24 de novembro de 2024

123milhas deve para os próprios donos e centenas de pousadas

A lista de credores da 123milhas reúne os próprios donos -os irmãos Augusto Julio e Ramiro Julio Soares Madureira-, centenas de pequenos hotéis e pousadas em diversas regiões do Brasil, agências de turismo, bancos e o Google.

As dívidas somam R$ 2,3 bilhões, e o detalhamento foi apresentado nesta quarta-feira (30) à Justiça mineira. Nesta terça (29), a empresa entrou com pedido de recuperação judicial na 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte.

Cerca de R$ 15 milhões são dívidas trabalhistas e R$ 92 milhões com micro ou pequenas empresas.

A grande parte, R$ 2,2 bilhões, está com os credores quirografários -aqueles sem garantia de recebimento. Nesse grupo, estão os consumidores da 123milhas e HotMilhas e os seus respectivos fornecedores, além de instituições financeiras.

Entre os credores quirografários estão os donos do negócio: Ramiro (R$ 3,7 milhões), Augusto (R$ 1,5 milhão) e Tânia Silva Soares Madureira (R$ 2 milhões).

“Há casos em que os próprios donos fazem empréstimos à empresa e, assim, também se tornam credores”, diz o advogado Filipe Denki, do Lara Martins Advogados, especialista em recuperação judicial.

“Uma vez aprovado o pedido de recuperação judicial, nessa classe dos quirografários deve se concentrar o maior deságio [desconto na dívida], entre 70% e 80%. Caso contrário, a empresa não vai conseguir cumprir o seu plano”, explica Denki.

Procurada, a 123milhas não respondeu a pedido de esclarecimentos sobre a lista de credores até a publicação desta reportagem.

Também está entre os quirografários outro membro da família, José Augusto Soares Madureira, a quem a 123milhas deve R$ 3 milhões.

Os Soares Madureira pertencem a uma família mineira, tradicional produtora e exportadora de café em Piumhi, município de 39 mil habitantes. Um dos maiores credores quirografários listado como pessoa física é Alexandre Ferreira Goulart, dono de postos de gasolina na cidade. Ele tem R$ R$ 8,5 milhões a receber da 123milhas.

Na extensa lista de credores (34 listas, com 8.200 páginas) disponibilizada à Justiça, no topo está o Banco do Brasil, com R$ 74,5 milhões a receber. Outro grande credor financeiro é o banco digital BMP, que se apresenta como “o banco das fintechs”, para quem a 123milhas deve R$ 30,2 milhões.

Há uma dívida ainda de R$ 8 milhões com banco Santander de Luxemburgo, mas esta é uma “dívida subordinada”, relacionada aos sócios. Na lista dos bancos, constam ainda débitos de R$ 4,9 milhões junto à Caixa Econômica Federal.

O segundo maior credor é o Google, com R$ 50,5 milhões a receber. A 123milhas é a segunda maior anunciante do país, com R$ 1,28 bilhão investidos em mídia no ano passado, segundo ranking Agências & Anunciantes, do jornal Meio & Mensagem.

Boa parte desses investimentos se deu no meio digital. Daí também a dívida de R$ 5,5 milhões acumulada com o Facebook.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

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