Não basta só terra, precisa também proteger

Provavelmente, presenciamos um dos maiores descasos com os povos originários da Amazônia. O que acontece com os Yanomami em Roraima chega a proporções abissais que impressionam qualquer pessoa comprometida, no mínimo com a defesa de direitos, proporcionando abrigo, sem distinção, a camadas populacionais que dependem diretamente do poder público para sobreviver.

Crianças morrem à míngua aos olhos das autoridades constituídas. Não basta somente demarcar terras indígenas. Precisa também dar condições de sobrevivência. Protegê-las do crime organizado, dando garantias de que seus aspectos culturais e as áreas de onde extraem seus alimentos serão preservados.

Ao contrário, o que se assiste é um completo abandono. E foi necessário acontecer uma tragédia humanitária para chamar a atenção das instituições sobre uma situação que gera revolta por tanto desleixo com vidas humanas.

Índios são abatidos pela fome. É tanta desnutrição que lembra, infelizmente, o cenário na Etiópia, país africano que abriga milhões de famintos. Hoje, gasta-se milhões de reais ou dólares com amenidades para proporcionar conforto a representantes do Brasi (como se dizem ser), sem que haja a contrapartida constitucional.

Por que enquanto parlamentares ganham altas somas, têm gratificações e auxílio para tudo, e outros atores sociais são relegados a segundo plano? Isso é democracia? Óbvio, que não. A tão sonhada igualdade na distribuição de renda só existe no discurso, na retórica de demagogos.

Ser político e ocupar cargo público viraram profissões no Brasil. As tetas do erário alimentam diariamente milhões de parasitas. E, ao mesmo tempo, pessoas perambulam pelas ruas, amealhando alguns trocados, no mínimo, para comer algo que aplaque sua fome.

Como eles, também os índios são impactados por tantas irresponsabilidades. O mundo assiste estupefato a uma das maiores crises humanitárias que acontece em um país, hoje considerado o segundo maior celeiro do mundo, concentrando mais da metade de seu PIB nas receitas geradas pelo setor de agronegócios.

Falta política pública, falta vontade política? Falta tudo. Nossos gestores só se preocupam em permanecer no poder. Só visitam as mazelas a cada quatro anos. Afinal, os votos desses famintos, achacados pela desnutrição, pelo desemprego, são importantes para mantê-los nos cargos.

Hoje, conta-se nos dedos os políticos que abraçam a atuação parlamentar como um sacerdócio, no País. Ou será que eles inexistem? Em sua maioria, todos compartilham dos mesmos interesses – beneficiar-se de altos salários e das oportunidades que aparecem por estarem investidores de um cargo público.

Enquanto o Brasil não souber escolher os seus verdadeiros representantes, continuaremos à mercê de tantos inescrupulosos que só pensam em seu próprio bem. Estudiosos já falavam há muito tempo no passado – um país se faz grande com seriedade, responsabilidade, respeito pelos direitos e compromissos por parte dos representantes que o dirigem. Vale a reflexão.

Nota abre Perfil

Na mira do furacão, mas otimista

A ZFM vive constantemente sob ameaças, principalmente agora com a possibilidade de extinção do IPI, como propôs recentemente o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também acumula o cargo de ministro da Indústria. Apesar disso, o governador Wilson Lima tenta tranquilizar a região. Segundo ele, o governo do Amazonas está atento a qualquer medida que possa prejudicar a Zona Franca. O anúncio foi feito ontem durante a posse de Pauderney Avelino, ex-deputado federal, na Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia.

Na realidade, nada garante que o projeto, responsável por aproximadamente 98% de toda a arrecadação tributária do Estado, continuará incólume. São muitos interesses que conspiram entre os bastidores para tentar surrupiar os incentivos fiscais proporcionados às empresas instaladas em Manaus. Desde Bolsonaro, ações governamentais vêm minando aos poucos o modelo. E, desta vez, parece que deverá vir o golpe fatal, que nem Lula será capaz de reverter.

