21 de setembro de 2024

Rios da Amazônia desafiam narrativa climática


Por Juarez Baldoino da Costa (*)

”O Objetivo 13 dos ODS da ONU – ‘Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos’, pode não estar ao alcance da humanidade.”

Parece ser um engano creditar as recentes cheias e secas extremas recorrentes na Amazônia aos efeitos da ação humana sobre o clima do planeta, já que elas ocorrem há milênios quando não havia excesso de CO² na atmosfera, nem queima de combustíveis fósseis, nem atividade industrial poluente e nem desmatamentos e queimadas em larga escala.

Uma das provas das secas milenares são as figuras esculpidas há mais de 5.000 anos nas rochas do leito do Rio Negro na Ponta das Lages em Manaus, no Encontro das Águas, visíveis somente durante as secas severas quando os escultores puderam acessar o local. Na seca de 2012 o fotógrafo Valter Calheiros registrou as imagens, visualizadas também na seca em 2010.
Outra ocorrência foi registrada na Reserva Biológica do rio Trombetas no Pará, no sítio Mussurá. No local, em 2004, pesquisadores do Museu Emilio Goeldi, entre eles Carlos Augusto Barbosa, identificaram gravuras expostas apenas nas grandes secas, esculpidas há milênios.

E não é somente na Amazônia: na Espanha, na seca extrema deste ano de 2022, foram expostas formações rochosas esculpidas, no leito do Rio Tajo em Cáceres, datadas de cerca de 5.000 anos.

Além das secas também ocorrem grandes enchentes na Amazônia há milênios, e 16 delas foram registradas entre 1892 e 1947 (Paul Le Cointe – repositório Museu Emilio Goeldi, 1949), período igualmente anterior às ações antrópicas.

Segundo José Marengo, do MCTI – Ministério de Ciência e Tecnologia, e Paulo Artaxo, da USP, membros do IPCC – Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas, há correlação entre o efeito estufa e os níveis de compostos lançados na atmosfera nas últimas décadas e que destroem o ozônio, o escudo protetor contra os raios infravermelhos do Sol, permitindo o tal do aquecimento global.
40 bilhões de toneladas por ano são lançados na atmosfera, segundo Artaxo.
Portanto, 1 trilhão de toneladas teriam sido lançadas nos últimos 25 anos.

Os cientistas supõem ainda que este volume de compostos seria a causa do aumento da frequência dos eventos climáticos extremos, mas cabe questionamento.

Sendo o El Niño e a La Niña originados pela dinâmica climatológica do planeta, e se são reconhecidos como os causadores das alterações da temperatura das águas do Pacífico que em anos de pico originam os furacões, as secas e as chuvas excepcionais, se concluiria então que o efeito estufa com seus gases estaria alterando diretamente a dinâmica climatológica do planeta, já que ela é a gênese dos Niños.
Porém, a primeira medição do El Niño foi em 1877, quando não se cogitava a existência do efeito estufa, e que por coincidência foi de forte intensidade por ultrapassar 1,5 grau de elevação da média da temperatura daquele mar.

O NCEP – National Centers for Environmental Prediction – NOAA (Centros Nacionais de Previsão Ambiental dos EUA) publica as tabelas das temperaturas do El Niño e da La Niña desde 1950.
Nestas tabelas, verifica-se um aumento crescente nas médias das temperaturas dos últimos 6 maiores anos de picos dos eventos, saindo de 1,8 grau em 1957-1958 para mais de 2,5 graus em 2015-2016, anos estes de chuvas em excesso no Brasil. Nos períodos entre os picos, que podem durar de 7 a 10 anos, os Niños acusam aumento das temperaturas médias anuais de 0,5 a 1,0 grau, considerados de baixa influência.

Com base nestes dados, se pode questionar porque 1 trilhão de toneladas de compostos provocaria a diminuição da proteção do ozônio e consequente interferência na dinâmica climatológica do planeta em determinado período, e o mesmo trilhão não conseguiria impedir o resfriamento por vários anos seguidos no período seguinte?
Se o trilhão se dispersa e arrefece o pico durante 7 ou 10 anos seguidos, onde ele permaneceria e como ele se rejuntaria mais adiante para o robustecer num determinado ano?

Este é o desafio a entender – o que inibe ou desperta esta estranha e irregular alternância da tal ação dos compostos? Ou será que nada os inibe e nem os desperta, e os motivos dos picos então seriam meramente inerentes à natural dinâmica climática do planeta sobre a qual não atuamos?

Em 1877 não havia 1 trilhão de toneladas de compostos na atmosfera; porque o pico?

O Objetivo 13 dos ODS da ONU – “Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos”, pode não estar ao alcance da humanidade.

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(*) Amazonólogo, MSc em Sociedade e Cultura da Amazônia – UFAM, Economista, Professor de Pós-Graduação e Consultor de empresas especializado em ZFM.

Juarez Baldoino da Costa

Amazonólogo, MSc em Sociedade e Cultura da Amazônia – UFAM, Economista, Professor de Pós- Graduação e Consultor de empresas especializado em ZFM.

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