21 de dezembro de 2024

O risco em torno dos novos medidores

Os medidores de energia já viraram uma lenda urbana no Amazonas. São vários embates travados na Justiça para a instalação dos novos aparelhos. Mas o ápice de tanta pendenga em torno do novo sistema aconteceu ontem. Um funcionário da Amazonas Energia agrediu fisicamente uma moradora que tentava impedi-lo de fazer o serviço. É o relato que se tem.

O caso gerou revolta entre outros moradores. Para não ser linchado por uma turba ensandecida, o trabalhador da concessionária evadiu-se, segundo relatos de testemunhas. É só para exemplificar o quanto a operacionalização de nova tecnologia tem causado tantos transtornos no Estado.

A empresa que detém a concessão do serviço alega ter vultuosos prejuízos com o furto de energia. Claro, compreensível. E o que os novos aparelhos são essenciais para combater as irregularidades, envolvendo furtos de energia.

Por outro lado, a companhia já foi flagrada em várias irregularidades, que vão de não cumprir as exigências da concessão, de cobrar tarifas abusivas e também por oferecer um serviço de péssima qualidade, tanto na capital como nos municípios do interior do Estado, onde a situação ainda é mais crítica, chegando a demonstrar um total descompromisso com seus usuários.

Óbvio, ninguém é contra a inovação. Mas todo esse avanço deve também contribuir para a melhoria do sistema, algo que não se viu até agora na rede de abastecimento de energia na região.

Instalada na Assembleia Legislativa do Amazonas, uma CPI flagrou vários indícios de que a Amazonas Energia é irregular. Deixa milhares de consumidores sem abastecimento, em Manaus e nas cidades ribeirinhas.

As panes são constantes. O as contas de luz que chegam às residências da população usuária nem sempre correspondem fielmente ao consumo do mês. Afinal, quem está com a razão – a empresa ou o consumidor?

A pendenga ainda vai dar muito pano para manga. E tem ainda até um senador à frente dos embates contra a concessionária. Porém, a companhia tem derrubado vários ações judiciais que impediram a instalação dos novos medidores de energia.

Vale alertar sobre o risco de tantas divergências causadas pelo novo sistema. O episódio que culminou com a agressão de uma usuária pode ser o estopim para eventuais novos conflitos que resultem em mortes.

Esperamos que a Justiça, a companhia e os atores que se opõem à operacionalização dos novos aparelhos cheguem a um consenso. Não se aguenta mais tantas tretas em torno do tema.

Afinal, o avanço tecnológico deve trazer benefícios a todos, independentemente de qualquer classe social. Porém, a Amazonas Energia tripudia por pensar somente em seus interesses empresariais. É hora de mudar.

Nota abre Perfil

Apelo em defesa da ZFM

Aumentam as apreensões da classe política e empresarial da região, apesar das garantias de Lula de preservar a ZFM. O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), também manifestou a sua preocupação com eventuais prejuízos ao Amazonas a partir da aprovação da nova reforma tributária. Ao abrir ontem os trabalhos da Câmara Municipal, ele defendeu o empenho de todos os parlamentares na preservação dos benefícios fiscais, que hoje alimentam praticamente toda a cadeia produtiva industrial do Estado. São mais de 500 empresas que gozam dessas vantagens comparativas.

Na sua fala aos vereadores, ele fez um balanço dos dois anos de sua gestão. E ainda leu a habitual mensagem governamental que acontece a cada recesso. O prefeito criticou a proposta de criação do IVA, em substituição ao IPI, feita pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que acumula o cargo de ministro da Indústria. Almeida disse ser favorável a mudanças tributárias que favoreçam os municípios. E que o IVA só trará impactos negativos às prefeituras, prejudicando a arrecadação do ISS. Portanto, nada garante que continuaremos incólumes. As bancadas devem redobrar os cuidados.

