Ao receber um diagnóstico, é comum que as pessoas tirem um pouco de seu tempo para refletir sobre suas escolhas e ações. Dependendo do laudo médico, o desespero ou a esperança movem os seres humanos, pois mesmo que a notícia seja inesperada, o tratamento clínico ainda é a maior alternativa para quem se encontra nesta condição.
Com o avanço tecnológico, hoje em dia é muito mais fácil obter uma resposta médica em comparação há anos atrás. Infraestrutura, falta de informação e principalmente, recursos financeiros, eram alguns problemas enfrentados pela população menos favorecida, que careciam de cuidados básicos que hoje são garantidos por lei.
Tendo um suporte eletrônico mais potente e um sistema público de saúde que funciona diariamente, a população passou a ter mais consciência do avanço de doenças que possuem tratamento, como o câncer. Mesmo que ocorra uma variação de acordo com o nível da doença, é possível ser atendido pelo Sistema Único de Saúde, assim como ocorre na rede privada.
Pessoas de todo o mundo correm o risco de desenvolver o câncer. Uma doença silenciosa que atinge e devasta famílias, onde muitas vezes o paciente descobre sem querer que vive com a condição. Ao escrever esse artigo, lembrei de um caso que vi em uma página de notícias na internet, onde uma estudante de medicina saiu para se distrair e decidiu assistir um jogo de hóquei. Com o passar do tempo, ela percebeu que havia um caroço na cabeça do treinador e o alertou para que o mesmo procura-se um médico urgente, pois aquilo era um indicativo de câncer. Mesmo de longe, a acadêmica acertou o diagnóstico e salvou a vida de uma pessoa que nem conhecia, pois o treinador rapidamente procurou uma clínica de saúde e realizou o exame de acordo com o que foi orientado.
‘’Os instintos dela estavam certos e aquela verruga na minha nuca era um melanoma maligno e graças à persistência e ao rápido trabalho dos médicos ela sumiu. A mensagem que ela escreveu no celular ficará para sempre gravada em meu cérebro e tornou possível para eu permanecer vivo’’, pontuou o treinador do time Vancouver Canucks, Brian Red Hamilton.
Agora que vimos um exemplo da qualidade da saúde pública a nível internacional, precisamos olhar para nosso país. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2020 foram registrados 65.840 novos casos de câncer de próstata e 66.280 novos casos de câncer de mama. Com 16.009 óbitos por câncer de traqueia, brônquios e pulmões, a estatística também apontou que 17.825 mulheres faleceram devido ao câncer de mama.
Sem um público pré-definido, a doença avança sobre a população independente de seu poder aquisitivo, desde uma figura pública até uma pessoa que não tem acesso aos direitos básicos, como a saúde. Nesses casos, é muito difícil manter um acompanhamento, pois a pessoa vive de forma marginalizada, diferente de quem tem acesso à rede privada de saúde. Atualmente não há uma conversa definida entre as empresas que atuam no ramo, dificultando o mapeamento de diagnósticos que acontecem diariamente em hospitais independentes.
Com a proposta de mudar essa perspectiva, a deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) detém a autoria do Projeto de Lei 1346/2022 que obriga as instituições privadas de saúde a notificarem o Ministério da Saúde sobre a quantidade de exames para o diagnóstico de câncer de mama e de colo de uterino realizados, incluindo o número de casos confirmados, para assim manter um controle, além de auxiliar em futuras políticas públicas que possam dar assistência às mulheres brasileiras.
‘’A partir dessa análise é possível identificar padrões que exigem uma maior atenção, de modo a auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas e na tomada de decisões’’, finalizou Zanotto.
O projeto também é uma sugestão da Universidade do Estado de Santa Catarina, assim como da Secretaria de Saúde de Florianópolis. Aguardando para ser analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania, o PL é uma alternativa para ter uma visão geral do avanço do câncer nos lares brasileiros. Com um trabalho conjunto entre rede privada e pública, existe a possibilidade de beneficiar amplamente as mulheres brasileiras com políticas públicas que respeitem suas condições de saúde.
*É Prof. Dr. e reitor da Universidade do Estado do Amazonas.