil pessoas diretamente, além dos profissionais indiretamente afetados em outros estados do Brasil.

Essencial para a geração de emprego não só da capital amazonense, mas também para toda a região norte do país, o Polo Industrial de Manaus foi diretamente afetado pela seca, uma vez que os navios que trazem os insumos para as indústrias não conseguiam trafegar pelos rios da Amazônia. Com a falta de abastecimento de material, algumas empresas optaram por oferecerem férias coletivas aos trabalhadores, já que parte delas estava paralisada pela falta de insumos. 

Após a produção dos itens, a indústria encontrou outro desafio em seu caminho: o escoamento dos produtos para outras regiões do país. Especialistas da área apontaram que o aumento do preço no transporte fluvial e rodofluvial comprometiam a logística e o financeiro das empresas, o que dificultou o pleno funcionamento das mesmas.

Apresentando-se como uma alternativa para evitar que a situação se repita nos anos seguintes, em outubro de 2023 foram realizadas obras emergenciais de dragagem no canal de navegação do Rio Solimões, entre Tabatinga e Benjamin Constant.

O trabalho de recuperação, de fato, ajudou a sanar o problema naquele ponto, mas sabemos que o território amazonense é extenso, e por conta disso, é preciso ampliar a zona de atuação para evitar que nosso estado, e principalmente, a Zona Franca de Manaus, passe por esta mesma situação neste ano. 

No último mês, a Defesa Civil do Estado reuniu com representantes dos setores público e privado, onde apresentou um panorama da seca que deve atingir o Amazonas no segundo semestre de 2024. Na oportunidade, o órgão afirmou que houve uma redução no volume de chuvas em algumas calhas do estado durante o primeiro semestre, o que gera preocupação, já que haverá dificuldade na recuperação do nível dos rios no período de cheia.

Devido à falta de chuvas, é esperado que durante o período de estiagem, a navegação no Amazonas seja diretamente afetada, assim como ocorreu no ano anterior. Em meio a todos os problemas decorrentes da seca severa que culminou nosso estado, não podemos ficar de braços cruzados esperando passar por esta situação novamente.

Os impactos da estiagem histórica de 2023 podem ser sentidos até os dias atuais, uma vez que até o início deste mês de abril, todos os municípios do Amazonas continuam em situação de emergência.

Para contribuir com o pleno funcionamento da capital amazonense e demais municípios do Estado, protocolei um Requerimento para a criação de um Grupo de Trabalho, a fim de acompanhar o risco de estiagem severa no Amazonas e as ações do Governo Federal sobre o assunto.

Nossa população merece ter esta atenção depois de tanto sofrimento, tantos desafios enfrentados no último ano. Não podemos passar pela mesma situação, precisamos alinhar estratégias, precisamos criar alternativas para assegurar que as atividades exercidas aqui consigam entregar o que prometeram mesmo no cenário de seca.

Ainda estamos em abril, mas é preciso pensar adiante e levar em consideração os impactos que a estiagem deste ano pode causar na economia e no mercado de trabalho do nosso Estado.

*É Deputado Federal eleito pelo Amazonas, pela 2ª vez.

Alberto Neto

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