22 de dezembro de 2024

Restabelecer

Assunto que vem sendo explorado de forma equivocada diz respeito ao ato do Min. Marco Aurélio que acolhera pedido de habeas corpus assinado pela causídica que integra o escritório Ubaldo Barbosa Advogados; o qual fora assessor do referido Ministro até fevereiro, tendo a sociedade de advogados sido constituida em março. Temos para nós que inexiste qualquer motivo de foro íntimo que pudesse ser alegado; eis que inexistindo amizade não há a suspeição. E, como inexiste parentesco não ocorre o  impedimento. Alias, ressalte-se que a nobre causídica agira de forma inteligente e dentro da lei. E o que esta não proibe, inexiste violação.

Mas em relação ao fato ninguém pode concordar com a decisão de soltar criminoso de alta periculosidade, narcotraficante internacional. A liminar concedida fora suspensa por ato do Presidente do STF, mas o réu condenado em duas instâncias já se encontrava no Paraguai. No mérito a r. decisão do Ministro Marco Aurélio fora uma vergonha. Mas o Min. Fux pautara para dia 14 o julgamento em plenário do HC; o que ocorrera. Nada é de se estranhar na atual composição do STF, onde muitas decisões são proferidas “ao sabor das conveniências  e ao alinhamento de ocasião, políticos e jurídicos que tem levado a que o STF aja, sistematicamente, de maneira disforme, disfuncional e, sobretudo, política” (in Estadão de 14/10/2020).

A verdade é que o STF vem expondo seus constantes defeitos a um público que não mais ignora as consequências de certas decisões e a libertação de “André do Rap” da cadeia fora apenas mais um. E, com isto, as decisões monocráticas vêm produzindo resultados suspeitos e até prejudiciais à sociedade como no caso em tela. Para o Min. Fux o “André do Rap debochara da Justiça”. Infelizmente, o STF atingira um patamar de desilusão que a sociedade não admite. Por isso, o povo já fora às ruas e tende a voltar com força redobrada. O Min. Fux não será um superministro, mas mostra a que veio e, assim, esperemos que o STF volte a ser o guardião  da Constituição e das leis; restabelecendo sua credibilidade e deixando claro que seu Presidente agirá a tempo e modo doa a quem doer; notadamente porque o STF não pode deixar de preservar a segurança da sociedade; muito menos colocá-la em perigo.

Ao finalizar deixamos claro que o STF depende de si mesmo para afastar sua ineficiência, os antagonismos e as vaidades que imperam num cenário desolador. Colocar ordem na casa será medida salutar se todos se tornarem  mais patriotas e souberem que devem contribuir para o restabelecimento de uma confiança que jamais poderia ter sido abalada. ORDEM E PROGRESSO, ensinamentos constantes em nossa bandeira, são para todos; notadamente para quem deve dar o exemplo.

Alfredo Andrade

é escritor e advogado, autor do livro Página Virada - Uma leitura crítica sobre o fim da era PT

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