Balanço

No discurso aos vereadores e outras autoridades presentes, o prefeito David Almeida fez um balanço de seus dois anos de gestão, ressaltando a ação conjunta com o governador Wilson Lima (UB) para a realização de grandes projetos em Manaus, cuja proximidade transformou Manaus em um verdadeiro canteiro de obras (em suas próprias palavras), corroborando para a modernização da infraestrutura urbana da capital. Para 2023, a cidade receberá novos empreendimentos, segundo ele.

Atuação

A abertura da CMM também marcou o início da atuação da nova Mesa Diretora, agora presidida pelo vereador Caio André (PSC), um nome de consenso entre o prefeito David Almeida e o governador Wilson Lima, os dois principais representantes da nova geração de políticos do Amazonas. André é o braço dos dois gestores para a consolidação de matérias que reforcem ainda mais a parceria da prefeitura com o governo. Na mira, estão mais obras de grande impacto social e econômico.

Sessões

A Assembleia Legislativa retoma, hoje, as sessões plenárias depois do recesso de fim de ano. Os deputados estaduais devem fazer um esforço concentrado para avaliar as novas matérias do Executivo. A bancada governista ganha ainda mais reforço. A maioria das comissões tem um representante dos partidos aliados ao atual governador, municiando potenciais investidas contra as manobras da nanica oposição. O deputado Roberto Cidade (UB), presidente da Aleam, comanda a ala da situação.

Comissões

Reforçando o meio de campo. O União Brasil, partido ao qual é filiado o governador, comandará a maioria das comissões temáticas da Assembleia. A sigla vai presidir cinco colegiados temáticos. Os novatos também ganharam espaço. A distribuição é feita pelo critério de proporcionalidade – a legenda com o maior número de deputados fica com a maior fatia. O UB elegeu seis parlamentares na eleição de outubro. Apenas Roberto Cidade não foi designado para comandar comissão por já estar na presidência.

Inusitado

Prefeita de um município do interior do Amazonas recorreu à Lei Marinha da Penha para se defender de ameaças de um desafeto. A delegada Débora Mafra, titular da Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher, classificou o caso como inusitado. E não há situação similar em que uma mulher seja acolhida pela legislação dentro do contexto político no Amazonas. “Com certeza, é uma inovação no mundo jurídico”, disse ela. Depois de tantos clamores, avançamos para frear a violência. É visível.

Operação

Garimpeiros estão desnorteados. O ministro da Defesa, José Múcio, viajará na quarta-feira (8) a Roraima, a fim de dar início à Operação Estrangulamento, organizada para a retirada de trabalhadores ilegais do território Yanomami. A ação vai mobilizar mais de 500 homens da Polícia Federal, Exército, Marinha, Força Aérea Brasileira, Ibama, Funai e Força Nacional, e deve durar mais de dois meses. Enquanto isso, a PF investiga os financiadores do garimpo ilegal na terra indígena. O cerco fica ainda mais pesado.

Livro

Nesta quinta-feira (09), será lançado em Manaus o livro ‘Leis de Organização Judiciária do Amazonas’, organizado pelo desembargador gaúcho Cezar Luiz Bandiera. O lançamento acontece no auditório do prédio administrativo do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (TJAM), na Escola Judicial do poder. A obra é um grande referencial de consulta para a classe, trazendo inovações sobre os mais diversos aspectos de estudos jurídicos, corroborando para o aperfeiçoamento das atuações. Louvável.

Tragédia

O mundo convive com mais uma tragédia. Pelo menos 3.500 pessoas morreram com o terremoto que atingiu, ontem, a Turquia e a Síria. Socorristas tentam resgatar outras vítimas nos escombros. A destruição é visível e impactante. Há muita gente soterrada. E o total de mortos pode superar os números até agora anunciados. A ajuda chega de praticamente todos os países. A tragédia comoveu a comunidade internacional. E mais esforços foram envidados para auxiliar os atingidos pelo tremor de terra.

FRASES

“Estamos diante da discussão da reforma tributária”.

David Almeida (Avante), prefeito, ao fazer apelo em defesa da ZFM na Câmara.

“Bolsa Família voltará a exigir vacinação de crianças”.

Lula (PT), presidente, sobre concessão do benefício.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

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