Que o pleonasmo é uma repetição desnecessária de
ideias em um mesmo enunciado, vocês já sabem. Entre os diversos tipos de pleonasmos, alguns são tão evidentes que causam estranheza logo de cara, porém a verdade é que essa pegadinha da língua portuguesa é mais comum do que imaginamos. Hoje apresentarei três pleonasmos quase imperceptíveis.
“BASEADO EM FATOS REAIS”
Perdi as contas das vezes em que, assistindo ao trailer de um filme, escutei o locutor, com aquela voz impostada, dizer: “Baseado em fatos reais”. Para esclarecer, consultemos um dicionário de renome, no caso o Michaelis. “Fato2. s. m, 1. Evento de cuja ocorrência se tem conhecimento, ou coisa cuja existência não se põe em dúvida. 3. Algo cuja existência é inquestionável; realidade; verdade”. Não se trata de uma hipótese ou conjectura, mas sim de um fato, logo é real.
“COMPARECER PESSOALMENTE”
Segundo o célebre Dicionário Houaiss, o verbo “comparecer” significa “apresentar-se em (determinado lugar) pessoalmente”. Dessa feita, torna-se clara a redundância, e o pleonasmo não parece tão improvável. Atentem para esses pleonasmos capciosos, não tão óbvios. Imaginem vocês “comparecendo online” ou, no tempo das nossas avós, “por procuração”? Incoerência pura.
“LIVRE ESCOLHA”
Comecemos de trás para frente, consultando mais uma vez um dicionário consagrado, agora o nosso conhecido Aurélio. “Escolha. s. f. 3. Opção entre duas ou mais coisas; preferência. 5. Capacidade de escolher com critério, com discernimento”. Sendo assim, se há uma escolha, não há obrigação, imposição, compromisso, mas sim algo realizado livremente, sem amarras. Fica a dica.