7 de setembro de 2024

Um mês de Tragédia no RS

No último dia 29 completou um mês da pior tragédia climática ocorrida no Estado do Rio Grande do Sul. Imagem estarrecedoras tomaram contado país, gerando uma onda de comoção e solidariedade para com os nossos irmãos gaúchos. Durante este período foram inundados diversos pontos simbólicos do estado em virtude dos temporais, que destruíram também pontes e rodovias, deixaram mais de 160 mortos e expulsaram de casa mais de meio milhão de pessoas. 

Houve resgates dramáticos, como o do cavalo Caramelo, além de cenas da devastação e diversas ocorrências, que mexeram com o Brasil nestes mais de 30 dias. Em 29 de abril tiveram início as chuvas intensas na Região dos Vales, no centro do estado. Nos dias subsequentes, as enchentes e os transtornos atingiram a Região Metropolitana de Porto Alegre, Vale do Taquari e Sul do estado. 

O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, também ficou inundado e devido a isso houve o fechamento do terminal desde o dia 3 de maio. Como alternativa, um shopping virou área de embarque e desembarque para a operação de voos comerciais na base área de Canoas. 

Contudo, é preciso salientar que parte da tragédia que atingiu diversos municípios gaúchos foi causada pela ação do ser-humano, que construiu em locais onde não deveria, como em áreas de alagamento, por exemplo, não fazendo as manutenções corretas nos diques de contenção e nas barreiras anti-alagamento. Quem chega a essa conclusão é o professor Roberto Reis, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em entrevista à Agência Brasil. Ele afirmou que Porto Alegre é área de várzea, ou seja, de confluência de rios na beira do Lago Guaíba, que alaga sempre que tem enchente. “É natural. A gente é que não deveria ter construído na área que alaga periodicamente”, diz ele.

Segundo o professor também, a cada dois ou três anos, há alagamentos em Porto Alegre só que, desta vez, foi extremamente severo. “Nunca foi tão alto”, conclui. Ele explicou que não há como evitar que haja cheias no Guaíba. “Mas que haja enchente, há como evitar, fazendo bem feito os diques de contenção e tudo o mais”. A manutenção ou reconstrução dos diques e barragens nos rios do estado é a saída apontada pelo professor da PUCRS para evitar que novas tragédias voltem a ocorrer.

Neste momento, contudo, é necessário que, acima de tudo, socorramos as pessoas que estão em situação difícil em virtude deste grande desastre natural. Aqueles que podem cooperar, é importante que o façam por meio dos canais oficiais e confiáveis de doação, para que atinjam o fim esperado e cheguem na ponta, ou seja, nas mãos daqueles que estão precisando de ajuda. Do Poder Público, é esperada uma reflexão para que façam o dever de casa no que concerne à gestão, em todos os seus aspectos.

Lisandro Mamud

Lisandro Mamud é administrador, pesquisador em Inovação, Tecnologia e Educação do Núcleo Educotec (Ufam)

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