Interiorização

Faz tempo que se fala do espraiamento da riqueza gerada na ZFM, principalmente em relação ao interior do Estado. Como novo secretário, Pauderney Avelino promete priorizar os municípios, direcionando investimentos para fomentar a economia, gerando mais empregos e renda. São promessas que já vimos partirem de gestores em outras épocas. E que acabaram no esquecimento. Realmente, as cidades ribeirinhas enfrentam muitas dificuldades, sobrevivendo apenas de repasses e do funcionalismo.

Bancada

A bancada amazonense também define estratégias. Aliás, ninguém quer ser surpreendido com uma possível nova medida que afete ainda mais a cadeia produtiva alimentada pelas empresas do polo de Manaus. Nossos parlamentares já foram acusados de serem apáticos, sucumbindo às investidas de representantes de Estados que têm maior força política  no Congresso. Todos devem gritar, a plenos pulmões, que o modelo ZFM é importante para a preservação do mais rico bioma do planeta.

Mobilização

Da mesma forma, existe uma intensa mobilização por parte de vereadores e deputados estaduais em defesa do modelo ZFM. A proposta de extinguir o IPI acendeu um alerta em toda o Estado, levando a mais preocupação em todos os atores da sociedade. O Amazonas só atingiu o desenvolvimento que vemos hoje graças às empresas do Distrito Industrial, onde são fabricados produtos dos mais diversos segmentos, tão avançados quanto os vendidos em países de primeiro mundo.

Preservação

O mesmo discurso marca a atuação de Lula. Onde quer que esteja, ele fala da importância de defender a Amazônia, mas ao mesmo tempo esquece do ribeirinho, relegado à própria sorte, sem poder usufruir das riquezas do ambiente porque tudo é proibido. Claro, manter a floresta em pé é essencial, mas devemos dar condições de sobrevivência a pessoas que não têm outra forma de viver senão buscar alimentos no meio ambiente. O problema é que quem faz as leis desconhece nossas peculiaridades.

Favoritismo

Mesmo antes das eleições que acontecem no próximo dia 1º de fevereiro, o deputado Roberto Cidade é franco favorito para continuar na presidência da Assembleia Legislativa do Amazonas. Além do apoio declarado do governador Wilson Lima para a sua reeleição, o parlamentar conta com os votos da maioria de seus pares no legislativo. Seu trunfo está na alta empatia, em medidas assertivas e ações que buscam harmonizar os trabalhos, garantido a análise de matérias de interesse da população.

Abertura

Ontem, o TJAM reuniu várias autoridades do Estado para a abertura do ano judiciário, falando sobre as metas dos novos trabalhos. Entre os presentes, o prefeito David Almeida e o deputado estadual Roberto Cidade. A presidência do órgão ressaltou a importância do órgão para a contrapartida a projetos governamentais que busquem ampliar os benefícios à população regional. Com certeza, sua atuação é essencial, principalmente agora em que as instituições enfrentam grave crise política.

Calote?

Ser surpreendido pelo corte de energia vai além do consumidor comum. Desta vez, a Arena da Amazônia e a Arena Amadeu Teixeira tiveram o serviço suspenso por falta de pagamento. Segundo a concessionária local da rede de distribuição elétrica (Amazonas Energia), a dívida é de pelo menos R$ 39,6 milhões. E não se sabe por que o débito não foi ainda saldado. Impressionante. Revitalizado, o principal estádio do Amazonas foi um dos palcos da Copa de 2014, realizando aqui grandes partidas.

Enfim

Todos salvos pelo gongo. O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, determinou que a distribuição do Fundo de Participação dos Municípios deste ano tenha como patamar mínimo os coeficientes de distribuição utilizados em 2018. Em liminar deferida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, o magistrado suspendeu a decisão normativa do Tribunal de Contas da União que determinava a utilização dos dados populacionais do Censo Demográfico de 2022, que ainda não foi concluído.

FRASES

“Queremos um interior pujante”.

Pauderney Avelino, secretário de Estado de Desenvolvimento.

“Loucura em Brasília”.

Alberto Fernández, presidente argentino, ao abrir cúpula com a presença de Lula.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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