Será que mudou?

Em: 19 de novembro de 2020

Aconteceram novas eleições no nosso país, o primeiro turno na minoria das capitais e os velhos problemas como sempre acontecendo. Os “analistas” estão buscando as transformações da suposta nova política brasileira, como por exemplo uma mudança de lado da esquerda para a direita. Se nos basearmos puramente nas siglas de um sistema completamente absurdo de quase quarenta partidos como é o nosso, onde a filiação partidária se dá por interesses meramente sazonais e sem nenhuma fidelidade, os resultados não dizem absolutamente NADA.

Os caciques continuam comandando a política, mesmo que não apareçam na cabeça das chapas, estipulando laranjas para se candidatarem. A grande mídia está interessada em medir muito mais o suposto fracasso eleitoral do presidente Bolsonaro, com as derrotas dos candidatos apoiados por ele, que as vantagens e méritos dos candidatos que tiveram vitórias expressivas como o prefeito de Belo Horizonte, que foi reeleito de forma contundente, mostrando o apoio da população ao seu trabalho no mandato atual.

Se a população sofreu algum tipo de melhoria no comportamento político-eleitoral, votando com mais consciência e buscando realmente seus direitos de cidadão, seria muito irresponsável afirmar de imediato. O fato de alguns partidos terem perdido espaço como aconteceu com o PT e outros partidos de esquerda, precisa ser analisado em relação à atuação dos próprios candidatos ou se houve uma real aversão política ao cacique petista.

O sistema eleitoral e político brasileiro, na minha opinião pessoal continua passível de uma mudança estrutural profunda, inclusive a nível de qualidade. Continuo firme no pensamento Candidato imitando gato, outra imitando uma gralha, outro ainda vestido de herói de desenho animado….. A campanha eleitoral não pode ser levada na brincadeira, na piada que tantos levam depois de eleitos seu próprio mandato.

A questão é que política no Brasil virou um grande negócio, onde um candidato eleito muitas vezes deixa de ser um desempregado sem perspectiva de vida para se tornar um grande empresário de sucesso logo ao fim do primeiro mandato. Se fossemos uma democracia séria, em primeiro lugar ao se candidatar, o cidadão teria que comprovar não necessitar do cargo para sua manutenção.

Quando me criticam por não concordar com analfabetos se candidatando a cargos políticos, chamo apenas à lógica de qualquer ser humano com um mínimo de razão eu aceita entregar a quem nem mesmo sabe ler, a função de propor a elaboração das leis da sociedade. Na verdade, quando esta brecha foi introduzida em nossa licitação, aconteceu o INICIO DA DESMORALIZAÇÃO JURÍDICA E POLÍTICA DO BRASIL.

Antes das eleições deste ano, ouvi muitas vezes pessoas completamente sem noção de um candidato por opção. A maioria ainda desfrutava da velha retórica: “vou votar no menos pior’. É um dos fatos que mostra o despreparo político que ainda domina nossa sociedade. No entanto não podemos deixar de torcer para que as coisas possam melhorar e que apareçam as exceções, como foi o caso de Minas Gerais, fazendo com que nosso país volte a ter um sistema de educação decente e uma sociedade consciente.

Vamos para um segundo turno aqui em Manaus e agora é escolher entre os dois que a sociedade deixou como opção. De resto prestar atenção ao que vão pregar nas duas semanas de campanha e ao que for eleito, cobrar as promessas na tentativa de recuperar certos pontos de caos que nossa cidade está enfrentando; Manaus, uma cidade que já teve tantos pontos positivos em relação a outras capitais brasileiras, vem sendo destratada e agora durante a pandemia ficou conhecida como A CIDADE DAS VALAS COIMUNS.

O momento agora é apenas de esperar, mais duas semanas e depois tentar entender se realmente alguma coisa substancialmente mudou em termos sociais e estruturais em uma sociedade que se acostumou com o populismo e a dependência do estado.

Orígenes Martins

É professor, economista, mestre em engenharia da produção, consultor econômico da empresa Sinérgio
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