Amazonino partiu para a Eternidade. Deixa uma história de vida pública muito importante em nosso estado.
Eu o conheci melhor nos velhos tempos em que fui prefeito de minha querida Envira e, depois, no meu primeiro mandato de deputado estadual, quando era seu aliado. Há quase 20 anos nos afastamos politicamente. Mesmo assim mantivemos o respeito recíproco. E eu, a gratidão por seus gestos do passado, pelo apoio expressivo ao município de Envira quando eu era o prefeito e à região do Juruá no meu primeiro mandato de deputado estadual.
O legado de Amazonino se distingue pela UEA – Universidade do Estado do Amazonas. Desde sua origem a UEA foi inovadora e inclusiva, com as cotas sociais para alunos de escolas públicas e, em especial, para alunos da área de Ciências da Saúde oriundos do interior. Tão criticada por elitistas empedernidos defensores da “lei ao pé da letra”, que fazem questão de ignorar o princípio da equidade, essa diretriz da UEA possibilitou a formação de centenas de médicos, enfermeiros e dentistas, grande parte deles oriundos de municípios interioranos. Da mesma maneira, profissionais de outras áreas importantes. Não fosse essa abertura prioritária para os interioranos, não teríamos, por exemplo formado tantos médicos, enfermeiros e dentistas oriundos de Envira, Eirunepé, Ipixuna, Itamarati, Pauini, Japurá, Fonte Boa, Tabatinga, Benjamin Constant, São Gabriel da Cachoeira e tantos outros municípios distantes da Capital. Hoje há centenas de jovens amazonenses de famílias de origem humilde com mestrado e até doutorado, formados pela UEA.
A UEA é atualmente considerada a maior universidade multicampi das Américas – e uma das mais amplas do planeta – e presente em todas as cidades amazonenses, abrangendo uma jurisdição de mais de 1.500.000 km2, que representam a base territorial do maior estado do Brasil. Outro feito da UEA, em conjunto com a UFAM, foi o de garantir a oportunidade de formação de milhares de pedagogos e professores, que interiorizados, contribuíram para diminuir a enorme diferença entre o nível de qualidade do ensino entre a Capital e o interior . Nestes aspectos, Amazonino foi, na prática, ousado e progressista, embora fosse considerado um político ideologicamente de direita. Possivelmente sua origem interiorana, sua formação cristã e a influência socialista do passado tenham contribuído para que Amazonino tivesse implementado – ou pelo menos tentado – ações socialmente inclusivas, não apenas na Educação, mas também na Saúde, na Cultura, nos Esportes.
Amazonino foi um homem especialmente culto e inteligente e, ao mesmo tempo, simples e popular. Possuía uma identidade essencial com o nosso imenso estado, o Amazonas, não somente no próprio nome, mas também no seu modo de ser caracteristicamente amazonense. Um homem que nasceu num longínquo seringal do rio Eiru, afluente do rio Juruá, e nunca negou suas origens interioranas.
Desejo aqui expressar meu sincero reconhecimento por realizações valiosas de sua iniciativa. E, de modo destacado, pela nossa Universidade Estadual do Amazonas.
E rememorando Thomas Jefferson, ex presidente dos Estados Unidos, considerado um dos “pais” da pátria norte americana, que dizia preferir ser lembrado pela criação da pioneira Universidade de Virgínia do que por qualquer outro feito, venho aqui, como cidadão, agradecer Amazonino pela valiosíssima iniciativa de criar e implantar a UEA. Neste sentido, ele foi grande, e será lembrado e reconhecido sempre.