Estão previstos para os próximos cinco anos, investimentos de R$ 17,2 milhões, a serem aplicados em cinco projetos agropecuários no Amazonas, sendo três de implantação e dois de atualização). A maioria está no DAS (Distrito Agropecuário da Suframa), localizado na zona rural de Manaus, Rio Preto da Eva e Presidente Figueiredo. As propostas foram aprovadas durante a última reunião do CAS (Conselho de Administração da Suframa), a 293ª, realizada em 27 de agosto, por videoconferência.
A previsão é que sejam criados 122 novos empregos, entre mão de obra fixa e variável. O destaque vem do projeto de implantação da WR Diniz & Cia, para culturas diversas e unidade de processamento de polpas de frutas, que ocupa área de mil hectares no DAS. Os investimentos previstos para os próximos cinco anos, neste caso, são de R$ 5,6 milhões, e devem ser gerados 73 postos de trabalho no processo, entre mão de obra fixa e variável.
As atividades a serem realizadas abrangem também a silvicultura, como castanha do Brasil e paricá – esta é uma utilizada como solução no reflorestamento e produção de compensado e chapas de MDF. Pimenta do Reino, citricultura, cultivo de açaí, piscicultura, banana, coco, cupuaçu, pastagem, maracujá e abacaxi, também estão na lista.
Outro projeto com andamento em destaque é o Biodarpe (Distrito Bioagroindustrial da Amazônia – Polo Rio Preto da Eva), uma aposta do governo para o fomento à agroindústria e à bioeconomia no Amazonas, que está passando por ajustes técnicos, com vista à aceleração da implantação do empreendimento. A ideia é que a primeira etapa possa acontecer num prazo mais curto, atraindo empresas e proporcionando uma visão para aqueles que queiram vir e se instalar no empreendimento no futuro.
“De acordo com a atualização do projeto, a primeira etapa do Biodarpe envolverá a construção de um centro administrativo para alocar as equipes de implantação do projeto e de atração de negócios”, adiantou o titular da Sedecti (Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jório Veiga. A secretaria é um dos órgãos que coordena a estruturação do projeto. A primeira fase também inclui arruamento principal, com 31 lotes, para que as empresas e investidores possam se instalar.
A ideia é desenvolver as potencialidades de Rio Preto da Eva (a 57 quilômetros de Manaus), na RMM (Região Metropolitana de Manaus), nos segmentos de biojoias, extratos naturais, óleos vegetais, fitoterápicos, cultivo de banana, açaí, laranja, mandioca e outras frutas, criação de suínos, bovinos, aves e peixes, além da pesca natural e movelaria.
Incluído no PRDA (Plano Regional de Desenvolvimento da Amazônia) para o período 2020-2023, o Darpe é uma ação intergovernamental entre o município de Rio Preto da Eva, governo do Estado e governo federal, que se estende por uma rede de órgãos públicos que incluem a Sedecti, além das secretarias de Estado de Produção Rural (Sepror) e Meio Ambiente (Sema), assim como a Ciama (Companhia de Desenvolvimento do Amazonas) e a Suframa ( Superintendência da Zona Franca de Manaus), incluindo ainda instituições de fomento e pesquisa.
“Emprego e renda”
Em recente entrevista ao Jornal do Commercio, o secretário de Produção do Estado, Petrucio Magalhães Júnior, comentou sobre o crescimento da atividade agrícola de maneira sustentável no Amazonas e o avanço do emprego no setor primário de acordo com os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
“Os dados do Caged não surpreendem, pois o setor primário tem sido o retorno para geração de emprego. Temos extrativismo em Tapauá e agroindústria no Abufari, que gera emprego em área de total preservação. No entorno de Manaus, temos uma produção de hortaliças diversificada. Estamos entre as principais aviculturas do Brasil e somos quase autossustentáveis”, declarou.
Segundo o secretário estadual, há espaço para a produção orgânica e há também mercado para a cultura convencional, com uso mais intensivo das tecnologias. Mas, é preciso quebrar paradigmas. “Em Matupi, os produtores nos pediram cursos técnicos, pois precisam contratar e não encontram a mão de obra qualificada. Temos de formar parceria com o Cetam para criar cursos técnicos. Precisamos gerar emprego e renda no interior”, completou.
Sobre a variedade de culturas, o secretário, que é engenheiro agrônomo formado pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas) comenta sobre os vários biomas presentes na Amazônia. “Tem o bioma amazônico no Sul, e o bioma de campos naturais, para o qual o Código Florestal dá um tratamento diferenciado. Pela legislação, 80% de área é legal e só 20% pode ser destinada a produzir. No campo natural, a área é maior porque não tem floresta. Neles temos milhares de hectares de área já antropizadas, que foram utilizadas e estão degradadas”, explanou.
