Povos originários sucumbem pelo abandono

Provavelmente, foi elucidada a barbárie que aconteceu na região do Vale do Javari, no município de Atalaia do Norte, no Amazonas. Investigações da Polícia Federal apontam que ‘Colombia’ foi o mandante da morte do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, no ano passado.

Os dois navegavam em uma voadeira de pequeno porte. E foram emboscados e mortos quando voltavam de uma comunidade no rio Ituí, a poucos quilômetros de Atalaia do Norte. Seus executores atiraram de outra embarcação, atingindo Phillips e Bruno, que tiveram os corpos desmembrados e enterrados na floresta.

O crime foi em retaliação a denúncias feitas por Phillips e Bruno sobre invasão de terras indígenas demarcadas, segundo a PF. E pagaram com a própria vida por enfrentar tanta gente argilosa na calada da imensidão amazônica, que praticamente não conta com a presença do poder público.

O assassinato, com requintes de tanta crueldade, repercutiu em todo o mundo. Deu mostras de quanto a segunda maior reserva indígena está hoje desprotegida, abrindo precedentes para ação de facções criminosas, madeireiros, garimpeiros e pescadores ilegais em uma região tão vasta na Amazônia.

Foram vários dias de investigação. ‘Colombia’, que tinha três identidades falsas, não se sabendo ainda sua naturalidade verdadeira, chegou a ser libertado. Pagou finança, mas acabou preso novamente por agentes federais.  E deverá ser julgado junto com os outros implicados no caso.

O principal acusado lidera uma quadrilha internacional que invade terras indígenas para pescar peixes nesses territórios. A rica fauna serve de alimentos para grande parte dos povos originários no Javari.

Todo o produto dessas ações ilegais é destinado para Letícia, Colômbia, na região da tríplice fronteira. Os colombianos apreciam muito peixes lisos que são abundantes em rios e lagos pertencentes a índios.

Aliás, convivemos hoje também com um dos maiores genocídios contra as comunidades indígenas, que levou o presidente Lula a conhecer de perto a tragédia humanitária em que vivem os índios Yanomami. Eles estão relegados à própria sorte, morrendo de doenças e de desnutrição. Um legado deixado pelo último governo que, sem demonstrar a menor responsabilidade, garantiu ao mundo medidas em defesa desses povos.

Mobilizações de instituições governamentais e da sociedade civil levam assistência aos Yanomami. Muitos já morreram, principalmente crianças, abatidas pela fome, completamente doentes, sem que ações fossem capazes de aplacar tanto sofrimento.

Muita letargia quando se trata de índios. Eles são os verdadeiros brasileiros e donos dessas terras. Pois aqui habitavam há milênios, muitos antes do aparecimento do invasor branco.

E, protegê-los, é o mínimo que devemos fazer por eles. O novo governo central promete mudar esse cenário tão horripilante. Torcemos pelas mudanças.

Nota abre Perfil

Fortalecendo a convergência

Não há dúvida. O deputado Roberto Cidade (UB) é o homem de frente para fortalecer a bancada governista na Assembleia Legislativa do Amazonas. E nem é à toa que o governador Wilson Lima, também filiado ao mesmo partido, declarou, publicamente, o seu apoio para a reeleição de seu principal aliado no parlamento. O anúncio referenda o que já era previsto no cenário político regional. Só que agora é oficial. A eleição da nova Mesa Diretora acontece no dia 1º de fevereiro, pouco mais de uma semana

Cidade tem tudo para se manter no cargo – conta com a simpatia da maioria de seus pares e surge como um novo protagonista da nova geração de políticos no Estado. E tudo converge para aumentar o tráfico de influência do Executivo, corroborando para a aprovação de matérias, enquanto a nanica oposição (se é que ela, realmente, existe na prática) perde espaço. Aliás, o atual presidente do Legislativo engrossa o arco de alianças formado em torno de Lima, algo que o turbinou para um mandato de mais quatro anos.

