23 de novembro de 2024

Sonhos?

Carlos Silva

Quando dizem por aí que o mundo não é justo, eu reflito e não discuto. Depende da noção de justiça que você tem. Mas, afinal, você vive a sua vida ou a vida dos outros? Daí, infiro que a humanidade é, de fato, um enorme conjunto de ideias próprias, vontades individuais e uma gigantesca sensação de que somos, de fato, egocêntricos, e, nem sempre, egoístas. Assim, foco na ideia de sonhos, que é a única atividade humana grátis. Sonhar não custa nada, certo? Talvez, por este mesmo motivo, seja algo prescindível, dizem alguns. Afinal, tudo que é bom custa caro. Viu como somos, também, paradoxais? Enfim! Eu, particularmente, e já me penitenciando junto aos meus dois leitores, por ser um caso raro, não crio sonhos. Eu explico que tenho sonhos que meu cérebro impõe, mas eu não produzo sonhos, metas, objetivos na vida. Estranho? Não, para mim. E por quê? Simples: tenho pavor de frustação ! Nada pior do que você criar um foco, um alvo, um objetivo , uma meta, um sonho na vida e não conseguir alcançar. Vi muitos e muitos casos de amigos que passaram décadas agindo sobre o objetivo. E, é claro, inúmeras vezes, tinham que representar um papel, mesmo que fosse contrário à sua personalidade. Quando atingiam o alvo, queriam mais e mais ainda. No entanto, perderam excelentes oportunidades anteriores de conhecer outros caminhos. Por outro lado, conheço inúmeros casos em que amigos lutaram por vários lustros e ao chegarem próximo à vitória, intercorrências da vida impediram isso. Na verdade, os dois casos findaram em frustação. Tudo bem que alguns amigos me dizem que eu, por não ter sonhos, não tem motivos para lutar na vida. Eu replico dizendo que, aos 67 anos, fica difícil pensar em futuro distante. Ou melhor, preciso, nesta fase da vida, ter meta, foco, objetivo, ficar multimilionário, ter Ferraris na garagem etc? Não ! Tenho pés no chão. No chão do meu microcosmo. E nestas quase 7 décadas, deu certo. Mudar, agora? Depende. Por enquanto, vou abrir uma cerveja, bem gelada e ver  o universo, pela varanda. E a vida segue !

Carlos Alberto da Silva

Coronel do Exército, na Reserva, professor universitário, graduado em Administração e mestre em Ciências Militares

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