16 de setembro de 2024

Toyota: Cidade Inteligente e Descarbonização – Parte 2

O artigo resume algumas decisões da COP26, conceitua descarbonização, apresenta um roteiro de como fazê-lo, bem como o sumário executivo do plano de longo prazo da Toyota.

Desde 2015 as mudanças climáticas e a integridade da biosfera de nosso planeta estão entre as maiores preocupações dos cientistas e da ONU <https://bit.ly/3qtSFuX>, a ponto de serem tópicos prioritários no Acordo de Paris e na COP26.

Na COP26, representantes de quase 200 países tiveram acesso ao estado da arte da ciência em relação as mudanças climáticas, e após intensas negociações, tomaram uma série de decisões importantes <https://bit.ly/32oVKnS>, a saber:

1) Mitigação: no evento, cientistas mostraram as terríveis consequências para a humanidade se a temperatura global superar 1,5 graus até 2030. Como parte do Pacto do Clima de Glasgow, ficou acertado que os países irão em 2022 revisar e fortalecer suas metas de descarbonização até 2030. Um novo programa de trabalho com ações de mitigação foi criado e países concordaram em se reunir anualmente para debater suas ambições em relação as metas de 2030. Isso envolve reduzir gradualmente a energia baseada em carvão, parar ou reverter o desmatamento, acelerar a mudança para uso de veículos elétricos e reduzir as emissões de metano.

2) Adaptação: países acordaram em aumentar os esforços para lidar com os impactos climáticos. Foi recomendado que cada país elabore um plano nacional contra riscos climáticos, sendo que 80 países informaram que tinham algum plano dessa natureza. Na COP26 foi lançada a Aliança de Pesquisa de Adaptação (APA), uma rede global <https://bit.ly/3HcV2J9> para aumentar pesquisar e divulgar soluções de adaptação eficazes para o cidadão <https://bit.ly/3yZsqQQ>.

3) Financiamento: foi lembrada a meta fixada em 2009, em que nações desenvolvidas aportariam US$ 100 bi até 2023, a fim de ajudar nações em desenvolvimento a se adaptar as mudanças climáticas e reduzir suas emissões. Em 2021, esse valor já estava em US$ 88 bi e há expectativa de que US$ 500 bi possam ser investidos até 2025. Além disso, no evento, 450 instituições, responsáveis por US$ 130 trilhões de ativos financeiros privados, estão comprometidas com as metas de descarbonização, por meio do Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ), dentro do Programa das Nações Unidas chamado de Net Zero <https://www.gfanzero.com/>.

4) Colaboração: na COP26, a Cúpula de Líderes Mundiais, composta por 40 países (Brasil não foi representado devido ao desinteresse do Mito e Mourão) que representam 70% do PIB mundial, endossou uma Agenda de Inovações <https://bit.ly/3qpwuWK> com compromissos de metas firmadas até 2030 para acelerar a inovação e o desdobramento de tecnologias limpas em 5 setores da economia: Energia, Transporte Rodoviário, Siderurgia, Hidrogênio e Agricultura.

Assim, evidencia-se que a descarbonização cada vez mais faz parte das agendas dos fóruns e dos investidores internacionais. É o processo de redução de emissões de carbono na atmosfera, contribuindo para uma economia global com emissões reduzidas para conseguir a neutralidade climática por meio da transição energética. Mas como fazê-lo? Há inúmeros cases, mas abordarei um roteiro publicado em 2017, na Science, pelo  Dr. Rockstrom, bem como um case da Toyota.

1o) Um roteiro para a descarbonização

Em grande síntese, esse roteiro  <https://bit.ly/3HcM3HX> aborda sobre o Acordo de Paris, a lei do carbono, estratégias globais, metas, e propostas de políticas de curto a longo prazo até 2050, a partir de uma narrativa de descarbonização, organizada por períodos (2017-2020: No-Brainers; 2020-2030: Herculean Efforts; 2030-2040: Many Breakthroughs; 2040-2050: Revise, Reinforce), envolvendo quatro dimensões: a Inovação, as Instituições, a Infraestrutura e os tipos de Investimentos necessários.

2o) Plano de Descarbonização e de Longo Prazo da Toyota

A Toyota é uma das empresas mais inovadoras <https://bit.ly/32BiaC4>, cuja marca se destaca em várias avaliações <https://bit.ly/3EB8eGk>. Apesar do Sistema Toyota de Produção ser bem conhecido, pouco se sabe sobre como essa empresa lida com a Sustentabilidade. 

Em out/15, a empresa lançou  <https://bit.ly/3HtG69Z> o plano “Toyota Environmental Challenge 2050”, com a meta de até 2050, zerar as emissões de Carbono, deixando um impacto positivo para uma sociedade sustentável. Para tanto, a corporação lançou seis metas desafiantes até 2050: 1o) Reduzir a emissão global de CO2 de seus veículos em 90%, tendo 2010 como referência.; 2o) Zerar a carbonização em suas plantas globais; 3o) eliminar completamente todas as emissões de CO2 em todo o ciclo de vida dos veículos; 4o) Minimizar e otimizar o uso da água; 5o) desenvolver tecnologias e estabelecer sistemas sociais para processar e reciclar globalmente veículos em fim de vida; 6o) Conectar as atividades de conservação da natureza para além do Grupo Toyota e parceiros.

Neste documento <https://bit.ly/33MXw2v> há a Carta de Apresentação do Plano, nele a empresa mostra os seis desafios, os processos para identificar e implementá-los, os marcos históricos para 2030, os alvos a serem alcançados a cada 5 anos, a análise de cenário relacionado ao Clima, os riscos e oportunidades, os resultados e progressos das principais atividades, bem como as iniciativas futuras.

Maioria das meta do plano tem ligação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e imagino que eles aplicam alguma abordagem parecida com a Matriz X do Hoshin Kanri para desdobrar as metas de longo prazo em todos os níveis da corporação, permitindo ter metas, medidas e projetos de curto, médio e longo prazos.

Como resultado, no dia 14/12/21, o Presidente da Toyota, Sr. Akio Toyoda, lançou <https://bit.ly/3mobhev> 15 modelos de carros elétricos, seu discurso foi além da descarbonização, como parte da missão, visão, valores da empresa, bem como parte das metas do referido plano.

Finalmente, a principal lição da Toyota é que eles têm lideranças bem preparadas, com visão e planos de longo prazos, alinhados com as aspirações da comunidade internacional. Ao retornar para nossa realidade, por que falar de planejamento de longo prazo e descarbonização causa mal estar em parcela de nossas lideranças? O que o leitor pensa sobre o PL 712/2019 <https://bit.ly/3HeJNQs> que o Congresso aprovou às pressas <https://bit.ly/3pttLwd> que obriga o governo a contratar por mais 15 anos térmicas movidas à carvão, uma das fontes mais poluentes, indo na contramão do que foi decidido na COP26?

Jonas Gomes

Prof. Dr. Jonas Gomes da Silva - Professor Associado do Dep. de Engenharia de Produção com Pós Doutorado iniciado no ano de 2020 em Inovação pela Escola de Negócios da Universidade de Manchester. E-mail: [email protected].

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