19 de setembro de 2024

Uma lendária história de castigo pessoal e outra a caminho (04)

Bosco  Jackmonth*

Prefaciando a abordagem anterior de escritos semanais (03), dá-se passagem à questão do excesso de natalidade da população carente que se traduz no acrescentamento de pessoas  rudimentares e desnutridas, isto no caso brasileiro, mas tal é diferente do que se passa hodiernamente na Europa, contudo registros históricos contam que também ali, no passado, grassava o mesmo.

Assim, dá-se como anotado no precedente, que parte daquele quadro foi de ambiência universal, mas ali escapou-nos de citar as notícias que colocam Portugal em acentuada posição, comparando-se com os demais países europeus, sendo que em todas as circunstâncias nada como o surgimento de uma população interagindo que se torna numa escala desde logo caótica e rasteira, a exemplo do feitio extremado brasileiro, por conta do interesse de políticos desumanos e corruptos, sabe-se, esperando-se o castigo na próxima eleição que virá em forma de votação ínfima, dessa feita ao contrário do esperado, quem sabe.    

Enfim, essa questão do contumaz descontrole da natalidade sempre afinal nefasto, ao gerar uma profusão de filhos carentes sobretudo de alimentação que é um dos problemas causados pelo excesso de população, portanto sem que haja condições de alimentá-los, além de outras necessidades, tem sido motivo de manifestações de toda ordem, posto como se escreverar. 

Segue, no despertar do terceiro milênio, mais do que nunca na história da Terra, a fome as pestes e as guerras ocupam as desditas da humanidade. Nisso, alguns pensadores e profetas asseguraram que tais misérias deveriam fazer parte do plano cósmico de Deus ou de nossa natureza imperfeita e nada a ser o fim dos tempos nos livraria delas. Sucede, hoje, a maior parte das pessoas raramente pensa no gênero, até porque continuamente procurou-se ter em mente eliminar tais tropeços, isto em boa parte dos países do primeiro mundo. 

Assim, colhe-se de fonte confiável e mesmo engenhosa, que a propósito quanto as guerras, o mundo tem usado de discursos globais que reprovam esses impulsos, como se vê no hodierno a exemplo de quando a Rússia, questionada, não encontra meios de justificar a agressão contra a Ucrânia. No entanto, Síria e Iraque respondem pelo conflito belicoso que resolveram travar! Já contra a peste, infindáveis pesquisas científicas de quando em vez descobrem vacinas bem sucedidas na busca da cura ou prevenção. Finalmente, no combate à fome dá-se que, aqui no nosso meio como antes narrado, essa desdita provém sobretudo do episódio causado pelo descontrole da natalidade cujo excesso nisso se traduz pelos motivos eleitoreiros encimados.

No entanto, sucede, dos três infortúnios que se citou prefaciou, um deles mais se impõe. Destaquemos a fome, repita-se, que há muito tem sido o pior inimigo da humanidade. A maioria dos seres humanos, há milhares de anos, vivia no limite mesmo da linha da pobreza biológica, abaixo da qual as pessoas sucumbiam à desnutrição pela fome, mormente pelo excesso de bocas a alimentar, e no nosso meio dado boa parte de eleitores iludidos, sofridos e esperançosos na figura de políticos afinal demagogos,  já se adiantou, eis a sua mantra.

Em reforço do que até aqui adiantado, convém aduzir que a maioria dos leitores sabe qual é a sensação quando se deixa de almoçar, quando se jejua em alguma data religiosa, ou quando se vive alguns dias o choque de comer apenas vegetais, como parte de uma nova e maravilhosa dieta. Mas qual é a sensação de não se comer durante dias, sem ter idéia de onde achar a próxima migalha de comida? Sabe-se, de modo parcial, nos dias em curso as pessoas não experimentam mais esse tormento excruciante. 

Ademais, abra-se um livro de história e certamente se vai deparar com relatos terríveis de populações famintas, que no passado em parte do mundo punham-se sofridas pela fome. Por exemplo, em 1694 na cidade francesa de Beauvais descreveu-se êsse impacto causado pelo excesso de população: o distrito todo estava tomado por “um número infinito de pessoas debilitadas pela fome e pela miséria, cujas mortes eram provocadas pela carência de comida, visto que não tendo trabalho ou ocupação, milhares não dispunham de meios para comprar um pão, que fosse”.

Logo, procurando prolongar um pouco suas vidas e de algum modo matar a fome, esses desvalidos começaram a comer coisas impuras como gatos e carne de cavalos esfolados e atirados em montes de esterco. Muitos consumiam o sangue que escorria quando vacas e bois eram abatidos, e os restos que se jogava nas ruas. Pobres miseráveis, outros avançavam em urtigas e ervas, ou raízes e grama, após ferverem em água. 

Noticia-se também que assim os pobres morriam em massa. Aproximadamente 2,8 milhões – 15% da população – faleceu de fome entre 1692 e 1694. No ano seguinte, 1695, a fome assolou a Estônia e matou um quinto da população. Em 1696 foi  a vez da Finlândia, onde entre um quarto e um terço da população morreu. Nisso, a Escócia sofreu sob uma fome rigorosa entre 1695 e 1698, e alguns distritos perderam até 20% de seus habitantes.   

Colhe-se também de fontes dignas de confiança que na maioria das regiões do planeta dáva-se como improvável que uma pessoa que perdeu seu emprego e todas as suas posses não  morresse de fome. É que sistemas de seguro privado, agências governamentais e ONGS internacionais poderiam não resgatá-la da pobreza, mas a proveriam de um número de calorias diárias suficiente para que sobrevivesse, só que isto em vista de uma população de número aceitável, que não é o caso brasileiro cuja população agora mesmo está se exorbitando. 

Em tal contexto, tem-se que a rede global de comércio transforma secas e inundações em oportunidade de negócios e possibilita superar a escassez de alimentos de modo rápido e barato. Ocorre quando guerras, terremotos, tsunamis, e as inundações devastam países inteiros, há reforços internacionais unicamente para evitar a fome e não por motivos eleitoreiros,  medidas  que são geralmente bem-sucedidas.  Então, embora centenas de milhões de pessoas ainda passem fome quase todos os dias, na maioria dos países desenvolvidos do mundo, o número de mortes por inanição é muito  pequeno. Mas quando a miséria das pessoas provém de inundações deixando-as ao desabrigo de suas casas perdidas, aqui como se deu em São Paulo há poucos dias, viu-se que o Presidente da República logo prometeu que daria novas moradias a todos os desvalidos. Dará mesmo? Lá vamos nós… (Continua).    

*É advogado (OAB/AM) – 436. Versado em consultas e pareceres on-line. Contato: [email protected]. Tel.99982-8544. 

Bosco Jackmonth

* É advogado de empresas (OAB/AM 436). Contato: [email protected]

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