O Amazonas tem amplas possibilidades de alavancar ainda mais a economia, independentemente da Zona Franca de Manaus. Claro, nenhum outro modelo amealhará a curto prazo toda a riqueza gerada até agora pelo incentivo da renúncia fiscal, fator essencial para a manutenção de investimentos e atração de novos negócios a uma região, praticamente isolada do restante do País.
Temos tesouros na superfície e escondidos no subsolo de uma área tão vasta, capaz de abrigar todos os países da Europa (juntos) ou até mais. São tantas galinhas de ovos de ouro que estão aí à nossa disposição, só esperando o momento exato para proporcionar mais benefícios à população regional, em especial ao caboclo ribeirinho que, a duras penas, sobrevive às custas de uma agricultura e pecuária de subsistência, sem poder, inclusive, lançar mão da rica biodiversidade amazônica porque hoje está tudo proibido.
Os que legislaram sobre a regulamentação das terras da Amazônia sinalizam desconhecer as nossas peculiaridades. Em geral, são restrições desconectadas completamente da realidade. Os ribeirinhos estão desassistidos. O poder público pouco se faz presente, dando margem à proliferação do crime organizado.
Madeireiros, garimpeiros e pescadores ilegais se locupletam com o que extraem de áreas tão ricas. Invadem terras indígenas demarcadas, tiram o sustento dos povos originários, contaminando ainda o meio ambiente.
A devassa é tão grande que chama a atenção constantemente da comunidade internacional. Não venham aqui os discursos de aproveitadores de plantão, que condenam os rigores contra a exploração de uma região continental.
Sem dúvida, toda essa riqueza deve ser explorada, mas somente sob orientação de projetos sustentáveis que preservem o ambiente. Comunidades inteiras denunciam atividades ilegais na Amazônia.
E os que se insurgem em defesa de terras tão prósperas, com tantas magnitudes e variedades de fauna e flora, acabam sendo vítimas do crime, a exemplo do jornalista britânico e do ambientalista Bruno Pereira, assassinados barbaramente na região do Vale do javari, no município de Atalaia do Norte, no Amazonas.
Quantas ainda irão tombar por se dedicarem a defender territórios tão extensos? O último governo parece ter relegado a segundo plano essa demanda, mas que agora deve faze parte das prioridades do novo Planalto. E, assim, esperamos.
Afinal, temos Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, que voltou ao cargo depois de 15 anos ausente do governo. Intransigente, ela já disse a que veio – só permitirá explorar as riquezas da Amazônia se, realmente, seja mantida a sustentabilidade desse gigante bioma. Compreensível. Desenvolvimento e preservação devem caminhar juntos para o bem de todos os atores da sociedade, sem distinção.
Nota abre Perfil
IPI – vinda de Lula é oportuna
Prevista para acontecer em março, a vinda de Lula ao Amazonas é considerada oportuna para tratar sobre a possiblidade de extinção do IPI, como foi anunciada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que acumula também o cargo de ministro da Indústria. Já não bastasse a redução do imposto, cuja isenção funciona como a coluna cervical dos empreendimentos na ZFM, agora as fantasmagóricas manobras costuradas nos bastidores tornam mais apreensivas ainda as lideranças políticas e empresariais do Estado.
O próprio senador Omar Aziz (PSD-AM) sugeriu, inclusive, ao governador Wilson Lima (UB) a criação de um grupo de trabalho na Sefaz para acompanhar a reforma tributária. Para ele, dificilmente a Zona Franca não será afetada com as mudanças que estão por vir. E se faz necessário criar alternativas de desenvolvimento que possam manter a máquina estatal, gerar empregos e renda. Embora respaldados pela Constituição Federal, nada garante que serão mantidos os benefícios fiscais. Os mísseis de outros Estados se direcionam para o nosso regime incentivado.
Manutenção
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse também que a questão do IPI também será tratada na reforma tributária. Ele está participando do Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, juntamente com a colega Marina Silva, do Meio Ambiente. Os dois representam o presidente Lula no evento mundial. Para frustração de muitas lideranças do Amazonas, nem a gestão petista parece garantir que continuarão intocáveis as vantagens comparativas da ZFM. Não bastam só discursos.
