A economia ainda sente os impactos dos anos de pandemia, quando as atividades paralisaram praticamente para impedir o avanço da disseminação da Covid-19. De lá para cá (de 2020 a 2023), apenas um leve fôlego foi registrado na economia, principalmente no setor industrial.
As fábricas da indústria ainda esperam alavancar suas vendas. A produção enfrenta muitas adversidades. A escalada dos juros torna praticamente inviável a atração de novos investimentos, impactando negativamente no mercado consumidor.
Os últimos dados do segmento não são nada admiradores, deixando a classe empresarial ainda mais apreensiva com o recuo da produção. A atividade industrial segue em tendência de desaquecimento neste início de 2023 – o indicador caiu 2,7 pontos. É o que aponta a Sondagem Industrial, levantamento feito pela CNI (Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgados ontem (16), mostrando quedas nos índices de produção e emprego, respectivamente, de 47,9 pontos para 45,2 pontos e de 49,2 pontos para 48,5 pontos, de janeiro para fevereiro.
De acordo com a CNI, esses indicadores variam de zero a 100 e quanto mais distante da linha de corte, em direção ao zero, maior e mais disseminado é o recuo. Apesar de ser comum para o período, este ano a queda da produção e do emprego foi mais intensa do que nos anos anteriores.
“A produção costuma recuar mesmo na passagem de janeiro para fevereiro, porém, de 2017 para cá, este foi o menor índice. O número também é menor que a média histórica para o mês, com 46,5 pontos”, disse o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
Na passagem de fevereiro para março de 2023, os índices de expectativa para os próximos seis meses mudaram pouco, segundo o levantamento. Apesar de seguirem acima dos 50 pontos, de uma forma geral, todos são inferiores às suas respectivas médias históricas, o que significa um otimismo moderado.
O índice de intenção de investimento ficou em 53,6 pontos em março de 2023, e apresenta um recuo de 0,4 ponto na comparação com fevereiro. Porém, segue acima da média histórica de 51,5 pontos e revela intenção de investir acima do usual.
A Sondagem Industrial é uma pesquisa mensal que ouve pequenas, médias e grandes indústrias para avaliar evolução da produção; número de empregados; utilização média da capacidade instalada; nível de estoques e estoque efetivo em relação ao planejado; expectativas e intenção de investimento. Foram consultadas 1.637 empresas entre 1º e 9 de março de 2023.
A nova esperança está na atual equipe econômica do governo Lula. Porém, as últimas medidas não têm tranquilizado as empresas dos mais diversos setores produtivos. Existe ainda muito ceticismo, um cenário que pode mudar nos próximos meses, caso a atividade econômica retome os bons fôlegos de antes.
Nota abre Perfil
E a pendenga se mantém…
A população manauara já mostrou que rejeita plenamente os medidores elétricos, apesar da decisão favorável do STF à Amazonas Energia, autorizando a retomada da instalação do novo sistema. Ontem, a pendenga se agravou ainda mais. Convocada pela Assembleia Legislativa, a concessionária não compareceu à audiência pública para prestar novos esclarecimentos sobre o caso, fato motivado pelo alto número de mobilização contra a companhia, envolvendo, além de deputados, a sociedade civil, a Defensoria Pública, entre outros órgãos de defesa do consumidor.
Autor da convocação, prontamente aceita pelos seus pares, o deputado estadual Sinésio Campo (PT) criticou a ausência de um representante da companhia nas discussões. A empresa se limitou apenas a enviar uma nota garantindo que os aparelhos, ao contrário de dar prejuízos (como muitos alegam), só trarão mais benefícios aos consumidores da região. Sinésio considerou as justificativas como falácias. E lembrou que a CPI, presidida por ele, detectou várias irregularidades, desde cobrança de tarifas abusivas, apagões constantes, ao não cumprimento das regras de concessão, como estipula o governo federal.
Omissão
O deputado estadual Sinésio Campos criticou, ainda, o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), por não dar uma resposta à população sobre a resistência aos medidores. “Chamo ele (o prefeito) para se posicionar sobre os aparelhos que afetam o plano diretor da cidade”, tascou o parlamentar. Tanto na Assembleia Legislativa como na Câmara Municipal, existem iniciativas para tentar barrar a operacionalização do novo sistema na capital. E também em todo o Estado, apesar do crivo do STF.
