Estamos pisando em ovos

São tantos segredos que começam a emergir, deixando mais apreensivo o cenário político nacional. Uns podem alegar que são armações da esquerda, que agora voltou ao poder, turbinando Lula de novo ao Planalto.

 E outros, partidários do governo anterior, argumentam estar em orquestração um movimento para minar, de uma vez, o bolsonarismo. São tantas teorias da conspiração que deixam alarmada a população brasileira, principalmente sobre a ferocidade que se viu na depredação das sedes dos três principais símbolos da República – Congresso, Planalto e STF (Supremo Tribunal Federal), este último acusado de manobrar para eleger Lula na esteira da figura do casca grossa ministro Alexandre de Moraes.

Intransigente, extremamente reativo, Moraes já disse a que veio. Não tolera qualquer insulto, mesmo que atropele os preceitos da Constituição Federal, como muitos juristas e defensores de Bolsonaro argumentam.

Financiadores, empresários e políticos já começam a ter as consequências por terem supostamente apoiado as manifestações em Brasília, segundo investigações da Polícia Federal. Tiveram contas bloqueadas e são passíveis também de prisão.

Moraes é um linha dura. Joga pesado contra que se insurge contra os preceitos legais, como ele mesma alega. Virou o fantasma dos apoiadores de Bolsonaro, sendo temido até nos mais recônditos seios dos bolsonarismo.

A descoberta de um documento na casa do ex-ministro Anderson Torres põe ainda mais lenha na fogueira política. Segundo a PF, o material trata de uma manobra de Bolsonaro para reverter o resultado da eleição caso Lula saísse vencedor, o que é inconstitucional. Torres afirmou que a minuta foi vazada fora de contexto e ajuda a alimentar narrativas falaciosas.

O ex-presidente Jair Bolsonaro agregou antipatias pelo temperamento aflorado, que não pensava em reagir subitamente diante de um questionamento que não lhe agradasse. Tem os nervos à flor da pele. Todos sabem muito bem quanto o então mandatário não aguentava supostos abusos, reagindo imediatamente

Mas uma coisa devemos ter consciência – o bolsonarismo vai sobreviver ainda por muito tempo. Seus séquitos têm maioria no novo Congresso, eleito nas últimas eleições. E até em parte das Forças Armadas. Quantos generais já não demonstraram o seu apoio ao antigo líder? São muitos ainda.

Militares da reserva têm feito críticas pela indicação dos novos comandantes por Lula para a Marinha, Exército e Aeronáutica, algo que corrobora para mais cisões dentro da própria caserna.

Até que ponto temos garantias de que o Brasil voltará a ser pacificado? O próprio presidente Joe Biden (EUA), dos redutos democratas, parece estar disposto a mandar o FBI investigar quem está, realmente, por trás dos atos em Brasília. Estamos pisando em ovos. O sentimento é que possa ocorrer algo a qualquer momento, agravando ainda mais a instabilidade entre as instituições democráticas.

Nota abre Perfil

Contraofensiva por amazonenses

Mais incêndio na pendenga. Partidários de Bolsonaro entram em campo, apesar da linha dura do governo Lula em represália às manifestações em Brasília. Já está em andamento no Amazonas uma contraofensiva para tentar a libertação de alguns amazonenses envolvidos nos atos cujo ápice culminou com a depredação das sedes do Congresso, do Palácio do Planalto e do STF. O movimento é protagonizado pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM) e pela deputada estadual eleita Débora Menezes (PL), filha de Alfredo Menezes, bolsonarista de carteirinha, então candidato ao Senado pelo Estado nas últimas eleições, e ainda ex-superintendente da Suframa.

Tanto Débora quanto Plínio fazem questão de deixar claro que condenam a destruição do patrimônio público em situações de vandalismo. Porém, questionam excessos de medidas, lembrando que todos têm direito à defesa, prevista no preceito constitucional do contraditório. A parlamentar já entrou com um recurso junto à Defensoria Pública, enquanto o senador continua sustentando a suposta ilegalidade nas ações decretadas por Lula, sem consulta aos conselhos da República e da Defesa.

