Ainda comemorando os 122 anos de sua criação, completados no dia 30 passado, o Museu de Numismática Bernardo Ramos, localizado no Palacete Provincial, apresenta mais uma exposição de fotografias, ‘Zaranda Mitã’, da fotógrafa Flávia Thais da costa, que também é curadora da mostra.
“Zaranda Mitã é uma exposição fotográfica com recém-nascidos inspirada nos personagens das cirandas de Manacapuru”, explicou Flávia.
A fotógrafa é manacapuruense, por isso resolveu mostrar o que de mais expressivo há na cultura de Manacapuru, as cirandas Flor Matizada, Tradicional e Guerreiros Mura. Na exposição os bebês representam alguns personagens dessa dança que, se acredita, tenha surgido em Portugal apesar de zaranda, aportuguesamento de ciranda, seja uma palavra de origem espanhola. Nas fotos estão representados o Carão, a Mãe Benta, o Caçador, Honorato, Manelinho, Galo Bonito, Cupido, Constância, além das três agremiações terem fotos exclusivas.
Zaranda é um instrumento utilizado para peneirar farinha e alguns estudiosos acreditam ter originado a palavra ciranda, enquanto outros acham que ciranda se originou da palavra árabe çarand, cujo significado é enlaçar e tecer algo. Mitã é bebê, em guarani. Daí o nome da exposição, Zaranda Mitã.
Estúdio fotográfico
Flávia é fotógrafa profissional há nove anos, muito embora tenha paixão pelo registro de imagens desde muito nova.
“Em 2013 tive a oportunidade de fotografar o Festival de Cirandas, pelo qual sou perdidamente fanática. Na época eu era assistente de um fotógrafo e como não tinha minha própria câmera, ele me cedeu a dele para eu fazer algumas fotos. Foi a primeira vez que fotografei com uma câmera profissional”, recordou.
“A partir desse dia, todos os anos passei a fotografar o Festival. Somente em 2016 pude comprar minha primeira câmera profissional e passei a fotografar o Festival por conta própria, não mais como assistente. Desde então faço o registro de imagens do maior festival de cirandas do mundo e estou escrevendo um livro contando a história do evento”, completou.
Exemplo de persistência em se atingir um objetivo, atualmente Flávia é uma empreendedora. Montou um estúdio de fotografias, em Manacapuru, se especializando em fotografias infantis e de família, além de gestantes, partos, newborn, acompanhamentos mensais, smash the cakes e aniversários. ‘Zaranda Mitã’ é a primeira exposição que ela organiza e participa como expositora.
“Eu tinha esse projeto guardado desde 2017 e só esse ano, graças a artistas das cirandas e de amigos, consegui executar. O resultado, na minha visão, ficou muito melhor e mais significativo do que o esperado”, garantiu.
Newborn, esse é um dos nichos fotografados por Flávia. Do inglês, significa recém-nascido.
“Aproveitei para destacar um dos segmentos que fotografo em conjunto com a nossa cultura, aqui de Manacapuru, apresentando um trabalho diferente e único”, falou.
Os bebês são todos pequenos manacapuruenses, escolhidos um a um para representar cada personagem.
“Tem um bebê indígena, tem neto de pescador, e por aí vai. A maioria são filhos de famílias que não tem condições de custear um ensaio fotográfico, então presenteei todas as mães com um ensaio completo de newborn, de seus bebês. O projeto ‘Zaranda Mitã’ vai além de uma exposição. Seu outro propósito é viabilizar para essas mães a experiência de ter acesso a esse serviço que, de outra forma, não conseguiriam”, contou.
Apoio de artistas
A exposição consta de nove fotos. Três representando cada uma das agremiações que participam do Festival de Cirandas e outras seis com personagens que fazem parte da dança.
“Começamos a fotografar os bebês em março e terminamos tudo em novembro, pois foi realizada uma etapa de escolha de bebês que se encaixasse nos propósitos do projeto, como por exemplo: a bebê que representa a Guerreiros Mura teria que ser indígena. Foi a primeira a ser procurada. O ensaio foi realizado na própria aldeia dela, a Tururukari-uka. Os demais foram escolhidos na maternidade, com ajuda da enfermeira Daniela Oliveira, que nos dava toda a orientação sobre os bebês que estavam nascendo”, revelou.
Nas suas apresentações, durante o Festival, as três cirandas precisam obrigatoriamente trazer para a arena os personagens retratados por Flávia.
“O projeto contou com a participação de artistas de Manacapuru e de Parintins. Tivemos a honra de ter adereços confeccionados pelo artesão Kiko Chagas, artista manacapuruense que trabalha para a Flor Matizada. De Parintins tivemos a participação dos artistas Carlos Pizano, André Alfaia e Tiago Cruz, que também trabalham na Flor Matizada. Já os artistas Geremias Pantoja e Luiz, que também participaram, são da equipe da Tradicional”, informou.
A exposição ‘Zaranda Mitã’ está disponível para visitação de terça-feira a sábado, das 9h30 às 17h, no Museu de Numismática. A entrada é gratuita.
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