Resistência
Ao longo de meses, moradores de Manaus vêm criando verdadeiros cordões humanos para impedir que funcionários da Amazonas Energia possam instalar os novos medidores. Hoje, existem pelo menos 15 mil pontos de luz já em operação. As investidas dos que se opõem ao sistema têm sido frequentes em bairros mais nobres. Recentemente, uma moradora foi agredida por um trabalhador da empresa ao tentar obstar a instalação dos aparelhos no D. Pedro. E disse que só sairia morta do local.
Impraticável
No Brasil, as investigações andam a passos de tartaruga. Segundo o Ministério Público do Amazonas, pode durar até dois anos os trabalhos de apuração das denúncias de supostos abusos de postos na venda dos combustíveis. Em Manaus, os valores da gasolina e do álcool subiram até R$ 1 após o governo federal voltar a cobrar impostos sobre os produtos. Os revendedores deveriam trabalhar com um reajuste de R$ 0,34 (gasolina) e R$ 0,02 (etanol). Mas, na prática, não foi isso que aconteceu.
Relatores
Em breve (provavelmente na próxima semana), a Câmara deverá definir os relatores da CPI da Águas de Manaus. O colegiado vai investigar a atuação da concessionária, hoje alvo de muitas reclamações por parte dos consumidores, a exemplo do que acontece com a sua similar Amazonas Energia, que também responde por muitas pendengas. Segundo o vereador Caio André (PSC), presidente da CMM, os trabalhos serão desenvolvidos criteriosamente. “Nosso objetivo é buscar a verdade”, disse ele.
Aliança
O governador Wilson Lima (UB) fortalece o seu arco de alianças. Ele passou a fazer parte do PP, comandado nacionalmente pelo senador Ciro Gomes, que foi candidato à Presidência da República nas últimas eleições. O acordo permitirá a formação de uma federação nacional composta pela União Brasil, partido ao qual Lima é filiado, e pelo Partido Progressista. No comando regional do PP está o atual diretor-presidente do Detran-AM, Rodrigo de Sá. A agremiação detém a quarta maior bancada no Congresso.
Investigação
Mais cerco às investidas no campo. Ao todo, 172 deputados federais endossaram o pedido de investigação sobre o MST. Entre eles, três do Amazonas: Adail Filho (Republicanos), Fausto Santos Jr. (UB) e Capitão Alberto Neto (PL). A comissão pretende investigar a onda de invasões de terras pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Frente Nacional de Luta Campo e Cidade, grupos de indígenas, entre outros. O deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS) protocolou o pedido.
Ajuda
Apesar das críticas, Lula voltou a defender que o Brasil compartilhe recursos com países da América do Sul. A declaração aconteceu, ontem, durante evento na Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR). Para o presidente, é preciso garantir que o continente “continue em paz” e que o Brasil, como “irmão maior”, ajude na sua reconstrução. Ele foi ao Paraná participar da nomeação do novo diretor-geral brasileiro da Itaipu, o deputado Enio Verri (PT-PR). O presidente paraguaio Mario Benítez também esteve na solenidade.
Consignado
O mercado financeiro está apreensivo. Depois que o Conselho Nacional da Previdência Social aprovou a queda dos juros de empréstimos do consignado do INNS, uma série de bancos suspendeu suas operações para financiamentos e créditos. Na lista estão instituições como Bradesco, Itaú, Pan, Banco Mercantil do Brasil e C6 Bank. O setor é um dos que mais lucram no País, beneficiando-se de taxas altíssimas, impactando diretamente no bolso dos consumidores. E não aceitam reduzir os seus ganhos. Jamais.
FRASES
“Não tem mais onde colocar fio”.
Sinésio Campos (PT), deputado, cobrando posicionamento do prefeito sobre medidores.
“Eu era um objeto”.
Ediane Maria (PSOL), deputada, a primeira doméstica a chegar ao cargo em SP.