Nos últimos anos, o Brasil conseguiu recuperar a sua histórica liderança nas discussões globais. O Governo do Brasil se reinseriu nas discussões de paz, comércio justo, clima e biodiversidade. Entretanto, os avanços na arena internacional não representam o mesmo sucesso em nosso país.
Neste ano, o Brasil presidiu o G20 e construiu uma declaração ovacionada por todos os 19 países membros, mais a União Africana e a União Europeia. Menções contundentes e importantes como uma economia livre de racismo, combate à fome, taxação aos super-ricos e paz na Faixa de Gaza são enormes avanços diplomáticos que constroem pontes para que a África do Sul, próxima a presidir o G20 em 2025, possa aprofundar essa e incluir outras pautas relevantes.
Infelizmente, no Brasil, os governos federal e estaduais ainda não tiveram sucessos concretos nas pautas de inclusão produtiva às pessoas negras, principalmente mulheres; a fome ainda paira para mais de 20 milhões de famílias; há forte resistência na taxação de super-ricos na reforma tributária; e não temos tido paz, principalmente com as violências no campo, contra mulheres, populações periféricas e a impunidade sistêmica.
No ano que vem, o Brasil presidirá os BRICS e a COP-30. O grupo formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, conhecido como BRICS, é um bloco geopolítico de países emergentes que buscam alinhar pautas estratégicas, como clima e acordos comerciais. Esses cinco países representam quase 50% da população mundial, perto de 30% do PIB e mais de 80% das florestas. Recentemente, os BRICS convidaram Irã, Egito, Emirado Árabes Unidos e Etiópia para fazerem parte – e isto fez com que esse bloco expandido tenha o controle de quase 50% da produção de petróleo no mundo.
O Brasil utilizará o BRICS para se aprofundar em pautas estratégicas como mudanças do clima, fome e pobreza, transição energética e justa, e fortalecimento da governança.
Além disso, a 30ª Conferência do Clima (COP-30), a ser realizada em Belém, terá que avaliar o Acordo de Paris, destravar financiamentos efetivos e aumentar as ambições na redução das emissões dos países que historicamente mais poluem.
Entretanto, o Governo do Brasil ainda patina com o plano de adaptação climática, financiamento climático, aumento nos incêndios florestais e na transição energética, priorizando os incentivos e investimentos em óleo e gás.
Portanto, apesar dos avanços diplomáticos, o Brasil ainda precisa conquistar vitórias nessas pautas estratégicas em seu próprio solo. As janelas de oportunidades que temos podem se fechar em 2026, com possível mudança de direção e as eleições. Por isso, precisamos ser certeiros nas escolhas para construímos condições para um Brasil mais próspero e justo – para podermos contribuir efetivamente para um mundo melhor.