Suframa
Enquanto isso, continuam as discussões em torno do melhor nome para comandar a Suframa. E o mais cotado para superintendente é José Ricardo, seguido de Bosco Saraiva e Serafim Corrêa. Segundo consulta a lideranças, o preferido seria José Ricardo – por ser do PT, tem mais afinidade com o governo Lula e melhor trânsito no Congresso Nacional. Porém, pressões e lobbies de políticos devem influenciar diretamente na escolha do próximo gestor, gerando muitas expectativas na região.
Manifestantes
A suposta leniência do Exército com manifestantes acampados na frente do CMA ainda fomenta discussões. Para o governador Wilson Lima, os militares deveriam apresentar os motivos que o levaram a guardar materiais de bolsonaristas. O caso aconteceu no dia 9 de janeiro, quando a Secretaria de Segurança Pública liderou uma operação para desmonte do acampamento. “Esse procedimento foi uma questão tratada entre os órgãos de segurança do Estado, do governo federal e do Exército”, disse ele.
Manifestantes 2
Já o Comando Militar da Amazônia alegou, em ofício enviado à Advocacia-Geral da União), que guardou materiais de acampados na frente do quartel, em Manaus, no dia 9 deste mês, para “evitar que eles os levassem para a Refinaria de Manaus, como haviam planejado”. Segundo o CMA, com isso, o material estaria “sob a guarda do Exército e, portanto, não disponível”. A questão é extremamente polêmica, dividindo opiniões. O certo é que paira no ar uma sensação de conivência, segundo analistas.
Polemizando
O vereador Amom Mandel (Cidadania), eleito deputado federal pelo amazonas com uma votação recorde, continua polêmico. Ele postou em seu Twitter que um dos primeiros projetos de lei que vai apresentar na Câmara dos Deputados é para acabar com o serviço militar obrigatório. Amom assume o cargo em 1º de fevereiro. “Estou preparando um projeto para propor o fim do alistamento militar obrigatório. Qual a sua opinião?”, publicou o parlamentar. Com certeza, vale uma reflexão.
Educação
Mais medidas em defesa do ambiente. Embaixadores do Instituto Lixo Zero Brasil em Manaus, Daniel Santos e Almira Neta participam como palestrantes, no dia 25 deste mês, do VI Congresso Nacional de Ciências Naturais. Eles vão falar sobre ‘Educação Lixo Zero: Colocando em prática a Sustentabilidade’, mostrando iniciativas de sucesso na área educacional, que resultaram em mudança de hábitos nas comunidades envolvidas. A população deveria ter maior conscientização sobre o tema.
Prisão
Ela não desiste de seu idealismo. E já foi chamada de ‘pirralha’ pelo então presidente Jair Bolsonaro. Ontem, a ativista sueca Greta Thunberg foi presa durante protestos sobre a emergência climática em Lützerath, pequena cidade no oeste da Alemanha. Outros manifestantes que a acompanhavam também foram levados pela polícia, segundo informações da Reuters publicada pela Folha de São Paulo. Greta protestava contra a expansão de uma mina de carvão no local, que já registrou outros confrontos.
Multicultural
Manaus já foi chamada de provinciana quando se trata de eventos culturais. Porém, novas investidas do mercado artístico local têm levado a uma efervescência de shows com a contratação de celebridades nacionais e internacionais. Em abril, a capital do Amazonas sediará uma das maiores festas dos últimos tempos, corroborando para movimentar a economia, gerando mais empregos e renda, beneficiando desde vendedores ambulantes a pequenos e médios empresários do setor.
FRASES
“Precisa criar um grupo de trabalho”.
Omar Aziz (PSD-AM), senador, sobre mudanças na reforma tributária.
“Forças Armadas têm um papel na Constituição”.
Lula (PT), presidente, comentando a defesa do País.
