Os testes funcionais (muitas vezes chamados de testes de funcionalidade) são bastante comuns como requisitos essenciais para a transformação de todo e qualquer protótipo em tecnologia. Na verdade, esses testes são, em última análise, o teste definitivo a que todo protótipo tem que se submeter para que cumpra um dos atributos essenciais de toda tecnologia, que é a solução de problema ou suprimento de necessidade (o outro é ser um artefato, físico e/ou extrafísico). Esse atributo essencial é o foco de todos os testes e retestes, de maneira que um protótipo só deverá galgar a posição de tecnologia depois que os requisitos e especificações funcionais tenham sido atendidos. Em essência, os testes e retestes funcionais devem ser feitos de uma forma tal que se possa, depois de finalizados e aprovados, responder à seguinte pergunta: o protótipo funciona? Se funcionar, poderá ser considerado uma tecnologia; se não funcionar, o protótipo deve ser modificado. É preciso levar em consideração, contudo, que as aprovações e reprovações funcionais dos protótipos são geradas ou por causas internas, funcionais ou processuais, ou por razões externas, sob a influência de variáveis do ambiente de operação. Os testes e retestes funcionais focam, portanto, a capacidade do protótipo em suprir a necessidade ou resolver o problema para o qual foi criado como consequência da funcionalidade interna e das variáveis externas.
Uma coisa só pode ser considerada funcional quando sua finalidade é alcançada. Um moedor de carne só pode ser considerado funcional, por exemplo, quando consegue entregar uma porção de carne transformada em minúsculos pedaços, da mesma forma que um termômetro só pode ser assim considerado quando efetivamente entregar as medidas da temperatura. Uma determinada sequência didática funciona? A resposta só pode vir através de testes funcionais em que um grupo de indivíduos experimentais apresenta performance de aprendizagem superior à de um grupo sob controle. Uma proposta de aplicativo para mensuração da qualidade do ar funciona? Isso só poderá ser auferido através de testes focados nos requisitos e especificações que orientaram a sua produção. Isso quer dizer que a funcionalidade é uma avaliação subjetiva, mas elaborada a partir de aspectos objetivos, todos voltados para as suas especificações e funcionalidades. Mas o que são essas coisas que determinam a funcionalidade?
Uma especificação pode ser entendida como uma lista de testes a que um protótipo tem que se submeter para ser considerado aprovado. Cada teste constante desta lista é descrito de forma clara e inequívoca, assim como as formas através das quais cada um deles deve ser executado e como os resultados devem ser avaliados, julgados. Disso advém que as especificações são documentos analíticos (divididos em partes com suas devidas descrições) que estabelecem os diversos critérios de conformidade a que os protótipos precisam ser submetidos para que possam ser considerados aceitos. Essa aceitação é a garantia de que ele supre uma necessidade específica ou entrega a solução para determinado problema. Muitas vezes as especificações são originárias de instituições e organizações externas ao grupo de inventores ou da organização a que pertencem, como é o caso das autoridades regulatórias governamentais, para os casos de tecnologias farmacêuticas. O cumprimento das especificações, neste caso, passa a ser um requisito essencial para a aprovação e aceitação do produto gerado.
Um requisito é um tipo de exigência que precisa ser atendida para que uma determinada tecnologia possa ser considerada funcional. Essa exigência é uma forma de atributo, característica da tecnologia, geralmente ditada pelos clientes ou usuários, que ajuda a garantir que o artefato entrega as soluções e benefícios que dele é esperado. Isso significa que os testes e retestes funcionais precisam demonstrar os cumprimentos dos requisitos levantados na fase de construção do conceito da tecnologia. É por isso que se diz também que um requisito é uma condição ou capacidade que uma tecnologia deve apresentar para demonstrar que efetivamente satisfaz as necessidades de seus usuários. É através dos requisitos que se pode medir o grau de proximidade entre o que os clientes e usuários desejam e aquilo que efetivamente lhes é entregue. Quanto mais próximos os requisitos estiverem das expectativas, maiores as probabilidades de satisfação dos demandantes e, consequentemente, maior tenderá a ser a probabilidade de aprovação de suas funcionalidades.
Disso resulta que há uma relação entre a funcionalidade, as especificações e os requisitos. Os requisitos são aquilo que os clientes querem, efetivamente, que lhes sejam entregues e aquilo que a tecnologia deve apresentar. Esses dois conjuntos abrangentes precisam ser testados e retestados, até que os grupos de cientistas tenham a garantia de que os protótipos estão deles revestidos. As especificações são, por sua vez, a lista de todos os testes e retestes que os protótipos devem apresentar para que cada requisito, constantes de um documento que descreve cada especificação, como cada uma deve ser testada e que resultados devem apresentar para ser considerada em conformidade para com os requisitos esperados pelos seus diversos públicos-alvos, quando for o caso.
A pergunta “Essa tecnologia ou protótipo funciona?” só poderá ser efetivamente respondida se for baseada em requisitos e especificações. Isso significa que a grande resposta procurada, em termos de “sim” e “não”, é decorrente de uma série de respostas específicas (daí o nome “especificação”) para cada requisito. Muitas vezes é necessário que vários testes sejam realizados para que um único requisito possa ser atendido. Deslocamentos de 20 centímetros, movimentação do ponto A ao ponto B e rotação em 360 graus podem ser considerados requisitos de uma tecnologia exigidos por seus clientes, enquanto a descrição de cada um deles, as formas de testagens e avaliação dos resultados constituem as especificações. Apenas quando todos os resultados dos testes estiverem em conformidade com o que é considerado adequado é que a resposta acerca da funcionalidade da tecnologia pode ser fornecida.
