23 de novembro de 2024

Violência nas escolas

Foi-se o tempo em que as escolas eram ambientes seguros, tranquilos e de paz. O que vemos atualmente são professores, funcionários, alunos, pais e responsáveis aflitos e inseguros quanto à violência escolar. Com o avanço da tecnologia, principalmente depois da pandemia de Covid-19, a sensação de paz na escola ficou ainda mais distante. 

Não faz muito tempo, a escola era vista como um espaço constituído por segurança e proteção, onde se ensinavam conceitos técnicos e científicos, valores morais e cívicos que ajudavam na formação ética e cívica dos estudantes. Mas, infelizmente, este tempo não existe mais e as escolas veem sofrendo ameaças externas, que não fazem parte da cultura escolar e assim não conseguem atingir seus objetivos.

Antes da expansão da internet e das redes sociais, a violência escolar era interna, própria dos aglomerados humanos e os profissionais da educação sabiam resolver, davam conta, enfim, havia controle; hoje não, as ameaças são externas e os professores, funcionários, pedagogos, são tão vítimas quanto os estudantes. 

Como ninguém é uma ilha, ou seja, ninguém vive sozinho, isolado, a violência que as escolas sofrem atualmente é resultado de uma série de fatores que foram engendrados nos últimos anos, como, por exemplo, o discurso de ódio, o preconceito contra as minorias, a xenofobia, a discriminação, etc. Em muitos casos, problemas psicológicos e emocionais são usados como gatilhos para justificar atos violentos. 

A violência escolar constitui-se, nos dias atuais, desafio abissal a pedir profundidade e serenidade de reflexão. É um fenômeno preocupante no Brasil, que têm agregado e assumido diversas formas nas escolas, fazendo-se necessária uma investigação das perspectivas sociais, políticas e psicológicas, para que se possa ampliar a compreensão e fazer-se uso do pensamento crítico sobre essas questões.  

Em suma, o nosso futuro depende enormemente de ações que visam parar imediatamente com essa violência gratuita e irracional que veem acontecendo em nossas escolas. É inadmissível que pessoas doentes, loucas, insanas, alienadas, entrem em nossas escolas armados, com pistola, espada, gasolina, machadinha – e sabe-se lá o que mais – e saiam matando todos que encontrem pela frente.

Diante de tantos casos de violência nas escolas, é preciso que os governantes, os responsáveis, façam alguma coisa. Não podemos ficar de braços cruzados, esperando a próxima tragédia acontecer para nos solidarizarmos com os professores, estudantes e familiares mortos. Chega de notas de pesar! Queremos ações concretas, de curto e de longo prazo. 

O Governo Federal, ainda sobre a forte comoção do caso da creche de Blumenau (SC), onde um assassino tirou a vida de quatro crianças, criou o Grupo de Trabalho Interministerial para dar celeridade as ações de combate à violência nas escolas.

Aqui em Manaus, depois de inúmeros incidentes, de escolas serem fechadas por causa de ameaças, os Vereadores se apressaram em aprovar um Projeto de Lei que visa contratar Agentes de Portaria para atuarem nas escolas. Somos da opinião de que nenhum desses projetos resolvem o problema da violência escolar, mas se colocados em prática ajuda bastante! 

Defendemos que somente a educação garante uma sociedade rica, justa e próspera. Que o nosso futuro está ancorado no jardim dos valores éticos. Que a tão sonhada e desejada cultura de paz nas escolas só virá quando os estudantes e os profissionais da educação forem respeitados e valorizados.

Sem respeito mútuo, sem ética, perdemo-nos nas futilidades e nas banalidades do cotidiano. E é aí que surge todas as formas de violência, porque se perdeu o respeito e o valor pela vida. Enfim, sem paz nas escolas o futuro de nosso país estará ameaçado para sempre. Ou melhor, não há futuro!

Luís Lemos

É filósofo, professor universitário e escritor, autor, entre outras obras, de "Filhos da Quarentena: A esperança de viver novamente", Editora Viseu, 2021.

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