No esporte as alegrias costumam superar os fracassos; afinal todos lutam por conquistas e pela indelével marca do sucesso. A passagem de Isabel Salgado – ícone do vôlei de praia – é digna de eternas lembranças. Lutadora dentro e fora das quadras culminou sua exemplar carreira ao carregar a tocha olímpica em 2016, no Rio de Janeiro. Deixa-nos muito cedo, com apenas 62 anos, tendo sido acometida por uma dentre as muitas doenças que a medicina desconhece a cura – o que é triste, doloroso e lamentável .
Não somos uma Nação de iguais e nunca seremos por vários e conhecidos motivos, mas em todo tempo o Brasil terá atletas de alto nível, muito mais em razão do talento aliado ao esforço pessoal do que produto de um treinamento, porque em vários esportes faltam profissionais capacitados. O vôlei, o basquete, a natação e o tênis são exemplos claros dessa fragilidade. Há 40 anos atrás o vôlei iniciava os primeiros passos no país – atualmente há atletas de destaque no cenário nacional e internacional – e várias conquistas na quadra e na praia.
Por que os Estados Unidos formam anualmente atletas de ponta? Porque os melhores recebem bolsa para defender as Universidades. Se surgiu um Guga e uma Bia – os méritos são deles, de seus familiares e patrocinadores que os apoiaram rumo ao sucesso. Infelizmente, a marca passou a valer mais do que o atleta nos esportes individuais.
Muitos passaram rapidamente pela vida, enquanto para outros a vida os viu passar como a força da luz… uma juventude que acelerou no tempo, amadureceu sem perceber e quando acordou apenas restava recordar: estudos, treinos, jogos, viagens; enfim a solidão em que tempo passou a ser um sonho vivido. A vida foi, é e será assim para sempre. Mas cada jogo ensina e cada derrota conduz a reação na constante busca das vitórias e conquistas que enobrecem o atleta como ser humano; fortalecendo-o e motivando-o à prática da superação.
Render tributos a quem foi primeira, abrindo portas para outras brasileiras, é reconhecer em Isabel Salgado a constante luta dentro e fora das quadras incessantemente na defesa dos ideais de todos. Perda irreparável.
Manaus/AM, 22 de novembro de 2022.
JOSÉ ALFREDO FERREIRA DE ANDRADE
Ex- Conselheiro Federal da OAB/AM nos Triênios 2001/2003 e 2007/2009 – OAB/AM A-29