Juta em Manacapuru
O Amazonas é o maior produtor de fibras de juta do Brasil e somente o Manacapuru (a 89 quilômetros de Manaus) é responsável por 40% da produção nacional. É seguido por Anamã, Anori, Careiro, Careiro da Várzea, Caapiranga, Iranduba, Manaquiri, Novo Airão, Beruri, Coari, Codajás, Itacoatiara e Parintins. A alta produtividade em Manacapuru conta com o trabalho de mais de 700 agricultores familiares na região.
A ADS (Agência de Desenvolvimento Sustentável) vem trabalhando uma campanha com uma série de informações e benefícios do governo do Amazonas para o produtor. Entre elas, estão o cadastramento dos beneficiários que receberão o pagamento da subvenção; o anúncio da implantação de uma Unidade de Observação de plantio de malva em terra firme, visando estabelecer índices técnicos de produção de sementes no Amazonas.
Granja aposta em diversificação
A Fazenda São Pedro, produtora de ovos de mesa, possui granja localizada no quilômetro 3 da BR-174 (Manaus-Boa Vista) e produz ração para as próprias as aves. Esta é comercializada para outros produtores também. É líder na região Norte na produção de ovos, com capacidade de produção acima de 600 mil unidades por dia. O empresário Francisco Peixoto desenvolve a atividade há 15 anos no DAS e diz que o objetivo é investir em agropecuária e citricultura para fabricação de suco. O projeto foi aprovado em fevereiro.
Café com certificação
Há 25 anos no agronegócio amazonense, a Fazenda Progresso está instalada em uma área de 1.400 hectares. E, com a união de quatro propriedades, adquiriu uma área grandiosa de produção e cultivo, estimada em 150 hectares. Capaz de produzir mais de 7 milhões de frutos, com total de 900 toneladas, possui estufas de produção de mudas de citrus – laranja, limão, tangerina, banana, abacaxi, mandioca, açaí, goiaba e acerola. O proprietário Cláudio Decares conta que neste ano iniciaram a produção do fruto de café 100% amazonense e certificado, que será comercializado já no primeiro trimestre de 2021.
Agricultura familiar e social
O agricultor Jorge dos Santos faz parte da Associação de Produtores Orgânicos Renascer, iniciativa de 21 famílias de produtores rurais da comunidade Peniel do Areal (a 100 quilômetros de Careiro da Várzea), no Ramal do Miriti. É participante do PAA (Projeto de Aquisição de Alimentos) da Sepror (Secretaria de Produção Rural do Amazonas), que compra a produção de abacaxi para o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) do município. Também produzem macaxeira, rambutã, tucumã, banana, pupunha e outros.
Caprinos e ovinos campeões
Decarlos Zanini é criador de caprinos e ovinos campeões de várias edições das feiras Expoagro e Expovicam no Amazonas. Ele mantém um rebanho de aproximadamente 120 animais na Estância Zanini, localizada no quilômetro 41, da BR-174. O cruzamento genético feito pela estância garante espécies com qualidade para venda local e também para Roraima, Pará e Baixo Amazonas. “A gente faz o cruzamento genético e, quando os animais completam seis meses, já estão prontos. Forneço as matrizes e faço o acompanhamento para quem quiser começar a criar”, relatou.
Líder na criação de suínos
Uma das maiores responsáveis pela suinocultura no Amazonas, com projeto no DAS, é a Fazenda Bela Vista. Localizada em Rio Preto da Eva, na rodovia AM-010, teve inaugurado seu primeiro abatedouro em 2011, com capacidade de abater até 4.500 leitões por ano. Sua carne suína pode ser encontrada nos principais supermercados e açougues de Manaus, além de municípios do entorno. “Nós comercializamos direto, sem atravessador. Fazemos toda a cadeia, desde a logística, até a produção de matrizes”, contou o proprietário, Elias Martins ou “Carlinhos”.
Vocação para o turismo rural
Instalada em Iranduba (a 18 quilômetros de Manaus), a Fazenda Santa Rosa iniciou atividades agrícolas em 1994. Desde então, vem desempenhando processos de melhorias para obter maior produtividade e aproveitamento do agronegócio. A produção da fazenda abastece feiras, mercados, navios estrangeiros, supermercados e grandes hotéis de Manaus. Sua área total de 117 hectares está distribuída entre agricultura (limão, laranja, tangerina, coco e mamão) e piscicultura (tambaqui, pirarucu e a matrinxã). A fazenda recebe visitas e oferece uma programação de educação ambiental.
Reportagem de Fabíola Abess