Calar

Enquanto o governo Lula tenta blindar a democracia com apelo aos novos e antigos congressistas, um possível movimento conspira nos bastidores para tumultuar mais ainda o cenário político nacional, tão instável que muitos já até preveem a possiblidade de um novo golpe de Estado. São muitos os segredos guardados a sete chaves pela gestão anterior do Planalto. E que, aos poucos, estão vindo à tona, mas analistas, dependendo das ideologias e cores partidárias, dividem suas opiniões.

Segurança?

Nada mais gera tranquilidade em um país praticamente dividido. A calmaria que se apostava vir logo ao desfecho das últimas eleições está longe de acontecer. E não se sabe o que virá ainda pela frente. As Forças Armadas parecem lenientes com os apoiadores do antigo governo. E o alto escalão militar também demonstra estar dividido – uns são simpáticos a Lula e outros ainda mantêm fidelidade a Bolsonaro, apesar da derrota nas últimas eleições. Que garantias temos de uma pacificação?

Fidelidade

Muitas lideranças políticas e empresariais do Amazonas continuam fiéis a Bolsonaro. Porém, preferem não se expor os seus nomes nestes momentos tão conturbados, segundo fontes consultadas. Mas vale a pergunta – se a fidelidade extrapola limites, então por que evitar assumir esse compromisso publicamente? Algo tão questionável que não chega a ser convincente. Lembremos uma peculiaridade histórica, que vem desde tempos imemoriais. Na política, muitos se comprazem sendo da oposição.

Fidelidade 2

Maquiavel já dizia que a sede pelo poder destrói a humanidade e é capaz de engendrar coisas inimagináveis na política, que às vezes até fogem à nossa compreensão. Fatos históricos se repetem a cada geração. E, assim é desde a antiguidade. O Brasil de hoje, envolvido em tantas pendengas entre bolsonaristas e lulistas, ameaçando a paz nacional, compartilha dos mesmos fatos que marcaram a nossa civilização ao longo de tantos séculos. É a fraqueza do homem. Quanto mais empoderado, mais ambição tem.

Conscientização

Deputados estaduais como Roberto Cidade (UB), presidente da Assembleia Legislativa, e até o prefeito David Almeida (Avante) e o governador Wilson Lima (UB) também condenam os atos que depredaram prédios em Brasília. Recentemente, Lima participou da reunião de governadores com o presidente Lula, onde foram traçadas estratégias para prevenir possíveis manifestações que afetem instituições em outros Estados do País. Ninguém quer que o Brasil se torne uma anarquia. Vale reflexão.

Sensibilidade

O vereador Caio André (PSC), presidente da Câmara Municipal de Manaus, demonstra a grande sensibilidade pela causa animal. Anunciou a criação de um espaço público no parlamento para acolher cães e gatos de rua. Louvável o seu gesto. Aliás, milhares de animais perambulam a esmo, dependendo da ajuda da população para continuar sobrevivendo. E nem todos têm a sorte de ser adotado por alguém. Eles (nossos amigos de tantos séculos) passaram a ser considerados como membros da família.

Efervescência

Realmente, Manaus passou a fazer parte do ranking mundial da efervescência cultural. Em abril, estarão por aqui grandes celebridades internacionais como Scorpions e Kiss para apresentações e shows na capital do Amazonas. A atração está sendo aguardada com muitas expectativas pelo público amazonense. E, com certeza, turistas de outras partes do País virão também para prestigiar os artistas. Multishows são sempre oportunos para movimentar mais a economia, gerando empregos e renda.

Morte

Morreu, ontem, em São Paulo, Alfredo Paes, aos 71 anos, ex-secretário de Fazenda no Amazonas. Ele tinha câncer. Autoridades se manifestaram com notas de pesar. O prefeito em exercício Marcos Rotta disse lamentar a morte de um técnico que deu a sua contribuição para o desenvolvimento da região. Paes protagonizou grandes medidas em governos anteriores no Estado. E deu a sua participação como agregador de ações que pudessem contribuir para alavancar a economia regional. Com certeza.

FRASES

“Não atropelo a Constituição”.

Plínio Valério (PSDB-AM), senador, contestando medidas contra atos na capital federal.

“Povos indígenas vivem crise humanitária”.

Sônia Guajajara, ministra, ao assumir pasta em Brasília.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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