18 de outubro de 2024

Transformar-se em produto

Tenho visto tantas pessoas enfrentando seus medos, dificuldades, preconceitos e se “aventurando” no caminho do seu negócio próprio. 

Seja porque perdeu o emprego, seja porque estão de home office e perceberam que podem produzir ainda mais, seja por que necessitam aumentar a renda familiar, pois somente do emprego fixo tem sido insuficiente. 

Independente do motivo inicial, confesso que fico muito feliz, pois sempre vi no empreendedorismo um largo espaço para realizar sonhos, para construir um legado, para conquistar a liberdade financeira, para usar os dons e talentos a serviço de outros, enfim, desde os 14 anos quando tive a minha primeira experiência em empreender, entendi que este seria um percurso “mágico” de possibilidades.

Certamente não é uma corrida de 100 metros e são muitos os obstáculos na pista, tanto de processo, quanto de relacionamentos. Processos práticos ligados a estratégias, produtos, serviços, logística e etc. Processos de relacionamentos interligados com clientes, parceiros, fornecedores. 

No fim, eles se misturam e precisamos entender, mesmo que a empresa seja você e suas habilidades diretas, quanto antes aplicarmos as boas práticas de gestão tão mais rápido adaptamos a rotina da pessoa física ao da pessoa jurídica, não somente na distribuição de horas do dia para o trabalho e para casa, mais os compromissos financeiros, de marketing, de pessoas e outros que envolvem ter uma empresa.

Vendo este movimento de tantas pessoas ao meu redor, e escrevendo de forma estruturada as muitas conversas que tive com algumas delas, relacionei 4 pontos que julgo importantes na direção de transformar o sonho do negócio próprio em vida real de um freelance, de um autônomo, de um microempreendedor e nada impede destes quatro pontos também serem pensados por grandes empresários.

1 – Descobrir o que realmente quer fazer levou o primeiro lugar, porque quando sabemos com mais clareza o que nos dará satisfação profissional e consequentemente um estilo de vida, elimina inúmeras opções que podem ser rentáveis mais não trariam o caminho da carreira dos sonhos.

Nem sempre é fácil responder à pergunta do que realmente quer fazer da vida, mas pode ensaiar respondendo o que você ama fazer, e daquilo que ama fazer, o que faz bem feito? Estas duas perguntas casadas podem contribuir para a compreensão de quais seriam as melhores opções para uma vida agradável para você. 

Lembro que nem sempre uma vida agradável é a que traria uma vida financeiramente viável, o que nos remete a uma outra interessante pergunta. E do que você ama e faz bem, o que poderia ser pago para fazer? 

2 – Quando temos mais clareza de como transformar nossos talentos (o que amo e faço bem) em opção profissional (posso ser remunerado para fazer) entraríamos em um universo de ajustar uma ideia que se encaixe melhor a sua personalidade, e não seu perfil, a uma proposta de trabalho. Entende? Eu realmente acredito que tudo flui na direção do que tem que ser. 

Na minha jornada empreendedora já tive loja de sapato, loja de acessórios, pet shop, brechó, consultório de atendimento e algumas aventuras a mais para você ver a diversificação. Também já fui CLT na carreira técnica de eletrônica, assistente comercial, líder de SAC, até chegar na gestão de RH. E foi como treinadora de líderes, como consultora organizacional que descobri que ao usar meus dons e talentos para contribuir no desenvolvimento de outras pessoas é que seria a verdadeira forma de não me sentir confinada em uma fôrma. 

Hoje encaixo o trabalho ao meu perfil, e não me coloco mais em caixas em que não me encaixo. Mesmo tendo que trabalhar muito duro. Sim, empreendedor tem um trabalho duríssimo a fazer.

3 – E trabalhar muito duro não significa necessariamente trabalhar pouco ou muito, mas trabalhar com empenho e afinco no que realmente é significativo e importante para você. Na medida que esta transpiração acontece, ganhar dinheiro sendo você mesmo e fazendo o que você faria até de graça quando, e se, o dinheiro não for mais a questão. 

Este tópico ganha até uma pergunta direcionada. Considerando que o item 1 nos dará uma vida agradável e ao somar com o item 2 teríamos uma vida agradável e também produtiva, este item nos daria uma vida de significado, um verdadeiro estilo de vida.

4 – Este caminho, do profundo até a superfície, trata primeiro o que realmente importa para que depois possamos lidar com as situações práticas do negócio. Ao saber qual valor você pretende entregar ao mundo, começará a desdobrar as perguntas-chave para o negócio sair do papel.

Para quem entregará este produto ou serviço? Quem serão os parceiros fundamentais para fazer acontecer? Qual será a cadeia de suprimentos? Com quem precisa contar no dia a dia? Quanto custa e quais são as despesas fixas? E as despesas variáveis? O quanto este negócio pode ser rentável? Oriento ser o passo do CANVAS do Negócio e todo suporte técnico que puder ter para uma estrutura simples, aplicável e viável. 

Começar um negócio estruturado faz muita diferença para que possa testar uma ideia e colocá-la em prática, sem sair do emprego hoje, sem perder a noção dos problemas reais, sem lançar mão de recursos desnecessariamente, enfim, minimizando as ameaças e maximizando as oportunidades.  

Sei que são poucas linhas para tamanha complexidade, mas se eu puder deixar uma palavra de estímulo para quem quer arriscar o caminho de transformar-se em produto, no sentido de transformar o sonho do negócio próprio em uma empresa ou um negócio que gere valor para você e para quem interagir com o seu produto ou serviço, diria: fazer o que você ama é inegociável. 

Mesmo que hoje você esteja em um trabalho que não quer, uma rotina que odeia, atividades que desagradam porque precisa do dinheiro ou por que não vê outra possibilidade, comece devagar, mas comece. Seja sincero em relação ao seu desejo, sonhe alto e encontre um caminho para realização, pois eu sei que você pode sair deste estado atual. Talvez a palavra sonhador possa parecer negativa nesta circunstância, mas se eu trocar por visionário, fará você lembrar que grandes empresários são visionários que não desistiram de sonhar grande. 

Cíntia Lima

é Psicóloga, Master Coach e Mentora Organizacional [email protected] - 92 981004470

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