Álibi

O prefeito David Almeida também segue nessa mesma linha. Grande aliado de Wilson Lima, trabalha estratégias que funcionam como forte álibi na Câmara. O atual presidente da CMM, Caio André (PSC), representa o elo entre os dois gestores que tem como meta viabilizar megaprojetos, principalmente na modernização da infraestrutura urbana de Manaus. E essa parceria tem frutificado. Só em 2022, o governo liberou R$ 580 milhões, fato que Almeida gosta de divulgar. É aficionado em publicidade.

Mistério

Que rumos tomou o livro de posses da Câmara Municipal de Manaus? O sumiço do documento histórico, reunindo a subscrição de parlamentares que assumiram a presidência da Casa ao longo de tantos anos, ainda continua um mistério. O vereador Caio André anunciou a abertura de uma sindicância para investigar o caso. E os trabalhos estão em andamento. Mas vale a pergunta que não quer calar – o que está por trás de uma suposta conspiração para tumultuar a vida do legislativo?

Alinhamento

Enquanto a possível extinção do IPI ainda acontece só como proposta, a bancada amazonense em Brasília já alinha ações em defesa do principal imposto mantenedor de investimentos e atração de novos negócios para a região. Os quatro novos deputados federais, entre eles Amom Mandel (Cidadania), ampliam as discussões para estabelecer a contraofensiva à reforma tributária. Afinal, estamos diante da iminência de ser extinto o modelo ZFM, a coluna cervical da cadeia produtiva do Amazonas.

Impotência

É clara a impotência da Suframa após a extinção do Ministério da Indústria durante a gestão do último governo federal. De autarquia poderosa, passou a figurar como um mero setorzinho subordinado à equipe econômica do então ministro Paulo Guedes. Já não tem a mesma força de antes, sem poder apitar nas decisões governamentais que vêm de Brasília. Agora, espera-se que seu empoderamento retorne com a gestão de Geraldo Alckmin. Porém, vem o outro lado da moeda – o IPI será mantido ou não?

Apagada

E há quem diga que a atuação da Suframa está apagada. É o que avaliou (recentemente) o prefeito de Rio Preto da Eva, Anderson Sousa (UB), aclamado presidente da Associação Amazonense de Municípios no mês passado. Segundo ele, os próprios prefeitos das cidades ribeirinhas estão tocando projetos que gerem mais empregos e renda. Uma iniciativa que deveria partir da autarquia como fomentadora de novos ações e investimentos. Indubitavelmente, devemos fortalecer a ZFM.

Bolada

E lá vai nova bolada de reais. A Assembleia Legislativa vai gastar R$ 2,4 milhões para reformar o prédio de sua unidade de transporte. A vencedora da licitação é a empresa 2M Construções e Logísticas. O resultado da concorrência foi publicado do Diário Oficial de sexta-feira (20).Participaram da tomada de preços outras quatro empresas: Syria Engenharia & Construções, Santa Rita Engenharia Ltda, Construtora Carramanho Ltda e Fernandes Construções. E têm prazo de cinco dias para recorrer da decisão.

Derretimento

A oposição ao governo Lula está preocupada com o derretimento do capital político de Bolsonaro. Segundo analistas, o ataque a prédios em Brasília só fez fortalecer mais ainda o PT e os partidos aliados ao agora presidente do Brasil, já no seu terceiro mandato no Planalto. Foi um tiro no pé do bolsonarismo. O próprio ex-presidente postou mensagens criticando as manifestações que vandalizaram as sedes dos três principais símbolos da República. O consenso é que não se esperava tanta bobeada.

Macabro

Manaus tem sido palco de muitas atrocidades. E a transmissão de assassinatos ao vivo chega ao ápice do absurdo. A morte de três pessoas, transmitida em tempo real pela internet, teve grande repercussão nacional e até mundial. Participantes de uma pelada de futebol foram flagrados por criminosos, que dispararam tiros contra o grupo. Dois morreram na hora e, outro, no hospital. E alguns ainda estão internados gravemente. Provavelmente, os crimes são ligados a facções. Estamos à mercê da criminalidade.

FRASES

“Taxar indústria não é uma boa estratégia”.

Capitão Alberto Neto (PL), deputado federal, sobre extinção do IPI.

“Militares não podem servir a um político”.

Lula (PT), presidente, ao substituir comando do Exército.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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